XVIII

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Eu nunca acreditei em Deus. Quero dizer, você sabe, quando se está numa guerra, você vê pessoas morrendo do seu lado, você acaba imaginando que Deus te abandonou, porém, eu aprendi que não era bem assim. Ainda não tenho fé em Deus, mas acredito nele, de alguma forma.

O carro estava mais ou menos uns 80Km por hora. Atrás de nós, homens de Taker nos seguiam rumo a Michigan. Edward olhava pa janela, sentando confortavelmente sobre o banco do Sedan, com suas armas bem ao seu lado. Por outro lado, eu estava tenso, e o motivo era um: Eliza. Suas roupas, ou melhor, a falta delas me espantava toda vez que eu pensava sobre e, saber que aquilo era culpa minha, me deixava ainda pior. Afastei os pensamentos, me concentrando na estrada.

- O que faremos quando chegarmos em Michigan? - Indaga Edward.

- Procurar.

- Michigan é enorme, não vai dar certo. Temos que ter um plano.

Edward tinha razão mais uma vez. Estávamos tão desesperados que nem plano bolamos, nem tentamos achar Sam para depois ir busca-la. Somos dois idiotas irracionais, porém, não me importo.

- Como o resto do país, Michigan vai estar destruída. Vai ter coreanos em todos os lugares possíveis e, com a morte do Putin, vão querer a sua cabeça e a minha também. - Diz Edward. - Não podemos dar as caras assim.

- E o que pensa em fazer.

- Esse é o problema?

Solto uma risada junto dele. A rodovia passa, enquanto o carro acelera. O clima não estava dos melhores, fazia mais frio que o normal e o sol mal aparecia.

- Ei. - Diz Edward. - Você acha que a Sam está bem?

Suspiro.

-Espero que sim, garoto.

-x-

Ficamos calados por todo o caminho. Minha barriga roncava, mas não havíamos trazido nenhuma comida ou bebida. Em horas, pela parte da tarde, já estávamos em Michigan. Paramos do lado da placa que dava boas vindas a cidade. Descemos e esperarmos os homens de Taker chegarem.

- Vamos a pé. - Eu digo, quando eles chegam. - Venham conosco.

Eles não protestaram, muito menos perguntaram o porque ir a pé, mas era óbvio: se fôssemos de carro, eles nos veriam assim que nós entrarmos. Caminhamos pela rodovia, eu e Edward na frente, e os homens de Taker atrás, cobrindo as costas. Michigan não era uma cidade feia, diferente de onde estávamos, sim, mas não uma cidade feia. Mesmo na Guerra, ainda tinha seu charme. Alcançamos a entrada da cidade, e não demorou muito para as primeiras tropas surgirem. Víamos caminhões, carros, homens, mulheres e até crianças, todas coreanas. Era como se, de alguma forma, uma parte da Coreia estivesse aqui, vivendo uma vida normal. Escondidos atrás de um muro e agachados, Edward parecia chocado.

- Que porra é essa? - Diz ele.

Não consigo responder pois eu mesmo não sei. A bandeira coreana estava no topo de todas as casas e, as que não tinham a bandeira, estavam em destroços. Daqui, eu conseguia ver corpos jogados no chão, todos eles de homens. Em uma casa, bem na frente, havia crianças americanas de joelhos, e um homem apontava sua arma para elas. Prendo a respiração e, em um fração de segundos, ele atira. Não tenho coragem de olhar o resultado.

- O que faremos?

Passo os pela cidade. As casas estão ocupadas, então, só temos alternativa.

- Os prédios.

Edward confirma como a cabeça como se já soubesse o que eu ia dizer.

- Um de vocês vem comigo. - Diz ele. - Vamos brincar de Sniper.

Ele se levanta com cautela e corre até um dos prédios, seguido por dos nossos companheiros. O outro fica comigo. Me levanto e faço sinal para que ele venha comigo. Andamos com cuidado por trás de muros, ouvindo as vozes desprezíveis gritando mais do que falamos. O objetivo era achar a Sam, e eu não tinha ideia por onde começar. Viramos numa rua. Estava vazia e havia caminhões parados na frente de um prédio enorme, o maior da cidade. Meus passos ficavam frouxos a cada um que eu dava. Me abaixei atrás de um caminhão e olhei para a porta do prédio, mirando com a minha arma, se alguém saísse, tomaria bala e eu não me importava com as consequências.

Mas não atirei. Não fiz nenhum movimento. Quando a porta se abriu, vi Sam. Ela Estava com seui cabelo, que antes era verde e azul, agora, todo preto. Uma roupa da cor do exército coreano. Botas pretas e uma arma em sua mão. Seus olhos estavam vagos, como se ela não estivesse ali. Ela parou após sair na calçada, e apontou uma espécie de controle para minha direção. Uma explosão. Mas não era contra mim. Era contra outro prédio. O prédio onde Edward estava.

Guerra Entre MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora