TREZE

3.5K 602 268
                                    

Nathan fora sobressaltado com a visão daquele jovem diante de si. Não podia sequer imaginar que um dia o veria novamente. Ele se punha a pensar, com poucas interrupções, qual poderiam ser os caminhos que os levavam a se reencontrar. Mas como a vida se mostrava ser surpreendente!

— Ian! — O tenente exclamou, com a voz levemente embargada.

Num gesto paternal abraçou o rapaz, que retribuiu com grande apreço.

— Achei que houvesse partido para sempre — o jovem declarou com pesar, somente para o tenente ouvir.

— Por que pensou isso?

— Uma lista com os nomes de militares desaparecidos saiu nos jornais e o seu estava entre os primeiros. — Nathan apertou os lábios ao escutar aquilo e deu leves tapas nas costas do rapaz, naquela atitude buscava a afastar qualquer sombra de emoção.

— Estou vivo! — ele exclamou e distanciou-se do rapaz. — Como veio parar neste vilarejo? — indagou Nathan, procurando desviar o assunto para temas mais alegres.

— Formei-me em medicina, e o Sr. Brown convidou-me para trabalhar com ele — esclareceu a dúvida de Scott, tendo se recomposto de seu breve sentimentalismo.

Angelina aproximou-se dos dois.

— Srta. Jones, permita-me apresentá-la um conhecido de infância. — Scott trouxe, com educação, a sua acompanhante para mais perto.

— É um prazer, senhor. — Ela inclinou-se em respeito ao homem.

— Senhorita. — Ian a reverenciou.

— Ian Turner morou ao lado de minha casa na juventude. Todos os dias, saía para trabalhar junto comigo no conserto das cercas, baias ou qualquer outra coisa que precisasse de mãos masculinas para se reparar — contou o tenente.

— Até o momento em que se alistou e precisou partir, deixando-me sozinho para remendar as brechas dos celeiros e aturar a ignorância de alguns senhores — o médico declarou, com um tom de ironia.

— Tenho por certo que serviu para seu aprendizado — Nathan afirmou, e o amigo apenas consentiu.

— Que demonstração de benevolência da parte do Senhor em fazer amigos se reencontrar — Angelina manifestou-se.

— Certamente! — Scott sorriu. — E veja no homem que meu caro amigo se tornou. Posso relembrar de seus anseios em seguir a carreira de medicina.

— Obtive uma oportunidade e não pude deixar ir — disse o jovem.

— O Senhor tem seus propósitos. — Uma voz feminina com o timbre mais grave pronunciou.

Emily havia enxergado a interação do Sr. Turner e o adorável Sr. Scott. Sem formalidades, aproximou-se para escutar a conversa entre os dois. Ela encontrara uma posição favorável, em relação aos homens de seu interesse. Sentiu uma deleitosa satisfação ao descobrir que ambos eram conhecidos e, não demorou traçar em sua mente os planos para se tornar mais conhecida ao tenente. Ian, que até o momento, não lhe havia sido alvo de admiração, tornou-se mais aprazível. E, sem sua presença ser requisitada, ela exprimiu uma opinião. Os cavalheiros quando a viram inclinaram-se levemente.

— Que bons ventos sopram em Scarborough Fair! — exclamou a menina. — Certamente, tempos de doces encontros.

— Ouso em concordar, Srta. Brown — Ian declarou.

— Conhece-a? — Scott questionou com as sobrancelhas arqueadas.

— Oh, sim! A Srta. Brown é prima do Sr. Josh Brown, meu amigo. Estamos hospedados na residência de seu pai.

Benigna Onde histórias criam vida. Descubra agora