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Larguei meu copo lá na mesa e guiei doida pra varanda. Cheguei com o barraco todo armado, gritaria danada, meu pai já tava lá na rua tirando minha mãe. Minha avó gritando um monte de coisa, meu avô tentando conter lá fora, meu irmão já tinha entrado com a mãe dele e o Dani em pé, tentando conversar com a minha avó, pra que ela se acalmasse.

Eu não me envolvi em nada, deixei gritarem bastante, deixei falarem tudo o que eles achavam. Afinal, na situação toda, tirando o Daniel, eu era a menos envolvida em tudo.

Rose: E você, Viviane. Acobertando putaria do seu pai? — bateu palmas. — Muito bonito. Muito bonito, eu não esperava menos de você, sempre puxou pro lado dele. Nunca me deu valor... — começou a chorar.

Viviane: Ih mãe, que show é esse?! — pus a mão na cintura. — Tem nenhuma putaria aqui não, quem passa pano pra putaria é a senhora. O maior exemplo disso é a sua filha caçula, né?

Rose: Você sempre quer usar sua irmã pra justificar seus erros, suas sujeiras. Não bota mais o pé lá em casa, nunca mais.

Josué: Para com essa porra, Rose! A casa é dela e você sabe bem disso. — ele já tava falando alto. — Não tem putaria nenhuma aqui não, nenhuma. Eu tô conhecendo meu filho, porra!!

Rose: Do nada agora você tem filho? — riu debochada. — E de piranha ainda...

Josué: Para com isso. — tentava acalmá-la. — Em casa a gente conversa.

Minha mãe parecia um monstro gritando na rua, falava um monte de coisa com o meu pai e do nada, gritava chamando a Ana de piranha e dizendo um monte de outras coisas.

Jandira: PIRANHA É VOCÊ, que tirou ele de casa. Sai do meu portão, some daqui, eu nunca mais quero ver a sua cara na minha frente.

Rose: Ah, você dá sorte que tá velha, ridícula. Fica acobertando as patifarias dos filhos, por isso que tá aí, cheia de doença. Quase morrendo...

Eu vi a hora que a vista do meu avô ficou vermelha, ele tomou uma reta em direção a minha mãe, mas por sorte (dela), meu pai entrou na frente, deu um besta solavanco nela, que perdeu até o rumo. Saiu puxando pelo braço, atravessando a rua e mesmo assim, ela não parava de gritar.

Quando não estava falando da Ana, falava de mim, me diminuía, me chamava de marmita de bandido, coisas horríveis.

De onde eu estava conseguia ver e escutar tudo, continuava olhando pra ela, sem esboçar nenhuma reação. Os vizinhos todos vendo aquela cena, eu morrendo de vergonha e vendo todo o carinho que eu ainda tinha por ela, morrer...

Por fim, quando ela parou de gritar, de fazer o show imenso que ela sempre gostou de fazer, virou pro meu pai.

Rose: Me solta, Josué. Se você não vier embora comigo pra casa agora, você pode me esquecer! Esquece família, esquece tudo! — disse limpando as lágrimas e saiu pisando duro.

Em certas situações, eu começo a rir de nervoso e foi isso que aconteceu, do nada. Enquanto eu refletiva sobre o que acabara de ver.

Meu avô me olhando e rindo também, enquanto o Daniel olhava a gente sem entender nada, minha avó bufando, murmurando um monte de coisa. João veio pra fora de novo, olhou pra ver se minha mãe ainda estava, logo depois a Ana veio e meu telefone tocou.

📱Brabo 🖤📱
— Filha?
— Oi, pai.
— Pega minhas coisas aí pra mim, por favor.
— Tá bom.
— Tenho nem cara pra pegar minhas coisas, puta que pariu. O que não tava bom, agora vai piorar.
— Relaxa, pai. Ninguém aqui tá assustado. Já vou pegar as coisas.

FIM DA LIGAÇÃO

Depois disso, com os ânimos mais calmos, a Ana me chamou pra conversar, dizendo que nunca quis separar meus pais, que não quer estragar a família de ninguém e que se arrepende muito de não ter falado do João antes, que poderia ter evitado muitas coisas. Como a cena de hoje...

Eu entendo o lado dela e talvez teria tido a mesma posição, caso meu noivo tivesse me deixado pra ficar com a amante, se a amante fosse barraqueira e fizesse inferno na minha vida. Talvez eu fizesse até pior...

Já era noite quando eles foram embora, eu tava uma pilha de nervos, numa tremedeira sem fim. Fiz a janta dos meus avós e subi pra tomar meu banho, onde eu fiquei por uns 30 minutos, até o Daniel bater na porta.

Bala: Tá tudo bem? — fiz joia. — Dá pra ir aí?

Viviane: Fica de cerimônia não, vem logo! — abri a poetinha de blindex e rapidinho ele chegou.

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