Colegas de Quarto ✔️

v i n t e • e • t r ê s

Quando nos encontramos com o casal, os mesmos já estavam almoçando. Henri nos vê primeiro e acena em nossa direção. Enquanto andamos em direção à mesa, faço o máximo para manter meu pescoço fora da vista das pessoas, botando o cabelo na frente. Olho para Lucas e vejo o mesmo nervoso ajeitando sua camisa de gola alta para tentar esconder os dele. Começo a rir quando chegamos a mesa, e Tina me olha confusa.

—Qual a piada?—pergunta inocentemente.

—Nada—Eu e Lucas respondemos juntos. Logo Henrique começa a rir e se aproxima de Lucas.

—Camisa maneira—diz ele tentando tocar na gola e prendo a respiração, mas o mesmo leva um tapa de Lucas na mão—Calma cara, tava só zoando—fala com as mãos levantadas. Quando ele volta ao seu lugar desistindo, suspiro aliviada.

—E então? Como foi a noite ontem mesmo?—Pergunto curiosa.

—Não lembra não, Mel?—Henri pergunta rindo—Bebedeira foi forte hein. Do meio para o final da festa, quando estávamos brincando de Verdade ou Desafio, Lucas ficou boladão e saiu da mesa para encher a cara. Eu e Tina fomos para pista e você ficou numa reflexão com o garçom virando garrafa.

    —Passei alguma vergonha?—pergunto.

    —Nada anormal. Você em si já é estranha, então não sei o que considera passar vergonha...—diz Henrique zoando e bato em seu braço.

   Conforme os minutos passam, tento me manter na conversa, mas as memórias de ontem começam a voltar aos poucos na minha cabeça. Evito ao máximo olhar para Lucas, com a certeza de que se o ver irei corar, lembrando de seus braços, sua boca, e o trabalho que me deram na noite relembrada aos poucos em minha mente.

Balanço a cabeça para afastar os pensamentos que me invadem sem permissão. Um grande erro, pois nesse momento, meu olhar se encontra com os do moreno a minha frente, que já me encarava. Por sua expressão, é notável que as memórias também o invadem, e a realização só me faz corar ainda mais. Lucas desvia seu olhar primeiro, e logo sinto meu celular vibrar. Quando meu olhar desce para a tela, vejo a notificação.

Lucas 🤡: também lembrou?

    Nesse momento tenho a consciência de que devo estar similar a um pimentão. Sem saber o que responder, ignoro a notificação e tento focar na conversa entre Tina e Henri, mas logo recebo outra mensagem.

Lucas 🤡: Vou aceitar o silêncio como um sim.

Eu: Para com isso.

    Envio e o mesmo deixa escapar uma risada, que não passa despercebida por Henri, e o encara desconfiado.

Eu: Dá para ser menos óbvio?! Não dê mais motivos para eles desconfiarem, já basta o episódio com o meu pescoço hoje no quarto.

Lucas 🤡: Relaxa morena. Henri sabe que você nao é meu tipo 😉.

    Na hora que leio, é a minha vez se soltar uma risada, mas que passa despercebida.

Eu: Não foi o que pareceu ontem à noite. Quer que eu te lembre das coisas que você sussurrava para mim? 🤔.

Envio e espero sua reação com uma sombrancelha levantada. Quando o mesmo lê a mensagem, um tom avermelhado assume suas bochechas, coisa que nunca achei que veria. Logo ele se recupera e começa a digitar.

Lucas 🤡: Mas Henri não sabe disso 😌.

Eu: Então não vai negar?

Lucas 🤡: Negar o que?

Eu: Que eu sou uma puta de uma gostosa?

Mando na brincadeira, e subo meu olhar para encontrar com os seus, esperando ver um sorriso irônico. Porém, o que encontro é uma cara séria, como se estivesse em uma discussão interna. Ele trava seu maxilar e volta a digitar. Logo meu celular vibra novamente.

Lucas 🤡: Por que negaria a verdade?

Quando leio, gelo. O que ele queria com aquilo? A gente não havia concordado em esquecer tudo, para não ter problemas? Encaro a mensagem confusa, sem saber o que responder. Lucas se levanta e fala que iria voltar para o quarto, para descansar. Não sei por quanto tempo fiquei ali, com os olhos vidrados na tela, pensando no que fazer, mas logo sinto uma mão em meu ombro e a voz de Tina invade minha mente.

    —Mel? Tudo bem?—Levanto a cabeça para olhar para a loira com um olhar preocupado em minha frente.

    —Está sim. É só a ressaca—Minto—Acho que vou para o quarto também—digo levantando, decidida a esclarecer as coisas.

•Lucas•

    No meu caminho para o dormitório, faço o máximo para mandar as memórias da noite anterior para longe, mas parece que quanto mais o faço, com maior intensidade elas vem. Tento a tática de Mel e balanço a cabeça, esperando clarear a mente mas nada acontece.

    —Merda!—digo, chutando a lixeira a minha frente. Preciso parar com essa mania.

    Paro, respiro fundo, e sigo para o quarto mais calmo. Mas quando vou fechar a porta, Mel aparece.

    —O que foi aquilo?—pergunta ela, fechando a porta atrás de si.

    —Aquilo o que?—pergunto, mesmo sabendo sobre o que se tratava.

    —A gente não tinha combinado que agiríamos como se nada tivesse acontecido?—pergunta nervosa, passando a mão por seu pescoço.

    —Acontece que não dá para fingir que nada aconteceu quando isso não sai da minha cabeça, Melissa!—digo estressado, andando em sua direção. A mesma começa a recuar, como se tivesse medo da nossa proximidade—Quando acordamos, eu não lembrava. Era fácil fingir que nada se passou—continuo andando em sua direção—Mas agora...—ela se encosta na parede, e me aproximo ainda mais—agora isso não sai da porra da minha mente—sussurro colando nossos corpos, alto o suficiente para ela escutar.

    O silêncio toma conta do lugar, e tudo que se ouve são nossas respirações. Quando a mesma levanta o olhar, não sei o que esperar. A encaro no fundo dos olhos, enquanto espero a mesma dizer algo. Porém nada sai de sua boca, a não ser sua respiração descompassada, que parece acelerar com o tempo.

    No segundo seguinte, meus lábios já estão colados ao dela, suas mãos emaranhadas em meu cabelo, e as minhas em sua nuca. A prenso ainda mais contra a parede, e nossos lábios se descolam. Quando me afasto para olhá-la, me deparo com aqueles olhos esmeralda me encarando, aqueles mesmos olhos que conseguem me levar a loucura em uma fração de segundos.

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Author's note: para quem ta doido pelo hot da noite da boate, espere até o extra 2, que ele é so para isso ;).
Vcs pediram tanto que eu tive que escrever um flashback, não é?