37. Antes só...

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... do que acompanhada do chefe.

Era dia de festa beneficente. Na verdade, era uma semana de festa, porque Liam gostava de começar a comemorar de domingo a domingo. Mas havia alguns contratos muito importantes e sigilosos que tinha que dar conta junto com o responsável do jurídico. Era sempre um protocolo enorme lidar com tecnologias para o governo e toda a burocracia e os acordos lhe cansavam mais do que o normal. E o pior de tudo era que nem podia pedir muita ajuda à Elin, já que ela não tomava conta daqueles processos. Já estava tão acostumado ao trabalho da loira e à presença dela em cada instante da sua vida profissional que era difícil acostumar de novo com o descaso de Christian – mesmo que ele fosse muito competente.

Foi aquele costume inerente que fez com que ligasse para a mulher, pedindo que ela achasse as informações do contrato de um dos fornecedores que tinham fechado naquela semana. Bom, ele precisava sempre passar os dados dos novos fornecedores para Chris e garantir que a empresa fosse vistoriada para fazerem os projetos federais. Estava tão distraído que sequer percebeu o horário avançado e o fato de que até ele devia estar na festa. Mas chegar atrasado era apenas esperado. Estar trabalhando, não.

Quando estava terminando de conferir as informações, ouviu o toque no celular e atendeu apenas para descobrir que Elin tinha ido até o escritório para pegar as informações que tinha pedido. Só avisou que iria buscar pessoalmente e desceu pelo elevador convencional, andando a passos largos até a sala da loira que estava mais iluminada no andar.

Por um momento, Liam estava focado demais em terminar o trabalho o quanto antes para sair da empresa, mas ele até parou os passos rápidos no ato ao observar através do vidro da sala a silhueta da advogada que não estava de modo algum nas roupas sociais com as quais a tinha visto na primeira festa. Ela estava de costas para a entrada, com um vestido azul de cintura marcada que alongava a silhueta feminina. Os cabelos estavam presos num coque frouxo que diferiam bastante dos fios presos ou soltos com que estava acostumado. Ela ajustou a postura depois de colocar a pasta sobre a mesa e atender o celular, o rosto levemente inclinado na direção da porta permitiu que Liam visse a maquiagem leve mas que ressaltava as feições e os olhos claros.

Não soube por quanto tempo deteve os passos, mas foi trazido de volta à situação quando ouviu o comentário num tom infantil encerrando com "sua boba". Quem é que naquela idade ainda chamava alguém de bobo? Sem perceber, acabou sorrindo da cena e voltou a andar a passos largos para chegar na entrada da sala.

Pensou em mil comentários para importunar a advogada sobre o "boba" que tinha ouvido antes. Mas ao parar na porta da sala e observar a expressão de susto dela ao lhe encarar de volta, foi ele que se pegou sem palavras. Ela parecia muito diferente ao vê-la de costas, mas encará-la diretamente daquele jeito... foi uma surpresa.

– L-Liam...?! Não sabia que estava aqui.

Ele ouviu as palavras e pensou em responder, mas não conteve o instinto de olhar a mulher de novo dos pés à cabeça. Aquela era mesmo a sua advogada? Já estava acostumado demais à presença dela todos os dias, como é que ela podia ter lhe surpreendido daquele jeito? Com o modo que a estava encarando, foi até fácil notar o rubor no rosto alvo.

– E-eu... estou com os dados aqui, que pediu. Eh... precisa de mais alguma coisa?

– Não, só isso. – ele respondeu finalmente, entrando na sala para pegar os documentos e ainda ser tomado pelo cheiro inebriante do perfume feminino. Era bem diferente do que ela usava todos os dias também.

– Quer ajuda com isso? Não achei que estaria na empresa... eu podia ter vindo antes e...

– Não precisa, era só uma coisa que eu precisava terminar. E você já está toda arrumada e atrasada pra festa. Sua amiga não está esperando?

Caminhos Errados, Escolhas CertasOnde histórias criam vida. Descubra agora