10. outro lado

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Levi Ackerman


O céu esta azul como sempre, o silêncio da volta para casa continuava o mesmo. O seu novo esquadrão, composto por Eren e seus companheiros, estava mais calmo que o normal. Deveria ser a náusea, mas o olhar de Yeager estava diferente. Um pirralho careca estava deitado na carroça, havia perdido a consciência depois de bater a cabeça em uma luta com um titã. As coisas realmente haviam mudado, mas não podia deixar de considera-los crianças.

Olhou para fora da carroça, onde os jovens que restaram estavam igualmente cabisbaixos. Perderam quase todos os companheiros em dois meses, mas surpreendentemente uma grande quantidade sobreviveu. Ter um titã ao lado de tropa de exploração era de fato um grande adianto, mas mesmo com a muralha fechada os titãs pareciam não ter fim. Precisariam de meses para conseguir limpar tudo a ponto de ser habitável novamente. 

Tornou a olhar para o chão abaixo de si e ouviu uma voz conhecida o chamar.


"Levi!"


Olhou para o seu lado e nada. A voz de Erwin ainda podia ser ouvida em sua cabeça, em seu rosto ainda aparecia em seus pesadelos. Amaldiçoava-o sempre que sentia tais perturbações. Mas tudo isso parecia inevitável.


- Titã anormal a vista!


Ouviu o grito de Hanji ao fundo, aquela mulher parecia ser a mais cansada de todos, mas seguia com a empolgação usual. Talvez fosse por ter todo esse fôlego que Erwin a escolheu como sucessora. 

Todos na carroça inclinaram as cabeças na direção da voz de Hanji, mas por sinal não era um titã de grande risco. A irregularidade no solo mostrava o seu caminho longo. Devia estar se arrastando a anos. As pernas do pequeno titã eram finas e os ossos da costela expressivos. Tinha a cabeça fincada no chão enquanto se arrastava, e parecia altamente determinado balançando aqueles patéticos braços para frente.


Enquanto a carroça se aproximava do corpo do titã. Alguns soldados já desciam de seus cavalos para tratar da situação. Os que estavam na carroça ao lado de Levi voltaram a olhar frente e ignorar a cena, mas o mesmo continuava atento.

Assim que os cavalos passaram pelo corpo do pequeno titã, sua nuca foi cortada. O soldado que o cortou apenas subiu em sua montaria novamente e tornou a cavalgar em direção a muralha Rose. Porém os olhos de Levi continuavam fixos na criatura que começava a esfarelar. Era um homem, ou uma mulher, tanto faz. Mas era alguém. Estavam se esforçando que nem idiotas para matar gente. Não conseguia deixar de ficar revoltado.


O chão abaixo da carroça de madeira havia mudado. O solo que antes era grama havia sido passado para trás e já estavam em uma região pavimentada. A muralha se aproximava. Sentiu os ombros relaxarem levemente, um descanso por enquanto. Haviam roxos em seu corpo causados pela força que o AMT aplicava nele e arranhões em seus braços causados pela forma que usava as espadas. Porém não achava que era um motivo de reclamações. Haviam homens com braços e olhos perdidos. Além da ardência em seus braços ser um lembrete: estava vivo, pelo menos.

Olhou dos dedos calejados para os céus. As aves voavam em direção ao desconhecido, enquanto as nuvens se separavam mudando suas formas. Nada no céu mudou muito desde da primeira vez que saiu do submundo.

O céu azul foi rapidamente substituído pelo teto no túnel cinza. Haviam chegado em casa. A medida que os portões de abriam conseguiam ouvir as palmas dos cidadãos para os receberem. 


"Bando de escória" - pensou o soldado. Não faziam alguns meses que todos os chamavam de gasto do governo e inúteis e agora eram recebidos com palmas. Não deixa de ser irônico. Ouvia os gritos de pessoas chamando o seu nome, porém mantinha o olhar fixo na cabeça machucada do garoto de seus esquadrão. A pior parte era ouvir senhoras chamando por seus filhos, principalmente os que não estavam em vista, os que não voltaram. As coisas realmente haviam mudado.


Depois de alguns minutos de marcha silenciosa até o quartel da tropa de exploração as portas atrás de si finalmente foram fechadas. Estavam em local seguro, pelo menos por agora. Passada toda a adrenalina dos soldados. Começaram-se a ecoar gemidos de dor. Juntamente com a tranquilidade, o ardor das feridas de todos começava a latejar novamente. 


Em poucos segundos a pequena porta que ligava a entrada do quartel, para dentro do estabelecimento foi aberta. De lá saíram cinco médicos, um deles gritando para que todos descessem de onde estavam e se sentassem para ter um exame. Os soldados inconscientes deveriam ser apontados pelos soldados que estavam acordados. Tentou chutar a cabeça de Connie, mas ele realmente havia tido uma contusão. Nada grave, mas precisava de um exame, o garoto já não batia bem da cabeça, deveria ficar pior depois dessa.

Um dos garotos da carroça havia levantado o braço, para sinalizar que ali havia alguém deitado. Levi apenas abaixou a cabeça e fechou os olhos, assim que tirassem o soldado deitado de lá poderia finalmente descansar. De repente ouviu os gritos do mesmo que havia levantado o braço em busca de ajuda. Adicionou um lembrete mental para puni-lo novamente por gritar tanto assim, entretanto, depois de entender o que o soldado estava gritando o capitão franziu as sobrancelhas e olhou para cima.




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Olá!

Nesse capítulo e no próximo as feridas dos soldados são tratadas, e para entender melhor a situação do nosso protagonista (Levi) é uma recomendação que assistam um vídeo, que tem no youtube inclusive, sobre o Aparelho de Movimentação Tridimensional (AMT). Lá explica toda a tração, força, conservação de energia e aceleração centrípeda que é necessária para se mover com o dispositivo. O que vai explicar os machucados que alguém possivelmente vai ter que tratar. Além de expandir o conhecimento heheh.

Um beijo e muito obrigada por todo o apoio!



Comeback | levi ackermanOnde histórias criam vida. Descubra agora