Diamante Trincado » Kim Taehyung

07 | Noite Estrelada

Não foi muito difícil para que Bae Joohyun conseguisse uma consulta para o dia seguinte. Talvez fosse o seu nome, seu poder aquisitivo e status os quais fizeram que a secretária abrisse uma vaga após o expediente.

Contudo, os motivos iam além do que ela esperava, e Joohyun só pode perceber isso quando de fato chegou ao consultório, que continuava no mesmo endereço.

Porque ao entrar pela porta de vidro, pode ver que a secretária era mesma de dez anos atrás, que a reconheceu não apenas pela sua fama, mas também pela adolescente assustada que entrou naquele local na década passada.

Jihyun continuava com o seu sorriso caloroso, mas o tempo não perdoava ninguém, e senhora que antes aparentava ser de meia idade, apresentava já traços de velhice, como a pálpebra caída, um sorriso já não tão brilhante e uma voz um pouco mais rouca.

A sala de espera tinha sofrido algumas modificações, afinal muito tempo tinha se passado, mas Joohyun podia lembrar de que a réplica do quadro "Noite estrelada'' de Van Gogh, ainda estava na mesma parede, que agora estava pintada de bordô, e nao mais de azul.

O chão não era mais o mesmo, pois piso de carpê tinha saído de moda, e agora fora substituído com um assoalho de madeira branca. As cadeiras continuavam quase as mesmas, exceto pela cor do de estofado, que agora era de cor ocre.

Algumas características se foram e outras ficaram, como era corriqueiro da vida. Antigamente, vinha sozinha e hoje... ela tinha a presença de mais quatro garotas, que insistiram em acompanhá-la, pelo menos no primeiro dia.

E Joohyun ficaria mais tempo naquele jogo mental das sete mudanças da sala, mas Annie a chamou para a entrar na sala da doutora Moon. Agora, o jogo seria no consultório, lugar que ela conhecia muito bem, por analisá-lo, do chão ao teto por várias sessões.

Era um pouco estranho, mas a sala de terapia, com o tempo, passou a ser um segundo lar para Bae, já que a doutora Moon era uma exímia profissional, uma das poucas pessoas que tinha confiado durante aquele período, cuidando não só da sua saúde mental, como também tudo que fora possível para que Yang fosse fosse devidamente punido... Contudo a justiça era falha em vários aspectos, mas ainda sim, Joohyun se sentia reconfortada por ter uma aliada adulta em meio aquele caos.

Porque ao contrário do que Joohyun imaginava quando garota, os adultos são resolvem problemas. Eles postergam as resoluções dos mesmos até não aguentar mais. E esse era um ponto que Joohyun descobriu apenas quando atingiu a maioridade.

Era uma adulta, que não agiu diferente dos adultos que a cercavam na sua adolescência, ignorando aquela acusação de assédio, ou ainda tentando apagar a existência daquele ocorrido.

Felizmente seres humanos são diferentes uns dos outros, e a doutora Moon Nari ia na contramão da maioria dos adultos que estavam ao seu redor, e ofereceu uma mão para que Joohyun sucumbisse de vez.

E Joohyun não pode se sentir mais aliviada ao rever a Nari também não tinha mudado em nada desde a última vez que se viram, a recebendo com um sorriso energizante, e estendeu sua mão calorosa para ajudá-la mais uma vez.

O que surpreendeu Joohyun foi que ao se cumprimentarem, a doutora Moon não hesitou em abraçá-la ao invés de apenas se ater ao aperto de mão.

Joohyun era avessa a toques, e sua psicoterapeuta sabia disso. Mas a profissional a profissional a conhecia tão bem, que mesmo depois de anos sem consultá-la, lembrou que Bae era uma pessoa que se comunicava mais com o olhar do que com as palavras.

E seus olhos marejados, naquele momento, imploravam por um ombro amigo, o qual pudessem ser enterradas em paz.

— Bae Joohyun... — A profissional falou sobre seus ombros. — Continua tão linda, exatamente como da última vez que te vi!