Um Pedaço de Mim

Essa cidade vai partir meu coração

   Já passei por tantos lugares, e em todos eles eu me perguntei: de que forma esta cidade quebrará meu coração?
   Andei vendo fotos antigas, dessas que a gente nunca esquece, mesmo quando não se lembra. Elas simplesmente obrigaram meu coração a chorar enquanto convenciam meu cérebro de que nunca nada será tão bom.
   Acho que aviões decolam, e alguns se vão para sempre. A despedida não dói no momento, ela dói cinco minutos depois, quando os abraços e as lágrimas já viraram lembranças, e quando o calor do lugar novo não substitui o calor daquele momento. Ela está doendo agora, nestas palavras sinceras, nessas imagens que desenho na mente e transcrevo para o papel.
   Aquele sorriso espontâneo é o mais sincero e, se reparar, o mais bonito. O abraço mais quente é o inesperado. A lágrima que desce sem querer é a que mais faz soluçar. Os segundos carregam aquilo que horas são incapazes de guardar, e é por isso que prezamos tanto a fotografia. Com o tempo aprendi a apreciar tudo, da árvore mais seca até a mais florida, e percebi que o tempo enfeia apenas aquilo que permitimos (foi isso que essas passageiras cidades me ensinaram).
   Lembranças devem ser bençãos, já que guardam nossos sentimentos bons e ruins, sendo estes nossos valiosos ensinamentos. Elas armazenam minhas despedidas e minhas dores, guardam em mim dor e paixão, e fazem de mim aquilo que sou.
   Aqui, agora, eu digo: esta cidade vai partir meu coração, e eu vou chorar, mas também vou sorrir. Vou me encher de memórias, e vou me tornar mais eu.