IV

16 1 0
                                    

Duas semanas depois.
Eu já estava mais calma, já não sentia mais tanta saudade, acho que a decepção foi tanta, que para mim ele estava morto, tudo que passei com ele, todas as vezes que ele me acusava de estar gostando do melhor amigo dele, o Valério, todas as noites que eu queria conversar e ele preferia jogar. Esse término me ajudou a andar com as próprias pernas.
Eu tenho uma teoria, nenhuma criança aprende a andar sem antes cair, se ela não se machucar ela não vai ter medo da dor, então nunca vai aprender a se esforçar para ficar em pé. Essa foi minha primeira queda.
Numa sexta a noite eu estava em meu notebook usando o Facebook, e um colega, um cara com que uma prima minha havia ficado a uns dois anos, me chamou para conversar.
- Oi quanto tempo.
- olá, tudo bem?
- tudo sim, mas e aí, você ainda é próxima daquela sua prima?
- Tá falando da Fernanda? Sou sim, faz tempo que não a vejo mas nos falamos bastante.
- Pois é,  depois que ela voltou para a cidade dela ela nunca mais falou comigo.
- ah não liga não, ela é isso aí mesmo.
- mas evocê continua namorando?
- Não mais, terminamos.
- mas por quê? Vocês eram um casal para vida toda.
- ah, nem sempre as coisas saem como esperado. É uma chance para ter novas experiências.
Foi nesse exato momento que eu tive a brilhante ideia de chamar ele para sair.
- Ravi, topa sair comigo nesse fim de semana?
- opa, é claro, matar a saudade faz bem.
No dia seguinte, eu estava ansiosa já que fazia um tempo que eu não saia com ninguém diferente, coloquei uma roupa simples, porém não tão simples. Sai de casa, peguei a estrada, e fui ve-lo.

Ravi não chegou as vinte horas em ponto, mas chegou, conversamos de tudo um pouco, rimos e comemos

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Ravi não chegou as vinte horas em ponto, mas chegou, conversamos de tudo um pouco, rimos e comemos. O irritante era quanto ele era charmoso, com aquelas sobrancelhas grossas, aqueles olhos castanhos que mais pareciam duas jabuticabas, aquele corpo magro do tipo que o vento até leva. O jeito que ele falava sobre política, skate, até mesmo jogos, ms faziam ficar fascinada.
Até que ele simplesmente me beijou, foi um beijo doce, meio atrevido, beijo de moleque, mas eu boba como era achei perfeito, diferente do que estava acostumada. A parte que pesou mesmo no fim, foi eu ter lembrado da minha prima, eu não perguntei nada para ela se eu poderia sair com ele  também não sabia qual seria a reação quando contasse para ela.
Na segunda feira depois do ocorrido eu tomei coragem e a resposta dela foi:
- Ele? Pode fazer bom proveito, não achei ele tão interessante assim.
Eu sinceramente esperava gritos, histeria, mas não ela foi até bem compreensiva.
Os dias se passavam é estava chuvoso, para onde eu olhava eu via água caindo do céu, um tempo nublado que não acabava nunca.

Os dias se passavam é estava chuvoso, para onde eu olhava eu via água caindo do céu, um tempo nublado que não acabava nunca

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

As semanas seguintes eram resumidas em estudar, fantasiar sobre minha nova paixão, arrumar casa e dormir. Falar com Valério também fazia parte da rotina, mas não sentia mas tanta firmeza na amizade.
Enquanto Ravi, era altamente atraente, espontâneo, Valério estava cada vez mais adentrando em sua introspecção, eu sentia que era pelo fato de ele estar preferindo a amizade do Tomás. Eu também não estava mais interessada em forçar intimidade com ele, afinal, se ele quisesse proximidade ele mesmo não teria se afastado.
As novas emoções que Ravi me trouxe, me fizeram ver uma nova forma de aproveitar o tempo, o lema dele era sempre: " aproveite esse dia como se não houvesse amanhã". Era o que estava fazendo, saindo da aula para ficar com ele, indo para festas e bebendo, dançando sem me importar com a opinião alheia, vestindo o que eu queria, mesmo que minha mãe não aprovasse o meu novo estilo. Tudo com ele parecia tão fácil.
Na escola Micael me contava sobra a garota que ele estava afim era uma tal de Lívia, as coisas pareciam ótimas, todos pareciam altamente felizes a minha volta, todos os momentos de nossas vidas poderiam ser assim.
Mas nem tudo é eterno. Ao chegar da escola aquele dia minha mãe descobriu que aquele garoto de quem tanto falava não era tão perfeito, para a filhinha dela. Maconha Era uma palavra proibida lá em casa, para ela tudo indicava que ele me levaria para esse caminho também. As palavras da minha mãe me irritavam, ela esperava uma perfeição de mim que só ela desejava.
- Ravena! Ele vai te fazer mal, vai te destruir, você mal terminou um namoro e já está atrás de outro rapaz.
As palavras "namoro", "destruir" "fazer mal", eram inaceitáveis para mim. Como ela poderia saber o que seria bom, se eu mesma não tinha ideia, ela não deveria escolher por mim, queria ter minha própria experiência.
Eu chorei o resto do dia, era um chilique da idade, mas naquele momento era algo sério. Novamente eu tive uma ótima ideia, esperar toda a situação acalmar e nunca mais falar dele novamente. A partir daí, todas as minhas ações viraram um grande segredo, como uma criminosa agindo na calada da noite.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jun 22, 2020 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

O Que Meus Olhos VeemOnde histórias criam vida. Descubra agora