Megan bufou. Respirei fundo antes de deixar a caneta sobre o prontuário e olhar para a morena suada e descabelada em cima da bola de pilates.
- Ficar irritada só piora a sua situação, Megan - Cruzei os braços, vendo-a mexer de um lado para o outro. - O que há com você, afinal?
Ela bufou novamente.
- Eu é quem pergunto - Ela se levantou da bola e eu corri para ajudá-la. Com uma mão no meio de suas costas e outra em seu cotovelo, ajudei-a a se sentar no leito. - Quero que me explique porque não ser quer ser mãe.
Paralisei.
- Você ouviu o que disse ao meu marido? - Engoli em seco. Megan suspirou pesadamente, levando a mão para acariciar seu ventre inchado. - Vou cuidar do seu bebê como se fosse meu. São palavras de uma mãe, sabia? O que não entendo é: como pode dizer palavras de uma mãe, se não quer o seu bebê?
Aquelas palavras doeram mais que uma facada no peito. Depois, me fizeram ferver de raiva.
- William contou a você?
Ela revirou os olhos.
- Ora, mas é claro que contou, Effie! - Megan fez uma careta e esfregou um ponto específico abaixo do umbigo. Ela suspirou antes de se levantar novamente, aceitando minha ajuda para dar alguns passos pelo quarto. - Acha mesmo que ele não me contaria sobre meu afilhado?
Suspirei. Deus, Megan era difícil. E William, digo, Senhorita Fifi Fofoqueira, tinha a ela como uma cabeleireira. E todos sabemos que nossa cabeleireira sabe cada ponta dupla que temos, tanto nos fios quanto na vida.
- Meg, olha...
- Nada de Meg, Effie - Ela ralhou. - Vamos, eu quero saber o motivo.
Respirei fundo, pensando em uma resposta.
Não sei. Essa era a resposta que Megan tanto queria ouvir, mas eu tinha quase certeza de que ganharia um hematoma se dissesse isso a ela.
- Você odeia crianças, é isso? - Ela sugeriu.
Balancei a cabeça.
- Meg, entenda, eu não odeio crianças - Ela ergueu as sobrancelhas. Esperei antes de continuar, procurando as palavras certas.-, só acho que elas deveriam ter pais que as amem.
- Acabou de citar Cristina Yang para mim? - Oh, sim. O que 16 temporadas de Grey's Anatomy não fazem não é mesmo?
- Olha, de onde vem não importa, o que importa é o significado. - Megan segurou na mesinha onde estava o prontuário, apertando os dedos em volta do plástico até que os nós de seus dedos ficassem brancos. - Está doendo muito? Quer que eu chame a doutora Porter?
Ela balançou a mão.
- Não, não, foi só o Benjamin que decidiu aprender a andar de bicicleta antes da hora. - Ela bufou. - Esse menino vai ser o cúmulo da impaciência, senhor. Nem tem nove meses e já quer nascer. Pobre de mim.
- É por isso que não quero ter filhos. - Brinquei, ganhando um olhar raivoso em troca. - Meg, tente me entender, ok?
- Eu não posso entender! - Ela exclamou, arfando em seguida. Ajudei-a a voltar para o leito e se deitar. Meg se acomodou com as mãos sobre a barriga antes de continuar. - Não entendo como matar uma vida pode ser a solução.
Coloquei as mãos na cintura, respirando fundo. Seus olhos castanhos faíscaram em desafio.
- Por quantos anos tomou anticoncepcional? - Ela abriu a boca para responder, mas continuei a falar.- Quantas vezes já tomou chá de canela ou boldo?
Seu cenho se franziu.
- Não é a mesma coisa.
- Ah, esqueça - Deixei as mãos caírem ao lado do corpo. - Olha, Megan, aborto não é uma coisa legal. Sei disso, sou enfermeira de uma maternidade afinal de contas, mas entenda que... - Respirei fundo. - algumas decisões podem ser erradas, na sua opinião, mas podem ser as melhores opções que outra pessoa tem.
- Tirar uma vida é sua melhor opção?
O monitor apitou.
Um grito estrangulado saiu da garganta de Megan. Apertei o botão azul ao lado do leito, correndo para o carrinho de medicamentos do outro lado.
- O que houve? - Genevieve Porter entrou no quarto acompanhada de mais duas médicas.
- A pressão dela subiu.
A doutora colocou as mãos no ventre inchado de Megan.
- Muito bem, preparem a sala de parto. - A doutora pegou a mão de Megan. - Fique calma, Megan. Vamos trazer o seu bebê ao mundo com segurança.
As médicas empurraram o leito para fora do quarto, mas a mão de Megan agarrou a minha. Me aproximei até ficar de frente para seu rosto. Ela retirou a máscara de oxigênio.
- Aprenda a amar, Effie. - Suas palavras soaram fracas antes das médicas a empurrarem para fora.
Foi um capítulo pequeno, eu sei. Mas são 06:15 da manhã e eu tenho EAD daqui a pouco.Espero que tenham gostado do capítulo. Kkkkkkkk Nicoly e Vi estão quase chorando com tantas bombas em tão poucos capítulos, maaas...
Vejo vocês na sexta.
Beijo, beijo.
> Bree
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Aprendendo A Amar ✔
RomanceEffie nunca gostou de crianças. Em sua concepção, crianças traziam apenas despesas, dor de cabeça e muitas, muitas fraldas. A última coisa que ela queria em sua vida era um bebê. Contra todas as suas vontades, agora ela tem um bebê a caminho com ent...