Dois Amores

𝟒𝟎| 𝐏𝐚𝐬𝐬𝐚𝐠𝐞𝐢𝐫𝐚

Camila foi se erguendo lentamente do sofá, sem quebrar nosso contato com os lábios, e segurou nos meus ombros. Puxei-a para se sentar no meu colo enquanto agarrava seu coro cabeludo com uma das mãos. Camila arqueou o corpo quando beijei o lóbulo da sua orelha.

— Você me causa a falsa sensação de que tudo ficará bem, mesmo eu sabendo que não vai. — Ela sussurrou no meu ouvido, me abraçando apertado.

Segurei a barra de sua camiseta e a suspendi pela cabeça, revelando seu sutiã da cor azul escuro.

— Talvez realmente fique... Não sei. — Murmurei. Admirei as belas curvas de Camila com aparente fascinação. Ela era muito linda.

Puxei minha camisa para fora do corpo também, revelando todo meu abdômen. Camila me olhou intensamente e passou os dedos com leveza pelo meu peito em direção às minhas costelas, ainda parecia meio tímida.

— O que é isso? — Ela perguntou com curiosidade, se referindo a pequena tatuagem que havia ali.

Ela era bem pequena, e significativa. Havia feito no auge dos meus vinte e dois anos. Era um passarinho dentro de uma gaiola de ouro, feito numa demonstração de amor por Hailey. O passarinho estava preso porque significava que ele já tinha encontrado seu lugar. De um jeito meio estranho, mas tinha.

Rocei nossos lábios rapidamente e voltei a colocar minha camiseta, estendendo a dela em sua direção. Ainda não estava preparado para fazer aquilo com Camila, era um passo muito importante a se dar.

— Desculpa, Camis. Eu ainda não estou... — Neguei com a cabeça, e ela balançou a cabeça compreensiva enquanto também colocava sua camiseta.

Nós dois ficamos em silêncio por algum tempo. Me levantei para deixar os pratos sujos na cozinha enquanto Camila encarava os créditos do filme passarem na televisão.

— Acho que já vou indo. — Falou assim que voltei à sala. Ela se levantou do sofá, ajeitando sua roupa.

— Fica mais um pouco. — Pedi, segurando uma de suas mãos. Ela me olhou meio em dúvida, estava com o rosto enrubescido. — Por favor... — Acrescentei.

Camila me avaliou por alguns instantes e concordou com a cabeça.

— Você ainda é virgem? — Perguntei. Não queria ser evasivo, mas realmente desejava saber.

Camila estava na varanda, olhando para aquela vista de Nova York inteira, ou pelo menos grande parte dela. Vi uns traços de uma luz alaranjada brilhante, era sinal de que o sol já estava se pondo.

— Não, não sou. — Respondeu dando risada.

— O seu primeiro foi aquele tal de Alex? — Perguntei enquanto me aproximava dela, encostada na grade de proteção.

Camila sorriu.

— Adam. — Corrigiu. Fiz um barulho de tanto faz com a boca. — Sim, foi com ele. — Ela respondeu, e eu surpreendi a nós dois ao ficar carrancudo. — Por acaso está com ciúmes?

— E se eu disser que sim? — Ergui uma das sobrancelhas. Não gostava de imaginar Camila com outra pessoa. — Mas tudo bem, sem estresse, você nunca mais vai vê-lo de novo mesmo. — Retruquei com indiferença.

— E como você pode ter tanta certeza disso? — Provocou.

— Porque se ele sequer tentar se aproximar, eu não vou deixar. — Brinquei. Camila riu e me puxou para um beijo.

— Você não vai pensar assim daqui alguns meses.

— E por que não?

— William, eu sou passageira na sua vida. — Ela respondeu e me olhou de canto de olho.