Em outono as flores caem ( parte 2 )

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Lucas

Hoje é o grande dia. Estou elétrico, a ansiedade tomou conta de mim, já separei meu terno, a camiseta, calça, sapato, tudo, precisa estar tudo perfeito, tem que está. Meu pai ainda não me disse a sua decisão, mas até já imagino qual seja, pelo menos eu tenho a Stella, e o Adam disse que iria para me dar força e que levaria sua nova namorada, Laura, eles já estão juntos há um bom tempo, muito tempo quando se trata de Adam, ela é uma boa garota, bonita, inteligente e faz faculdade de arquitetura, o que até que é uma boa para ele. Organizo a minha pasta com o meu portfólio e dou mais uma olhada para saber se está tudo certo.

"Oi meu amor!!! Só estou mandando mensagem para te desejar parabéns, boa sorte!!! E também para dizer que vai dar tudo certo, daqui a pouco estaremos juntos na galeria, beijos!" -Stella.

Vejo a mensagem e rapidamente a respondo agradecendo, sei que os últimos dias foram meio difíceis, com a recaída dela com a bebida e tudo mais, os problemas com a mãe, mas eu a amo, penso, e percebo que nunca disse isso a ela, que a amo, que sou completamente apaixonado por ela. Saio do quarto e me apresso em comer alguma coisa para não sentir fome depois. Meu pai está sentado trabalhando no computador na sala, e cheio de papéis ao seu lado, descarto mais uma vez a possibilidade de ter ele comigo na minha exposição, me sinto mal, mas evito demonstrar qualquer desapontamento. Como e me sento no sofá, vejo um pouco de tv, não há nada de interessante, porém continuo observando a tela iluminada.

—Você não vai se arrumar? —Diz meu pai no fundo da sala, eu me viro, mas ele está encarando a tela do computador, com o seus óculos de grau e testa franzida de maneira séria.

—O que? —Pergunto.

—Ora o que Lucas! A sua apresentação? Você pretende se arrumar que horas? Não quero que me encha a paciência depois apressado ou com demoras. —Profere ele.

—Ah, é claro, eu já estou indo na verdade, obrigada pai. Digo agradecido e com os olhos marejados. Ele vai, penso comigo mesmo, meu pai vai.

Tomo um banho e faço minha higiene, me arrumo de maneira rápida, mas não desleixada, visto meu terno e finalizo, me olho no espelho, não sou nenhum narciso, mas gosto de estar bem aparentado, ainda mais em um dia especial como esse.

—Pronto?! Digo.

Minha mãe está com um belo vestido, ela é muito bonita, apesar da idade e das marcas da vida, ela tem por volta dos quarenta e poucos, é morena e com olhos castanhos claros marcantes, já meu pai é ao contrário, ele é mais velho que ela e tem cinquenta e pouco, provavelmente um dia ele já deve ter sido bonito e menos ranzinza, a vida tende a deixar algumas pessoas assim. Meu pai entra na sala e está vestido formalmente, como sempre, ele não diz nada, e nem precisa, essa ação já vale mais do que ele poderia me falar.

—Seu irmão quer saber o endereço, eu esqueci qual das galerias era, e você sabe muito bem que Paris é cheia delas. Espero que seja pelo menos uma decente. —Diz ele.

—Eu vou mandar pra ele por mensagem. —Respondo.

—Faça isso.
—Podemos ir na frente por enquanto? —Pergunto.

—De certo que sim. Não quero me atrasar. —Responde ele.

—Parabéns meu filho. —Sussurra a minha mãe em meu ouvido.

—Aquela sua namorada vai Lucas? —Pergunta meu pai.

—Vai sim, e o nome dela é Stella.

—Que seja!

Só espero que ele goste dela, que eles gostem, apesar da personalidade calma e do jeito de esposa devota da minha mãe, sei que ela também pode ser bastante arredia. Ao chegarmos, já avisto Pierre, apresento ele aos meus pais e eu fico contente pelo meu pai não ter feito nenhum comentário grosseiro ou sarcástico, na realidade ele foi muito educado, mal consigo disfarçar a felicidade e o sorriso estampado no meu rosto. Stella também já havia chegado e estava ao fundo da galeria.

E se a chuva cair?Onde histórias criam vida. Descubra agora