Ao término de sua última e decisiva batalha contra Naruto no Vale do Fim, Sasuke perdeu seu braço esquerdo e admitiu sua derrota para o melhor amigo. Encerrou-se ali um ciclo de ódio que o acompanhou através de muitas vidas e causou dezenas de guerr...
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A NEVE TINHA VOLTADO A CAIR no país do Ferro. Flocos felpudos e brancos constantemente varridos por um vento frio impetuoso. No topo achatado de uma curiosa formação rochosa, três montanhas gêmeas se encontravam, cada qual apontando para uma direção diferente. A neve forrava-as como um cobertor gelado, e o gelo a decorava com gigantescos pingentes que pendiam dos seus cumes denteados de forma a se assemelharem às mandíbulas de três feras raivosas. Por isso, eram chamadas de Montanhas Três Lobos.
E era este o cenário de uma batalha de vida e morte, uma batalha de proporções devastadoras. De um lado, havia o Chikage, quem havia guiado nos últimos anos todo o país do Sangue numa sangrenta empreitada que buscava tanto libertação quanto vingança, além daqueles que o seguiriam lealmente até o fim, sacrificando-se em nome da ambição que o regia.
Do outro, havia dois Kages, líderes militares de duas grandes nações — Fogo e Água —, e dois Shinobis leais de Konohagakure, dentre eles o homem mais inteligente. Mas, à frente deles, havia uma figura solitária, um homem de olhos desiguais, feições elegantes e harmoniosas e uma determinação pétrea regendo-o: a de voltar para o lugar ao qual pertencia e para as pessoas que amava.
Nada ficaria no seu caminho, Sasuke já se decidira muito antes de haver empunhado aquela espada contra o Chikage pela primeira vez. Haveria de derrotá-lo nem que para isso tivesse de recorrer a todo o seu poder.
No crepúsculo invernal, de um céu escuro e nuvioso, seus olhos queimavam de fúria ao encararem o seu adversário. Do outro lado do campo de batalha, Kazuma bradou acima do vento:
— Continua prepotente mesmo depois de ter visto um pouco do meu poder.
— Não há prepotência quando se constata o óbvio — Sasuke replicou com naturalidade. — Você está longe de representar a maior ameaça que já enfrentei, nesta vida ou em outras, neste mundo ou em outros. Você não é tão poderoso quanto imagina, é apenas um covarde com um poder de interferir na vida de outras pessoas.
Kazuma disfarçou o orgulho ferido com um torcer dos lábios, avertendo o olhar.
— Terei você de joelhos e implorando por misericórdia ao final dessa batalha, Uchiha Sasuke.
Sasuke desdenhou com um meio sorriso, seu olhar não vacilava.
— Hm. Então venha! — desafiou-o.
Kazuma empunhou duas kunais, ignorou as advertências de Hatori e dos gêmeos, e lançou-se num ataque impensado contra Sasuke, movido apenas pela sua fúria e por sua vontade de derrotá-lo a qualquer custo. Sasuke também não desperdiçou mais tempo: correu de encontro a ele de espada em riste, pronto para confrontá-lo.
Eles colidiram no centro do cume, as armas cruzadas, os pés afundados na neve. Colocavam força nos braços a fim de tentar empurrar o adversário e ganhar terreno por menor que fosse. Kazuma podia estar com raiva devido aos insultos que ouvira, mas Sasuke era o mais motivado dos dois — além do mais veloz. Não foi surpresa quando Sasuke apartou os golpes das kunais de Kazuma com a sua espada, volteou-o numa finta e baixou o braço num golpe perfeito contra as costas dele, rasgando tecido e pele num corte diagonal que ia desde a lombar até as omoplatas do homem.
Kazuma tropeçou momentaneamente desequilibrado, um gemido de dor preso nos lábios pelo corte profundo que Sasuke abrira nas suas costas.
— Chikage-sama! — Hatori gritou pelo seu líder e agiu imediatamente.
Suas mãos formaram selos depressa, o chakra dele se expandiu e então algo estranho aconteceu bem diante dos olhos de Sasuke: o ferimento nas costas de Kazuma desapareceu num piscar de olhos. Mas Hatori curvou-se na neve, por pouco não conseguindo segurar o gemido de dor que lhe escapou da boca.
Sasuke se virou, aturdido. Os gêmeos decidiram que era hora de agir depois disso. Moveram-se em sincronia pelo campo de batalha, copiando os passos um do outro. Correram na direção de Sasuke, mas foram impedidos de se aproximar pelo jorro abundante de um líquido espesso e claro que caiu sobre a neve e a derreteu de imediato.
Os irmãos se assustaram, detendo-se no mesmo instante. Sasuke olhou para cima e encontrou o olhar cúmplice de Sakura. O cabelo dela esvoaçava ao vento e formava um halo rosa pálido ao redor do seu rosto alvo. O jorro de ácido de Katsuyu dividiu o campo de batalha, corroendo a neve e chegando ao solo rochoso que havia por baixo; fumaça branca erguia-se do líquido espesso e corrosivo, uma clara advertência para os gêmeos se manterem afastados de Sasuke.
Os demais Shinobis de Chigakure também se moveram, avançando todos de uma vez contra o pequeno grupo em cima da cabeça gigante da lesma. Sakura saltou dela para o solo, pousando como uma felina diante dos gêmeos. O Mizukage imitou-a, pegando no cabo duplo de sua espada e erguendo-a diante do corpo em seguida.
— Lembrem-se disso — Sakura advertiu-os: — Ele não está sozinho nessa batalha.
Sasuke não conteve o meio sorriso ao ouvir as palavras dela.
— Mizukage-sama — ela convocou seu aliado —, por favor, fique ao meu lado!
— Hai, Hokage-sama! — ele anuiu prestativamente.
— Chouji, Shikamaru! — Daquela vez, ela chamou pela dupla, que saltou de cima da cabeça da lesma para pousar em meio à neve tal como fizera antes. — Por favor, cuidem do terceiro membro da Guarda Escarlate. Pelo que estou vendo — Sakura estreitou os olhos —, será crucial que o derrotemos primeiro para que Sasuke-kun obtenha uma vitória sobre o Chikage.
— Não precisa nem pedir por isso, Hokage-sama — Shikamaru murmurou.
— Ótimo, o Mizukage-sama e eu cuidaremos dos gêmeos — ela determinou.
Em resposta a isso, os irmãos se entreolharam e avançaram alguns poucos passos cuidadosamente. O vento soprou intempestivo no cume das montanhas, varreu a neve aos pés de Sakura, erguendo-a num torvelinho alvo. Os adversários estudaram-se, tentando antecipar quais movimentos fariam e quem os faria primeiro. O tempo correu mais devagar para eles, até mesmo chegou a paralisar-se por alguns instantes, momentos antes que os quatro avançassem ao mesmo tempo, correndo na direção uns dos outros.
Os gêmeos realizaram selos de mãos e reuniram seus chakras para a técnica que executariam.
— Mizukage-sama! — Sakura alertou seu aliado para a iminência do ataque.
— Hai! — ele respondeu mecanicamente, tão preparado quanto ela para o ataque.
Quando os gêmeos finalizaram os selos de mãos, conclamaram o jutsu simultaneamente, numa só voz:
—Hyōton: Hissatsu Hyōsō!
Imensas estacas de gelo brotaram do solo, emergindo da neve como lanças azuis diamantinas. Sakura e o Mizukage esquivaram-se, alterando as suas trajetórias para correr em ziguezague.