POV. Nairobi
Como o Professor disse ontem, hoje ele está a ensinar-nos a extrair balas e anatomia usando o Rio como boneco.
Ouço com atenção as explicações do Professor.
- Espera lá. Tu queres que aprendemos medicina assim? Com 2 canetas? - Pergunta o Denver.
- Se algum de vocês leva um tiro, não poderá ir a um hospital. Terão de a extrair dentro da casa da moeda - Explica o Professor
- Vai ser a porra de um suicídio - Diz o Denver.
- Cala-te lá! - Pede o Moscou.
- Uma coisa é estarmos aí dentro outra é que nos matem - Protesta o Denver
- Denver! - Repreende-o o Berlim. - Estamos a pedir que aprendas a extrair uma bala.
- Não é assim tão difícil. Pegar na pinça e tirar a bala sem fazer merda - Entro na conversa.
- Sem fazer mais merda que um tiro... Se eu levar um tiro, levem-me a um hospital - Ele é interrompido pelo Professor.
- A resposta é não! - Diz o Professor, cansado da teimosia do Denver.
- Prefiro estar coxa e livre do que saudável e presa - Diz a Tóquio.
- Ninguém sairá! - Diz o Professor acabando de marcar as veias e olhando para nós. - Cada um de vocês é uma pista que eles podem usar. Portanto, se alguém quiser desistir, agora é o momento.
Ficamos todos em silêncio e o Denver aceita o que o Professor disse.
- Ainda vai demorar muito? - Pergunta o Rio, ainda deitado aí. - Estou a começar a ficar com o "coisinho" como o do Helsinque - Ele ri.
- O quê que dizes do meu "coisinho"? - Ralha o Helsinque e todos rimos às gargalhadas, exceto o Professor que revira os olhos.
- Querem ver o meu "coisinho"? - A Tóquio ainda demora um pouco, mas lá se recupera e para de rir, limpando umas lágrimas que tinham caído.
- Agora outro - Diz o Professor e o Rio levanta-se e veste a t-shirt.
Vejo que ninguém se oferece e vou eu. Sento-me na mesa e recebo uns comentários dos outros.
- Não é nada.
Tiro a camisa e recebo uns assobios e peço ao Professor para pegar na minha camisa.
- Que sexy! - Diz a Tóquio e deito-me.
- Agora tu! - O de óculos dá a caneta à Tóquio. - Quero ver o que aprendeste.
A Tóquio aceita a caneta e começa a mostrar o que aprendeu e tento ver os desenhos no meu corpo, sentindo a caneta passando pelo mesmo.
Ela começa a descer com a caneta até às minhas calças, onde vejo que ela para, olhando e estranho.
Ela pega nas calças e eu bato-lhe na mão.
- Mas o quê que estás a fazer?
- Eeeee! - Ela faz som para me acalmar.
- O que se passa? - Pergunta o Berlim enquanto me levanto da mesa.
- Que estás a fazer? Aonde vais? - Pergunto e ela pede para me acalmar.
- O que é que estás a ver? - Perguntou
- Não, não, não! - Digo. - Eu faço-te comeres esse marcador.
- Mas o quê que se passa? - Pergunta o Professor, chateado.
- O que se passa é que ela é um bocadinho "lésbica". Eu não sei o que ela estava a ver - Digo irritada.
Ouço risadas dos outros e nós estamos cara a cara.
- A lésbica és tu. Eu vi como ficaste aí em baixo - Diz a Tóquio.
- Como fiquei aí em baixo!? - Digo indignada indo para cima dela se o Berlim não tivesse me segurando.
E, assim começou a nossa amizade.
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Ouço alguém bater à porta do meu quarto e vou abrir.
- Que raio é que queres? - Digo ao ver a garota de cabelo curto à minha frente.
- Eu vi isso aí e chamou-me a atenção - Diz ela.
- Ok. Perdoada. Tchau - Fecho a porta e sento-me na cama.
Ela abre a porta e entra.
- O que estás a fazer? Queres bazar que não quero falar - Pergunto.
Ela aproxima-se e senta-se na minha cama à minha frente.
- Quantos anos tem? O teu filho. Ou filha - Diz ela e suspiro.
- Sete - Dou de ombros aconchegando-me com os lençóis.
- E como se chama? Onde é que ele está? Com o pai?
- Com o seu pai não. Não se sabe nada do pai.
- Como se chama?
- Axel - Respondo sorrindo. - Que significa Machado como a mãe. Aquele miúdo é um sobrevivente. Com 3 anos, tive de o levar da casa da minha mãe, porque o seu marido lhe dava anís quando eu não estava, porque não aguentava que ele chorasse - Começo a contar-lhe sobre o Axel.
- Um dia, tive de ir buscar umas pastilhas para vender. Eram só 5 minutos. 5 minutos - Digo com os olhos brilhantes das lágrimas que estou a aguentar.
- Ele adorava o Spider Man e só me chateava com isso. A porra do Spider Man. Dizia que queria ser um superheroi e escalava. Escalava tudo que nem vias.
- Sai de casa, ele pegou numa cadeira, subiu a cadeira e começou "Mamã! Mamã!" - Vejo a Tóquio com a mão na boca sem acreditar na história.
- 5 minutos depois, eu tinha ali a polícia, - Engasgo-me um pouco com um soluço. - os bombeiros. Apanharam-me com as pastilhas, com antecedentes e o meu filho começou a passar de família em família - Digo encarando a Tóquio com algumas lágrimas nos olhos.
Respiro fundo.
- E quando saí da prisão, - Digo noutro tom mais de raiva. - nada. Não me o deram, mas sei onde está, hein?
- Está nas Canárias. Está com uma família que tem um hotel. Está bem.
- Vais o buscar? - Pergunta a Tóquio.
- Vou levá-lo comigo. Ao outro lado do mundo - Digo com os olhos brilhantes.
- De todos os planos que as pessoas têm aqui, o teu é sem dúvida o melhor - Sorrio.
- Vou te dizer uma coisa também. Gostas de tequila? - Pergunta a Tóquio e arregalo os olhos com a garrafa de tequila que ela mete na minha cama.
Começámos a beber uns copos e a dançar com a música que está a dar. Perco a conta dos copos e só me deixo levar pela dança.
O Professor aparece à porta de Pijama batendo na porta. Olhamos para ele.
- São 4 da manhã. Amanhã temos aulas sobre explosivos plásticos. Seria muito bom se tivessem descansadas.... - Diz ele. - Vão para a cama.
- Nós 3 na cama? - Pergunto.
- Cada um na sua - Diz ele.
- Fica-te muito bem esse pijama, Professor - Diz a Tóquio e rimo-nos.
- Agora! - Diz o Professor antes de ir embora e eu e a Tóquio caímos no riso.
Eu e a Tóquio tentamos falar, mas não conseguimos falar pelo riso. Tiro o casaco.
- Este homem é gato para caralho - Digo com o álcool a escorrer nas minhas veias.
- Não se nota nada - Diz a Tóquio.
- Não se nota? Ele que note - Digo eu.
Entre risadas e gargalhadas, caio na cama rindo.
Bom, como este capítulo só teve cena da série, irei postar mais um, mas os capítulos não sairão aos pares, ok?
Se puderem, comentem o que estão a achar e algumas teorias que adoraria saber o que acham que vai acontecer.
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Berlobi: Love Story [PORTUGUÊS]
RandomÁgata Jiménez, uma mulher com um passado difícil conhece um homem que lhe oferece uma proposta de trabalho incrível: um assalto à casa da Moeda para fazerem 2,4 mil milhões de euros. Existem 3 regras simples: nada de nomes, nada de perguntas pessoai...