Não foi muito difícil convencer minha tia para ir comigo me ensinar todo os afazeres na casa do senhor viúvo, além de ganhar uma grana extra ainda ficava o dia todo pertinho do seu marido o tio Diocleciano, que ainda continuava com a reforma.
Chegamos lá cedinho e lá estava ele sentado no sofá lendo o seu maldito jornal.
Mas a minha tia era muito experiente e me disse.
__. Não precisa ir lá, já vamos fazer o café, e foi me mostrando tudo como fazia, na verdade ela só me dizia e eu ia fazendo quando eu errava ela me corrigia severamente.
__. Não é assim, é assim. E assim colocamos o café na mesa e ela o chamou.
__Bom dia o café está pronto, como é mesmo o nome do senhor?
Ele levantou-se largando o jornal em cima do sofá deixando este sentado em seu lugar, dizendo alto.
__Bom dia, eu me chamo Mário Joaquim mais todos me chamam de Kim. Eu não aguentei e soltei uma risada ali mesmo na frente dele, e não conseguia parar de rir, até minha tia ria também, deixando ele sem jeito perguntando.
__. Qual é a graça?
__. É que ela se chama Maria Joaquina, minha tia respondeu, nessa hora até ele riu.
__serio? Ele falou e eu ainda sem me desfazer do riso falei.
__. Mais todos me chamam de Nena.
__Hum, foi tudo que ele me disse, sentando-se a mesa para tomar seu desjejum que minha tia havia me ensinado a fazer.
Bom eu não sei se foi a coincidência dos nomes ou se ele gostou de mim dos meus serviços só sei que fui contratada, mais era uma correria, ele tinha um escritório de advocacia no centro da cidade então na parte da manhã eu ia com ele, fazia toda a limpeza do escritório, fazia café, e atendia alguns telefonemas anotando os recados, à tarde eu ficava por conta da limpeza da casa, ele contratou minha tia como cozinheira.
Foi muito difícil porque como minha tia, então, ela se achava no direito de dizer o que eu tinha que fazer toda hora, e me enchia a paciência gritando comigo, como se eu fosse uma idiota surda.... Mais era... menos surda.
A Primeira semana não foi nada fácil, até que eu consegui me adaptar com aqueles telefonemas no escritório, e aprendendo organizar a casa com minha tia me dando ordens, tive muita vontade de desistir, mas.... Minha tia ia para casa à noite eu não, trabalhava até as forças acabarem, e os dias voaram.
Era domingo à tarde quando o carro preto parou em frente da casa, descendo deste, duas meninas lindas de cabelos castanhos claros escorrendo pelos ombros bem vestidas, e uma senhora muito bem apresentável, apesar das marcas do tempo registradas na sua face.
Ele as recebeu com um abraço forte e lagrimas nos olhos como quem não se viam a muito tempo.
Perguntando admirado. __Mamãe você veio? __ pensei que as meninas vinham sozinhas com seu motorista, ele falava abraçando a senhora que deduzi ser sua mãe. Depois abraçou as meninas que choravam junto com ele, por fim ele me apresentou:
__Essa é Nena ela que vai ficar aqui com vocês, espero que se deem bem, porque não é nada fácil arrumar alguém que queira trabalhar por aqui.
__. Mais também o senhor quer morar na roça. Uma das meninas falou e a outra completou:
__E ainda temos que vir junto. Eu sentia o quanto elas não estavam felizes, mas... não sabia da história dele, sabia apenas que era viúvo, e para mim quando é viúvo é porque o outro havia morrido, então olhava aquelas duas quase jovens com tristeza, sendo elas tão novas já sem mãe, eu não me imaginava em tal situação e olha que eram quase da minha idade eu tinha um pouquinho só a mais. Apesar do raro amor materno, eu não queria ficar órfão dele tão cedo.
Não ouvi mais o que eles conversaram porque por um bom tempo ficaram no quarto do senhor conversando. Enquanto eu preparava uma mesa de lanche para eles. E quando finalmente sentaram-se a mesa para comer eu fui me retirando, assim como um cão que se esconde quando seu dono vai comer, mais ele me disse:
__. Onde você vai? __. Sente-se aqui, coma com a gente, afinal você vai ficar o tempo todo com as meninas exceto quando elas estiverem na escola, então é melhor ir se acostumando.
Sentei-me a mesa juntamente com a família como um robô atrevido que não pode se mexer. O motorista da senhora que eu ainda não sabia seu nome, de nem um dos dois, estava sentado à mesa e me olhava meio cabreiro.
Aquele não fora o pior dia da minha vida naquela casa, as meninas eram duas adoráveis criaturas e nos demos bem logo de cara, o problema começou na segunda feira pela manhã, quando eu fiquei sabendo da minha rotina.
Na parte da manhã eu tinha quer ir com ele e as meninas para a cidade, elas iam para o colégio e eu com ele para o escritório, à tarde em casa eu arrumava toda a confusão que minha tia fazia questão de deixar. A louça ficava suja desde o café da manhã até a hora que ela ia embora, eu trabalhava até tarde da noite para deixar tudo impecável, se ela achasse um copo fora do lugar era uma gritaria.
A primeira semana foi fácil de levar afinal a mãe do Dr. Kim D. Dirce ficou por lá durante toda esta, o problema começou quando ela foi embora, minha tia fazia questão de viver me gritando.
__N E N A A A A. Aquilo parecia incomodar as meninas, principalmente a mais velha das duas, a Ana Luiza, que eu a chamava carinhosamente de Ana, várias vezes pude perceber Ana tampado os ouvidos.
Eu não sei se era por ciúmes já que eu e as meninas nos dávamos muito bem e até o senhor viúvo também me tratava com uma certa... digamos consideração.
Me levaram para a rua me deram coisas de presente, tipo roupas sapatos e isso deixou ela arretada.
Mais o pior aconteceu depois do primeiro mês, quando Dr. Kim pagou meu primeiro salário, eu guardei em uma gaveta no meu quarto. É, eu tinha um quarto pequeno ficava empresado entre o das meninas e o dele, apesar deste ficar mais tempo em outro quarto grande lá no final da casa, em uma lateral do muro grande ele construiu um quarto comprido, dividido em dois, em uma parte tinha uma cama onde ele repousava quando estava cansado, e na outra parte era o escritório, ele trazia muita coisa para fazer lá e nos finais de semana se trancava por lá, quase o dia todo.
__Tia a senhora pegou dinheiro aqui? Perguntei vendo que estava faltando metade do que ele havia me pagado, as meninas não foram, saímos todos juntos, ficando em casa somente ela.
__. Peguei, metade do que você recebe é meu por direito, fui eu quem arrumou isso aqui para você.
__Tia! Do céu! __ a senhora sabe que meu pai precisa de remédios tia.
__. Mais você não vai gastar isso tudo com seu pai? e depois ele está aposentado.
__Tia não faça isso por favor me devolva esse dinheiro, você sabe da situação lá de casa, a senhora e o tio trabalha, e nem tem filhos isso é olho gordo.
__Para de fazer drama menina, esse dinheiro é meu, se vira com o restante. __E olhe todo mês você vai me dar a metade, ai de você se não me der.
__Tia onde já se viu isso eu trabalho e tenho que te dar o dinheiro?
__. Mais foi eu que arrumei para você trabalhar aqui é justo.
Não houve jeito e minha tia levou metade do que eu recebi, e ainda continuava com o seu berreiro.