Eu sou lésbica e sei disso desde que eu tinha 12 anos e me apaixonei por uma menina que estudava comigo. Nós ficamos sozinhas afastadas de todos os alunos que jogavam futebol e das meninas que jogavam vôlei, ela me ofereceu um pedaço do seu pão doce coberto com creme de leite e coco, eu mordi e depois disse que queria beijá-la. Pois é, pra alguém que nunca havia beijado eu era bem atirada.
O mais engraçado foi o que ela disse depois aquele sonoro eca acompanhado de uma careta de nojo. Ela levantou na sua roupa de ginástica, short vermelho acima do joelho e blusa branca com colarinho vermelho. Nunca mais fala comigo, ela disse antes de sair correndo.
Depois disso é claro que eu evitei dizer as meninas que queria beijá-las, e no vestiário eu evitava ficar olhando de mais.
O que estou tentando dizer é que poucas pessoas sabem que sou lésbica, aliás o Sai que é gay e meu único amigo é o único que sabe e tirando ele restam as meninas que eu já fiquei, mas elas não contam já que normalmente eu nunca tenho nada sério com nenhuma delas.
Então voltamos para a cena atual em que a minha mãe recém separada, depois de beber todas decide que é uma boa ideia ela voltar para a cidade natal dela com o argumento lunático de que vai ser bom para se reencontrar, que ela precisa se conhecer novamente e toda essa baboseira.
É claro que eu disse, mãe se esse é o caso por que não vai em um SPA ou coisa assim? E o mais importante por que eu tenho que ir junto?
Minha mãe conheceu o meu pai na cidade natal dela, uma cidade pequena e sem muito o que fazer, mas desde que eu nasci moro no Japão estou acostumada com o movimento, com as baladas, com a possibilidade de manter a minha segunda vida segura e a salvo.
Dona Mebuki não sabe que sou lésbica a verdade é que eu estava planejando dizer isso a ela, mas o meu pai foi embora e minha mãe caiu numa fossa sem fim, por isso guardei essa informação para quando ela não estiver tão louca e triste.
— Mãe tem certeza que é uma boa ideia viajar agora? Você sabe que eu vou perder as aulas e provavelmente o ano.
Ela jogou nossas malas no carro, parecia tão ansiosa e em outro mundo que talvez ela nem tivesse escutado o que eu disse.
— Não pretendo ficar mais que um mês lá querida, e eu já notifiquei a sua escola disse que precisávamos velar uma tia e que ficaríamos em Konoha para resolvermos os demais assuntos.
De trás do volante ela ligou a chave e o carro ganhou vida, quando me sentei no banco ao seu lado ela pisou no acelerador mais fundo do que eu julgava necessário.
— Então você mentiu.
Seus ombros levantaram indicando a sua indiferença em relação a isso. Não sei o que ela estava procurando nessa tal Konoha, mas espero que ela seja capaz de encontrar. Lembro de como mamãe era quando o papai ainda estava com a gente, seus cabelos longos estavam sempre soltos e brilhantes e ela sempre usava vestidos floridos que a faziam parecer com uma linda mulher dos anos 60.
Agora seu cabelo vivia preso enrolado de qualquer jeito, e sua calça jeans estava frouxa as sapatilhas bege nos pés também não ajudava muito.
— Você vai adorar Konoha querida! Tenho certeza que sim.
Eu não disse nada, coloquei os fones de ouvido e me distraí com a música e com a mensagem de Sai.
“ O que aconteceu?”
“ Estamos indo para Konoha”
“Droga Saky! Por que você deixou isso acontecer? Deveria ter dito que ficaria comigo o seu amigo responsável e equilibrado.”
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A-Do-le-ta
RomanceSakura tem que acompanhar sua mãe, Dona Mebuki, divorciada recentemente até uma cidade do interior bem diferente do que Tóquio costuma ser. A primeira impressão que Sakura tem sobre a cidade é que ela é morta e pré histórica, de fato achar alguma co...