Mestre e Aprendiz - Contos Katasu

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Boa leitura

Quando a areia dourada se dispersou Karasu se viu em um mosteiro no alto de uma grande montanha, construído a beira de um precipício, o lugar era tão auto que as nuvens caminhavam abaixo deles, como se estivessem em uma ilha em um mar de nuvens.

-Venha, precisa tomar um banho antes de si alimentar. E não toque em nada antes de ter lavado bem essas mãos. -Alertava o velho monge que caminhava para dentro do templo com Karasu indo logo atrás.

Por dentro tudo era grandioso e luxuoso. Pilates com figuras de dragões sustentavam o teto ornamentado, todas as paredes possuíam pinturas delicadas ilustrando a paisagens do império, grupos de monges rezando diante do sol, e grandes guerreiros samurais lutando contra criaturas sombrias. Era tão belo e detalhado que só poderiam ter sido pintados a mão por grandes artistas.

O piso possuía uma coloração esverdeada e brilhava tanto que pareciam ser feitos da mais pura jade, imitando um lago sem ondulações. Foi em seu reflexo no chão que Karasu viu pela primeirao quão magro estava, quão seus ossos estavam aparentes e seu cabelo mal tratado. Para alguém que se orgulhava tanto de sua aparência aquele foi um tremendo choque, mas nada se comparava aos seus novos olhos vermelhos emoldurados por olheiras negras e profundas, destacando ainda mais o vermelho cintilante de sua íris.

Assustado Karasu deixou de ouvir os vários avisos e resmungos do velho monge, algo que ele já não estava prestando muito atenção, maravilhado com o luxo e a grandiosidade do templo, tão fora do que um simples agricultor conhecia. Karasu olhou para os lados e encontrou um grande espelho emoldurado por ouro, assim pode ver me melhor como sua pele estava pálida e sem vida, quase como a de um cadáver, mas o que tinha chamado mais sua atenção ainda eram seus novos olhos vermelhos.

-E eu espero que você tenha ouvido tudo o que eu disse, não irei tolerar perguntas ou muito menos repetir o que já disse. Se tem uma coisa que eu jamais faço é repetir o que já disse. -Continuou o monge, se virando para trás em seguida para ter certeza que estava sendo ouvindo e assim percebendo que estava falando sozinho. -Você não escutou nadinha não é?

-O que aconteceu comigo? -Perguntou Karasu ainda assustado.

-Suas magia começou a se manifestar. Ela permanece dormente na maioria das pessoas e só desperta por completo no décimo sexto ciclo, mas como você estava em uma situação difícil ela decidiu aparecer mais cedo pela necessidade  de vida ou morte. A magia é caprichosa, por isso faz algumas mudanças na aparência de seus usuários. Veja eu por exemplo, tenho trinta e cinco anos e pareço ter quinhentos. -Disse o monge apontando para si enquanto contava uma mentira, ele adorava justificar sua velhice como uma consequência da magia, mas na verdade tinha oitenta e dois anos.

-E-eu tenho magia......

-Ora mas é claro, com um pai e uma mãe como feiticeiros, havia cem por cento de chances que herdasse o sangue mágico deles.

-Minha mãe era uma feiticeira? O que sabe sobre o meu pai. -Perguntou Karasu com grande surpresa e animação, se aproximando demais do monge que se afastou alguns passos percebendo que algo estava errado.

-Porque tenho a impressão que disse algo que não deveria? -Comentou o monge.

-Por favor me conte o que você sabe. -Pediu Karasu aflito.

-A primeira coisa que você precisa saber é sobre espaço pessoal. -Disse o monge afastando karasu de perto de si.

-Gomen. -Respondeu Karasu desapontado.

-Vá tomar um banho primeiro e comer. Depois falamos de assuntos desagradáveis.

Diante da possibilidade de saber algo sobre seu pai Karasu até mesmo havia se esquecido de sua fome, mas foi apenas tocar no assunto outra vez que pareceu que um monstro faminto o devorava de dentro de seu estômago.

Contos - O Corvo e o LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora