SEGREDOS [completa]

Capítulo 12

12. Sede

Jake me estendeu a mão e me ajudou a descer da moto. Não que eu precisasse de alguma ajuda, mas como ele mesmo disse, ele é um cavalheiro.

Só quando meus pés tocaram a calçada que eu ergui os olhos e vi que estávamos em frente a um pequeno prédio onde fica o cinema de Forks. Fechei os olhos por um momento e respirei fundo tentando encontrar meu autocontrole em algum lugar dentro de mim. Mas fui interrompida por uma garotinha que passava por nós de mãos dadas com sua mãe. Ela saltitava, agitando seu cabelo loiro no ar e mandando seu cheiro diretamente para mim.

Meu corpo ficou tenso de repente. Eu estava quase em posição de ataque. Cheguei a dar um passo em sua direção, mas me distrai quando Jake colocou seu braço ao redor da minha cintura, me puxando para dentro do prédio. Felizmente meu quase ataque mal-sucedido se transformou em um tropeço e eu quase cai no chão se não fosse por Jake me segurar no lugar.

- Mas o que foi isso? - ele riu. Oh, céus! Ele está rindo de mim, a criatura perigosa que ronda a cidade - Nunca te vi tropeçar antes.

- Eu só pisei em falso - respondi sem jeito e com vergonha. Virei o rosto para o outro lado, não querendo que ele visse em meus olhos que algo estava errado.

- Acho que foi a ansiedade pela sua primeira vez no cinema - ele sorria, enquanto eu andava lentamente tentando me controlar para não correr atrás daquela garotinha. Jake teve que praticamente me empurrar portas a dentro.

- Pode ser - gemi e cobri o nariz assim que passamos pelas portas de vidro na entrada.

Lá dentro haviam duas pessoas atrás de um balcão, rodeados por pipoca e refrigerantes, e mais uma na bilheteria. Ótimo! Três possíveis vítimas. Não vou nem olhar no rosto deles para não lembrar deles mais tarde.

- Está tudo bem? - Jake perguntou e eu abri os olhos para respondê-lo, sem nem ter me dado conta de que eu os havia fechado.

- Sim - minha voz saiu como um sussurro.

- Você não parece bem - ele colocou uma mão na minha testa, provavelmente sentindo minha temperatura - você não está com febre, mas a sua cara está horrível.

- Está? - gemi por baixo da mão que ainda cobria meu nariz.

- Você me parece enjoada - Jake realmente estava preocupado comigo, e isso não era justo. Eu não estou doente. Eu estou com sede. Sede dessas pessoas que estão aqui. Quero beber o sangue delas.

Por mais que a sede ardesse em minha garganta, eu jamais a confessaria à Jake. Ele provavelmente me odiaria com todas as forças... Isso se ele não me matar por querer me alimentar das pessoas que ele protege.

- Eu estou bem. É sério - menti muito mal.

- Por que você está tampando o nariz então?

- Por causa do... do... do cheiro - admiti. Mas ele nunca pensará que eu me refiro ao cheiro do sangue dessas pessoas.

- Não sinto nenhum cheiro ruim - ele disse após respirar fundo.

Não disse que o cheiro era ruim Jake, pensei comigo mesma. Pelo contrário, o cheiro é muito bom, é forte e grita meu nome. Fiquei grata por Jake não estar tocando minha pele nesse momento.

- Qual filme você quer ver? - ele me arrastou até uma parede onde estavam os cartazes dos filmes.

- Qualquer um - eu tentava não me concentrar no cheiro dos humanos, mas estava difícil. Esse seria um ótimo momento para ser uma vampira por completo. Eu não precisaria respirar e não sentiria o cheiro do sangue dessas pessoas. Ou melhor, esse seria um momento melhor ainda para ser completamente humana.