dear friend; taekook.

14. tia Helen.

Antes de tudo.... Essa música é dedicada especialmente à personagem da tia do tae 💛

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3 de novembro de 2011

Querido coelhinho...

Será se podemos parar de só insinuar que nos vimos e aceitarmos esse fato louco e extremamente clichê que o universo nos permitiu viver??

Mas falando a verdade... Foi ao terminar de ler a sua última carta que eu pude ter a certeza de que aquilo tudo realmente aconteceu, sabia?

Porque... eu realmente te vi, e você me viu também. Nós nos conhecemos através de cartas trocadas, falando sobre andar de pé em picapes em movimento e reparar em passageiros de ônibus e se questionar sobre suas vidas pessoais.... E numa ironia do destino... Nós nos encontramos sem querer!

Por que me sinto tão nervoso enquanto escrevo isto? Eu deveria estar me sentindo assim? Será se você também está? São muitas perguntas, e eu me sinto tão elétrico agora, do tipo que acabou de beber cinco copos de café... Então espero que esteja preparado para as minhas tagalerices a partir de agora...

Bom, acredito que agora a minha cor favorita seja amarelo, antes era verde... Só que enquanto eu andava dentro de uma floricultura, reparei no quanto os girassóis são bonitos e tão cheios de vida. Pode parecer estranho, porém eu pude sentir o calor de um sol inteirinho quando o peguei e o olhei mais de perto.

E no fundo percebi que um buquê cheio de sóis era tudo que eu precisava naquele momento.

Mesmo sendo nem um pouco original e extremamente clichê, eu sempre acabo comprando flores antes do dia 27 de outubro, que é a data em que perdi minha tia Helen. Ela gostava de amarelo, porque dizia ser uma cor feliz, e que era isso que ela precisava sentir depois que se separou da sua última esposa, a Caren: uma americana de merda. Xingar terceiros numa carta escrita à mão também é bem deprimente, confesso.

Elas estavam juntas há anos, porém a única explicação que minha tia dera na época em que a outra foi embora era que nada durava para sempre, que as vezes algo simplesmente não era para ser e que ambas sentiam que seria melhor se seguissem suas vidas separadas, uma para cada lado.

O que me deixa confuso era perceber que, mesmo falando tudo isso para mim e minha irmã quando éramos menores.... eu conseguia sentir que ela estava mentindo sobre algo. O que posso fazer se as vezes os adultos são tão burros por acharem que não são transparentes, mas na verdade são como se fossem água?

Mas acho que hoje, enquanto eu fui até o cemitério onde ela estava e me sentei do lado de sua cova, eu consegui entender o "algo" que ela tanto quis esconder...

Acredito que, enquanto ela pintava seu quarto de amarelo, mudava o seu gosto musical e começava a sair mais vezes do que de costume, para lugares que antigamente dizia não se sentir a vontade... não eram apenas aquelas mudanças como todas as outras que passamos na vida... Acho que ela estava tentando se preencher de alguma forma.

Mamãe costumava dizer que tia Helen não gostava de incomodar as pessoas que amava com os seus próprios problemas e dizia que tudo não se passavam de "fases" à serem superadas.... Hoje eu me pergunto se câncer era a única doença que ela realmente tinha.

Sabe, Kook? Isso me fez pensar no quanto as pessoas buscam a felicidade e o amor... mesmo sem saber o que esses dois significam. Existem tantas músicas, livros e filmes que falam sobre ambos, ou que as vezes dizem que para se ter felicidade precisa sentir o amor... Mas quando penso na minha tia, a única coisa que consigo ver, agora, é o vazio.