Pelo menos me ajude a levantar

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29 de Julho de 2013

O tal evento era uma segunda coletiva de um livro que meu pai publicou no começo do ano. O livro fez muito sucesso até agora, então a editora resolveu fazer uma segunda coletiva. Tinha fotógrafos de várias revistas, jornais, blogs e é claro repórteres da TV local. Ariana fez eu levar ela e ficar na fila, sério, menina doida, pode ir lá em casa pegar autógrafos a hora que quiser, mas ela disse que sempre quis fazer isso, enfrentar fila para pegar autógrafo de alguém famoso, como ela já fez meu pai autografar todos os livros que ela tem, ela levou um pedaço de papel. Eu estava entediada, não gosto de tirar fotos, mas a todo canto em que eu olhava ou ia, tinha um fotógrafo tirando foto minha, vai ter foto minha até bebendo água na mídia. Meu pai dedicou ano passado um livro para mim, tinha até foto minha na capa e tudo.

Por volta das 12hrs fugi de Ariana que estava paquerando um carinha. Cheguei perto do meu pai sorri para um fã esquisito e fiz pose para mais um foto e disse entre sorrisos:

- Já vou, cansei. - Lhi dei um beijo na bochecha de leve.

- Se cuida. - Responde ele também dando sorrisos para as câmeras e agradecendo ao fã esquisito.

- Você também. - Dou mais um sorriso pra câmera. Como isso cansa.

A coletiva foi em uma livraria no shopping perto da minha escola, queria dar uma passada na praia para não quebrar a tradição né. Fui andando. Estava uma noite fresca e calma. Eu caminhava pela calçada devagar e olhando para os pés ( eu tenho essa mania chata ) com as mãos apertadas como si estivesse segurando algo quando alguém esbarra em mim com uma força extremamente grande, me derrubando de joelhos. Eu sou uma pessoa calma, mais si a pessoa não consegue andar sem derrubar alguém, PORQUE SAÍ DE CASA? Me virei pronta para xingar e dei de cara com aqueles cabelos negros. Os mais lindos que eu já vi.

- Me perdoa. - Ele disse meio seco. Parece triste ou não me reconheceu pois esta me olhando estranho. Fiquei irritada do nada.

- Pelo menos me ajude a levantar. - Disse seca igualmente a ele, estendendo a mão para cima. Ele a pegou e me puxou para cima em um pulo. Quando me recuperei totalmente vi que minha mão estava sangrando e doía um pouco, ainda não consigo olhar para ele mais sei que ainda esta aqui. Ergui a cabeça para ele e apertei os lábios.

- Elli, meu Deus, eu não ti reconheci. Ai Deus, desculpa mesmo. - Agora ele tem um sorriso no rosto. Que garoto doido.

- Ta tudo bem. - Disse colocando as mãos no bolso com um pouco de dor na mão machucada. Não quero que ele veja que esta sangrando, mesmo que seja pouco.

- Ok, estava indo aonde? - Ele perguntou voltando a andar com um aceno para que eu o acompanhe.

- A praia e você? - Pergunto apontando em direção a praia que não estava longe.

- Também, notei que você não foi hoje a tarde. - Ele disse me olhando rapido. ELE NOTOU? ELE NOTOU? Se controle Ellie.

- Precisei sair depois da aula, não deu. - Disse sem deixar que ele note a minha alegria por ele ter notado que eu não fui.

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Sentamos no meio da praia, porque estavamos de tênis e não queriamos tirar.

- Então, sem querer ser chato mais já sendo, deve que ir aonde? - Ele perguntou chegando mais perto. Faz mal contar? Não né.

- Em uma coletiva. - Digo dando de ombros.

- Uau, é algum tipo de celebridade disfarçada? - Ele sorri brincalhão.

- Não. - Digo rindo um pouco.

- Então estava fazendo oque em uma coletiva? - Ele pergunta olhando para mim. Curioso.

- Meu pai é escritor, publicou um livro no começo do ano, e o livro fez muito sucesso até agora, então a editora decidiu fazer outra coletiva. - Ele estava meio confuso. Mecheu na mochila que mais uma vez eu não notei ali.

- Por algum acaso é esse? - Ele disse mostrando um livro de capa dura com o autógrafo do meu pai. Sério? Ele é fã do meu pai?

- Sim. - Eu disse pegando o livro e lendo o nome em voz alta. - Margaridas. - É um romance meio meloso.

- Eu não acredito que você é filha de Hélio Bouce! - Ele diz meio gritando.

- Sim eu sou. - Meio gritando também colocando o livro em cima das minhas pernas e balançando as mãos no ar. Porque todo mundo tem essa reação quando descobrem isso?

- Ele é meu escritor preferido. - Ele da um sorriso orgulhoso.

- Ele é meu pai preferido. - Ham? Eu disse isso mesmo? Senhor. Ele começou a rir tanto. No começo fiquei meio irritada mais logo depois começei a rir da risada dele. Depois de um tempo estavamos um rindo do outro.

- Você é engraçada. - Ele diz limpando os olhos das lagrimas causada pela risada. Como ele é lindo.

- E sua risada é engraçada. - Ficamos conversando sobre alguns livros do meu pai, sobre musica, ele me mostrou algumas de uma banda que eu desconhecia e sobre como a praia estava linda.

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- Porque esta me olhando assim? - Pergunto confusa, ele me olha com um olhar carinhoso e fofo.

- Você é bonita. - Ai Deus.

- Obrigada. Você, não é de se jogar fora. - Digo sorrindo com charme. Bom, eu acho que é charme, mas, devo estar parecendo um macaco que acaba de ganhar banana.

- Obrigado, eu acho. - Ele riu e eu também. Ficamos em silêncio por alguns minutos.

- Acho que vou entrar. - Digo abrindo o portãozinho de casa. Ele veio me trazer gente, que fofo.

- Tudo bem. Tchau Bouce. - Ele sorri e acena com a mão quando eu já estou do lado de dentro.

- Tchau. Qual é teu sobrenome mesmo? - Pergunto colocando as mãos no portão.

- Hudson. - Ele sorri.

- Como, Saul Hudson?* - Pergunto sorrindo ao lembrar do melhor guitarrista.

- Como Saul Hudson. - Ele diz assentindo com a cabeça.

- Tchau Hudson. - E eu me virei lentamente e corri pra dentro de casa.

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* Saul Hudson, é o antigo guitarrista da banda Guns N' Roses, mais conhecido como Slash.

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