Cap 3. Festa!

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O trajeto de Uber até a festa durou cerca de 30 min, tempo este que fiquei insistindo para minhas amigas não "darem PT", não aceitarem bebidas de estranhos, etc. No fundo eu sabia que estava exagerando com meus cuidados e avisos, mas é que a situação amorosa de Lis estava preocupante e despertava esse meu lado "mãezona" do grupo. E para piorar a situação ainda tinha a Anne que sempre exagera na bebida, ou seja, duas para ficar de olho.
- Certo mamãe - Anne respondeu com deboche - Daqui a pouco vai nos dar um horário limite para ficarmos na festa. Vejamos, se não nos comportamos quando passar da meia-noite, você vai nos transformar na gata-borralheira e...
- Eu estou falando serio Anne Ferreira Cortes!
- Chloe você precisa relaxar, não vai acontecer nada de mais. Você estará lá com a gente e não vai nos deixar fazer nenhuma besteira, e outra, não podemos esquecer que o objetivo dessa noite é fazer a nossa amiga aqui - Falou colocando o braço em volta do pescoço de Lis - Esquecer o Chernobyl e seguir com a vida.
- Eu estou bem aqui! - Lis comentou.
Qualquer resposta que eu e Anne fôssemos dar morreu no instante em que vimos a casa, corrigindo a mansão onde o motorista estava estacionando.
- PUTA QUE PARIU! - Comentei enquanto descíamos do carro.
- Nossa Anne, você não comentou que seu amigo era rico.
- Nem eu sabia!
- Parece até de filme.
- Nós vamos entrar ou não?! Perguntei já sem paciência.

~♡~

Quando finalmente entramos, a primeira coisa que observei foi quantas pessoas que já tinham chegado à festa, na hora me arrependi de ter vindo. Eu detesto lugares muito cheios e barulhentos. Conforme fui caminhando comecei a abrir espaço procurando um lugar para me acomodar de preferência perto da comida, parei em um canto onde havia algumas cadeiras vazias e me virei para meninas.
- Certo, vou buscar alguma coisa para gente beber. - Lis falou e logo foi em direção ao bar improvisado da festa.
- Anne, eu preciso que você dê uma moderada hoje. A nossa prioridade aqui é a Lis. Não estou falando para você não beber, nem dançar, nem nada do tipo. - acrescentei ao ver que ela já abria a boca para discutir. - Você pode curtir uma festa sem encher a cara, sabe!? Espera a Lis voltar e vai curtir a festa. Dar uns amassos no gatinho que te convidou e tudo mais, só toma cuidado! - Conclui vendo Lis se aproximando com os copos.
- Obrigado. - Agradeci a vendo servir uma bebida azul para ela e para Anne e me entregar um refrigerante. Ela sabe que é muito raro eu beber, principalmente quando saio com elas. - Gente, quando vocês quiserem ir embora, nos encontramos aqui. Se por um acaso não me encontrarem me liga ok?! E se forem sair avisem, mas não vão embora com ninguém e nem aceitem...
- Bebidas de estranhos. - As duas completaram me olhando entediadas e me fazendo rir.
- Agora vão!

~♡~

Agora que eu estava sozinha podia observar a casa melhor. E simplesmente fiquei abismada com o tamanho e o luxo que o local tinha, devem ter investido uma grana alta nesse projeto. Por mais que a casa seja linda eu sentia que era um pouco de mais, detalhes de mais, riqueza de mais, tudo de mais.
Depois de quase uma hora comendo enquanto observava as pessoas dançando, me juntei às meninas na pista de dança e assim fiquei por mais uma hora.
Como eu já disse, eu detesto muvuca e precisava respirar um pouco então avisei as meninas que eu ia para os jardins e sai de lá depois de pegar um copo de água.
Assim que passei pelas portas de vidro que davam acesso ao jardim, peguei meu celular para olhar as horas e acabei me assustando com o tanto de ligação perdida de Laura. O que eu achei mega estranho já que ela nunca liga à uma hora dessas sem realmente ter um motivo importante! Retornei a ligação já imaginando milhares de cenários possíveis e aguardei até a mesma ser atendida.

Ligação ON.

- Fala Laurinha, o que aconteceu? Está tudo bem?
- Chloe, eu preciso desabafar!
- Desembucha logo que você já está me deixando agoniada.
- Lembra que eu comentei com você que meus pais não sabiam que eu sou lésbica? Então hoje, durante o jantar eu decidi que era o momento certo de me assumir. Só que a reação deles não foi nada que eu esperava, meu pai se engasgou com o suco, minha mãe começou a chorar e ninguém falou nada.
- ok me conta direito. Depois disso, eles te apoiaram, condenaram ou o quê?
- Ai que tá! Meu pai foi o primeiro a falar alguma coisa, e ele simplesmente me mandou subir para o meu quarto. As palavras exatas dele foram: "Laura, suba já para o seu quarto. Amanhã nós conversamos com calma, se você continuar aqui, tenho certeza que vou falar algo que depois eu vá me arrepender". E eu simplesmente subi.
- Calma Laurinha, não foi TÃO ruim assim né?! Tem muitos pais que expulsão o filho de casa e...
- Você acredita que eles vão me expulsar? - Perguntou e voltou a chorar.
Ai, merda! Eu e minha boca grande!
- Claro que não amiga! Dá esse tempo para eles, nem todos os pais aceitam bem essas coisas. O que você não pode fazer agora é desesperar! Respira um pouco, amanhã eu tenho certeza que o tio Dan e tia Ruth vão estar mais calmos, com o pensamento no lugar.
- E se eles não me aceitarem do jeito que eu sou?
- Se eles não te aceitarem do jeito que você é, o problema é deles que tem uma filha maravilhosa e fica querendo te moldar de acordo com os padrões ridículos dessa sociedade hipócrita!
Ela começou a rir, mas suponho que de desespero.
- E se eles te puserem para fora de casa, priminha, você sempre será bem-vinda à minha casa. Agora o que você tem a fazer é esperar. Mas me conta como está o curso?
Achei melhor mudar de assunto, e enquanto ia conversando acabei me afastando da casa sem nem perceber. Até que encontrei um pequeno jardim "escondido" e nele havia um banco. Sentei nele e continuei a conversar bobeiras com Laura a fim de distrai-la. Até que ela se despediu e prometeu me contar a resposta de sua família.

Ligação OFF.

Ao encerrar ligação percebi que do local que eu estava, dava para escutar a música não muito longe, ou seja, perto o suficiente para correr se algum Serial killer surgir do nada e quiser me matar e longe o suficiente para não me sentir sufocada pela festa.
Deitei no banco e me pus a observar as estrelas, pensando no caos que estava à vida de meus amigos e pedindo a Deus força e sabedoria para poder amparar eles nesse momento.
Fiquei tão perdida em pensamentos que não ouvi ninguém se aproximando, até escutar uma voz grossa e desconhecida me falar:
- A festa está tão chata que prefere ver as estrelas?

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