"12 de junho, 2013Querido diário, hoje eu observei Layla com os caras da faculdade. Ela parecia se divertir com eles. Não entendo por que garotas como ela são tão apegadas aos musculosos universitários. Não que isso me incomode, mas é que ela tem potencial para coisas melhores, e eu não estou falando de mim."
Denver passou a mão por essa folha, desfez a orelha na página e prestou atenção em outros detalhes.
"Minha letra realmente era horrível, me pergunto como a senhora Elizabeth conseguia ler meus poemas." Pensou. Realmente, a Sra. Elizabeth se esforçava muito para conseguir ler o que Denver escrevia. Em parte pelos seus erros de ortografia, em outras, por sua escrita rápida, comum de pessoas ansiosas.
Denver olhou novamente para a folha. "Foi aí que tudo começou então... Quem diria. Eu nunca imaginei que uma simples conversa pudesse mudar tanto minha vida. Mas ali estava eu, pronto para embarcar em uma jornada que mudaria tudo o que eu pensava sobre mim mesmo."
Layla, para Denver, era a garota mais diferente e livre que ele já havia conhecido. No auge dos 16 anos, ela já havia colecionado centenas de namorados e, mais ainda, de babadores de ovo (como Denver se referia). Ela veio de uma família rica da Itália. Seus pais possuíam uma empresa de montagem de carros e no final dos anos 2000 resolveram se mudar para a Flórida. Embora ricos e liberais, com Layla as coisas fugiam do controle.
"Quero um piercing novo" exigia.
"Mas você já colocou um, semana passada Layla!" Retrucava a mãe.
"Você não me ouviu querida? Eu disse que QUERO um piercing novo!"
E lá ia a mãe pegar dinheiro para que as vontades da filha fossem sanadas.
Layla era assim, conseguia tudo o que queria. Um piercing novo, um carro bacana, roupas da moda e, é claro, o namorado perfeito.
O namorado dela tinha uns dois anos a mais que Denver. A idade sugeria que ele entrasse para uma faculdade, mas Cris preferia tocar em sua banda de garagem, ele era o baterista e desempenhava sua função igual a um peixe andando de bicicleta.
Denver virou a página.
"14 de junho, 2013
Querido diário, hoje é o dia da bandeira. Meus pais me deixaram sair de casa para tomar um ar... Isso é novidade para mim. Raramente é permitido sair de casa, ainda mais em dia de comemoração como esse. Enfim, estava andando até a casa do Fernando, meu amigo mexicano. Ele é legal sabe? A avó dele é bem divertida e sabe fazer muitas comidas diferentes. Eles tiveram que mudar de casa recentemente, pois a antiga foi vandalizada. Não só vandalizada como queimada. Seja lá quem a família do Fernando irritou, mas seria bom eles terem um pouco mais de cuidado sobre isso. Voltando a caminhada, continuei seguindo para o meu objetivo, meus olhos fixos no chão e os passos rápidos. Creio que nada é por acaso, sabe diário, tudo no final tem um porque, mas no meu caso, eu ainda não descobri o motivo. Talvez seja uma mensagem do universo para mim, ou talvez seja apenas uma coincidência.
Ela estava lá, parada me olhando. Muitas pessoas andavam nas ruas e o cheiro do churrasco fazia minha barriga roncar, mas ela? Bom, ela continuava me olhando. Acenei com a cabeça e ela veio em minha direção.
As cigarras cantavam o mais rápido possível, me deixando momentaneamente confuso. O coração até deu um leve pulo quando ela finalmente chegou do meu lado.
"E aí gay."
"Boa tarde para você também, Layla" Respondi.
"Sabe, o Cris tá tocando para uns velhos no asilo hoje. Ficamos de tomar uma cerveja juntos. O que acha de ir ao lugar dele? Pelo menos para passar o tempo."
''Não vai dar, combinei de ir assistir Star Wars com o Fernando". Eu juro que não estava querendo papo com ela. Afinal, nos conhecíamos há um mês e nunca trocamos mais que duas palavras. Agora ela está me convidando para tomar uma cerveja?
"Ah! Qual é, Denver? Você nunca sai de casa e, além disso, sou EU quem está te convidando. Só isso não basta para você largar aquele mexicano esquisito? " Ela estava bem próxima a mim. Pude sentir o leve aroma amadeirado que ela exalava. Seus olhos fixos nos meus me deixavam estranhamente constrangido, como se eu negasse que ela era a garota mais popular e desejada do colégio.
Então diário, eu falei antes e torno a repetir: nada acontece por acaso. Fernando me ligou naquele momento de constrangimento. Por um segundo pensei "Ufa, hora de ir", mas aquela ligação era para cancelar nosso encontro. Os pais dele resolveram ir para uma estância e, é claro que ele ia também. Ele até tentou me convencer a ir, mas estava sem roupa de banho e também tinha a questão dos meus pais que só haviam permitido a minha saída porque eu iria estar com ele, e na casa dele.
Então eu fiz a minha decisão.
"Beleza, vamos tomar uma cerveja, mas é só uma." Os olhos verdes esmeralda de Layla se iluminaram por um instante.
Fomos até uma praça do bairro dela, que não ficava muito longe do meu. Ela me deu uma garrafa e pegou uma para ela.
Não conversamos muito, só bebemos. Nós dois assistimos aos fogos juntos e em silêncio. Já se passava das 18 horas e meu padrasto iria me ligar a qualquer momento. Meu coração estava bem acelerado e minhas mãos suavam bastante. Layla me passou a segunda garrafa, e eu bebi como se fosse água. Talvez pelo calor ou só pela falta de consciência do que estava fazendo, eu só queria me divertir e esquecer todos os meus problemas.
"Poderíamos transar." Ela nem fez rodeio. Só jogou na minha cara.
"E o Cris? " Respondi sem pensar.
"Ah! Ele deve estar se divertindo com alguém também."
Ela é linda, de verdade, seus olhos tão profundos e, ao mesmo tempo, tão rasos me deixaram um enigma na cabeça.
"Vamos ou não, virgem? "
"Em primeiro lugar, eu não sou virgem" Ela quase morreu de rir quando falei "E, em segundo lugar, vamos."
Talvez a bebida me soltou, ou era só a vontade de estar com ela. Fizemos ali mesmo, não foi mágico ou com amor, foi apenas sexo. Eu não estou chateado com isso, nem um pouco. Até gostei, fazia meses que não tinha um contato físico tão íntimo como tivemos."
"Rá" Um mini sorriso se abriu na lateral de seu rosto. "Ela sempre foi desse jeito mesmo, que peculiar." Pensou alto.
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As paixões de Denver
Mystery / ThrillerDenver olhou para o abismo, então voltou o olhar para o relógio no pulso. Era quase meia noite. Ele se sentou na beira e percorreu os dedos sobre o diário que carregava. Olhou cada detalhe do mesmo e por final o abriu. Começou a ler as folhas amarel...