Você conquistou a todos

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A face desacordada de Kirishima era a única coisa que conseguia observar, era como um pequeno anjo a dormir. Um rapaz que antes era extremamente sorridente, tinha a pele corada e os olhos alegres havia se tornado um corpo sem vida, sem cor. A única esperança era o barulho que indicava os batimentos do coração alheio, esse cada vez mais fraco. Era como se aos poucos ele estivesse morrendo, como seu brilho que aos poucos estava se esvaindo.

O squad permanecia junto no corredor gélido do hospital, as paredes brancas e a luz que iluminava o local deixava a sensação ruim, como se algo ruim estivesse para acontecer. Todos se olhavam sem conseguir entender o porquê o garoto que há poucas horas antes estava bem agora estava em um leito de hospital, sendo entubado enquanto tentavam descobrir o motivo. A única que realmente sabia o que aconteceu estava tremula, Mina sentia todo seu corpo tremendo e sem conseguir responder a um comando seu. Já havia desistido de ficar em pé há algum tempo, sabia que devia ter ignorado o pedido do amigo e ter falado com os pais dele. Em sua mente a culpa daquilo tudo era sua.

Ninguém sabia como chegar na garota, todos se assustaram ao escutar o mais quieto do grupo chamar a atenção da garota no chão: - Você está bem? – a voz de Sero foi escutada pela garota que roía as unhas alheia, como se sua vida dependesse daquela ação. Observaram ela negar com a cabeça enquanto voltava sua atenção ao nada, sem saber o que falar na realidade. Sentiu a gola de sua camisa ser puxada com força, sem cuidado. Seu corpo pendeu enquanto olhava a face agressiva de Bakugo para si, sabia que ele estaria com raiva de si. Ela era a que podia evitar tudo e mesmo assim não o fez, ela era a culpada por Kirishima estar daquela forma.

A garota foi levada até outra ala mais afastada dos amigos preocupados, sendo encostada na parede enquanto o rapaz loiro andava de um lado ao outro, provavelmente tentando se acalmar. – Quando você iria me contar? Você sabia, não? – Mina apenas conseguiu mover sua cabeça de forma afirmativa, o que iria falar? Que ela atendeu um pedido de um amigo desesperado, que ele iria morrer ao não ter o amor correspondido como ele mesmo havia dito? Não poderia falar aquilo naquele momento, queria apenas que tudo fosse um pesadelo e que o garoto ainda estava a suspirar de amores pelo melhor amigo.

Pode ouvir o grunhido do loiro ao que ele se afastava, deixando a garota ainda apoiada na parede por si mesma. Bakugo puxava seus fios descoloridos com força, descontando a raiva ali; - Vai me conta. Pelo amor, eu vou morrer. Como eu vou ficar sem ele, Mina? Você pensou só em você? Que porra de namorada de merda é essa? – a voz do outro era alta, provavelmente qualquer pessoa no raio poderia escutar. Mina estava em desespero, provavelmente sabia que o rapaz imaginava o romance, mas nunca pensaria que ele fosse tão burro assim. Em um ato de coragem e força se ergueu novamente, se descolando da parede gélida para caminhar até o rapaz pouco mais alto que si, a mão tremula foi na face rubra pela raiva de Bakugo. "Respeite. Eu não sou e nunca fui namorada dele, ele sempre teve olhos, coração, corpo... enfim, tudo por e para você. Entenda que você é a nossa única forma de tirar ele daquele leito!" a voz voltou a ficar tremula, como se lembrasse o porque daquilo tudo.

Bakugo ainda tentava assimilar o que havia escutado com todas as vezes que duvidava da sexualidade do amigo ou até mesmo que ele tinha ciúmes de si com outras pessoas, era como se tudo fizesse sentido na sua mente. – Leia a carta. – Mina disse antes de deixar o rapaz sozinho novamente para voltar ao corredor com os amigos.

Agora, sozinho com seus medos e demônios, Katsuki voltou a mão até o papel, agora amassado, que Kirishima havia dado para si antes do encontro que tiveram. Desdobrou a folha lentamente, podendo ver os pequenos garranchos do rapaz que lhe deixava com o estomago embrulhado pela ansiedade e pela paixão que sentia. Teve que ler e reler varias vezes para entender em meio as lágrimas, não conseguia acreditar realmente que o garoto estava com uma doença que ninguém conhecia e que os que conheciam nem poderiam ajudar a si, já que estava longe demais.

"Katsuki, eu já disse o quão bonito você fica com raiva? Não? Pois bem, você fica lindo demais. Digo porque estou na sua frente enquanto escrevo isso, se a Mina pediu para você ler essa carta então eu estou em um hospital, semimorto? Talvez, mas saiba que ainda dessa forma eu amo você.

Não sei se conhece uma tal de doença chamada hanahaki, mas eu tenho isso. Basicamente tem flores em meus pulmões, mas não qualquer flor. A sua flor favorita.

São lindas rosas, que toda vez que as sinto lembro de ti. Lembro eu não vou ficar com você, até porque você iria ficar comigo? Seu melhor amigo? Por favor. Enfim, eu nunca disse nada, pois dizem que quando você é rejeitado pelo amor na hanahaki você morre, mas acho que não adiantou muito. Né?

Mesmo com tudo, eu te amo. Sempre amei e sempre vou te amar, por toda a eternidade e em todas as reencarnações.

Com amor, Kirishima."

O garoto guardou o papel de qualquer jeito enquanto corria pelos corredores praticamente iguais, pode ver o pequeno grupo enquanto corria para dentro do quarto sem decoração, sem vida. Pode ver os pais de Eijiro que olhavam para ele com dor, como se ele estivesse morto. Katsuki sentiu um frio em sua espinha, como se fosse um aviso de que havia chegado tarde demais. Seu corpo perdeu as forças enquanto caminhava até o leito, pode sentir a pele alheia fria, não tardou em se aproximar dele até os rostos estarem na mesma altura. Podia sentir a vida esvair do corpo aos poucos, a respiração cada vez mais tênue enquanto os aparelhos mostravam o quão frágil era o estado do rapaz.

Katsuki não conseguia mais segurar todos os sentimentos que estavam passando por si, apertou os braços do rapaz enquanto podia ver as lagrimas sujarem a face imaculada dele ao que sua boca entreabria sem saber o que falar. Era como se fosse um adeus e Bakugo não estava pronto para o adeus.

Tornou a olhar a face bonita de Kirishima, tocando-a suavemente num afago. – Entenda, se você morrer quem eu vou amar? Quem eu vou falar que tem um cabelo ridículo, mas que fica ridiculamente lindo em você? Quem eu vou encher o saco para estudar só porque acho fofo você lendo várias vezes a mesma questão? Quem vai me lembrar de tomar vitaminas ou até mesmo de comer? Kirishima, entenda. Você é a razão pelo qual eu assumi minha sexualidade para minha família, o motivo de todas as minhas noites mal dormidas por causa de pensamentos aleatórios em que eu imaginava casando com você ou até mesmo imaginando o quão lindo você é, você é o motivo que eu tenho para estar me declarando aos prantos. – O garoto puxou o ar novamente, engasgando com o choro enquanto apertava o corpo alheio com força. – Eu te amo. Eu sempre te amei, desde quando eu te olhei pela primeira vez. Não me abandona, você me conquistou com o teu sorriso fofo, teu jeito divertido e principalmente por ser você. – O loiro foi tirado do leito a força, seus dedos ainda seguravam a barra da cama enquanto os seguranças o tiravam do quarto

Todos olhavam o rapaz com um pouco de pena, queriam ajudar, mas tudo o que poderia ser feito já havia acontecido. A única solução para o problema agora era esperar os médicos e ver o que iria acontecer com o rapaz de sorriso cativante que havia conquistado o coração de todos ali. 

até o próximo, dengos ♡

fanfic postada (e completa) no meu perfil do spirit 

Como conquistar Katsuki BakugouOnde as histórias ganham vida. Descobre agora