Capítulo 14

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No final da rua pedimos uber e dividimos nosso grupo em dois: Quadir, Minus e Max em um carro e Lilian, Red e eu em outro. Demorou cerca de quinze minutos para chegar no lugar, que ficava num bairro comercial agora fechado e somente Max sabia exatamente o caminho correto no meio de tantas ruas estreitas e estacionamentos de caminhões e ônibus.

Parecia um cenário típico daqueles filmes de terror que Marie tanto adorava. Max tagarelava sobre como tinha sido um feito e tanto criar uma balada num lugar como aquele e tive que ver com meus próprios olhos para compreender.

A entrada era como se fosse os fundos de qualquer loja, com uma porta de metal que se enrolava acima, tinha quatro seguranças de terno preto analisando os convites e deixando passar qualquer um sem ao menos ver suas identidades. A única regra era vistoriar para que ninguém entrasse armado, o resto era aceitável lá dentro.

Como Lilian tinha descrito mesmo? Algo como um inferno quente e gostoso?

Ao passar pelos seguranças após Max dar a eles nossos convites, adentramos sem problema algum e lá havia uma sala longa e grande. Não havia janelas além de entradas de ventilação industrial no teto e abafava demais. Porém ali era onde estava um bar lotado com diversos balconistas entregando pedidos e até lanches.

A festa de verdade ficava do outro lado daquela sala e que nos dirigimos sem pressa alguma, era um portal duplo de madeira vermelha e ao abrir, o som vazou pela única fresta criada e silenciada assim que a porta se fecha atrás de nós.

Alguns metros adiante estava uma escadaria enorme para baixo, ali a escuridão só era combatida com os milhares de feixes de luzes coloridas, globos que refletiam para todos os cantos e fazia os corpos se tornarem vultos eternamente em movimento. A música eletrônica gritava, tremendo meu corpo por dentro no mesmo ritmo.

Não demorou muito para cada um se dispersar, avisando que deveríamos nos encontrar nas escadas às quatro da manhã para poder voltar sem pressa para a Morada da Noite. E por sorte teriam carros disponíveis para nos levar para casa.

Tento seguir alguém, mas se tornou algo impossível com a multidão da qual mergulhei e me perdi antes de perceber. Havia muita gente dançando, rindo, bebendo e despejando bebida nos outros sem querer e dando risada.

Me sinto tonta e alegre, queria muito mais daquilo também.

Meu corpo se mexia sem que eu ordenasse, descendo até o chão, rebolando, sentindo carícias das garotas ao redor e um ou outro cara tenta me beijar, mas desvio o rosto e volto a andar por entre eles. Sempre mudando de lugar, sem nunca encontrar ninguém de verdade.

Não sei quantas músicas me envolveram, nem quanto tempo se passou desde então, mas dancei tanto que estava coberta de suor e álcool. E depois disso finalmente alcancei um balcão enorme para pedir algo para beber, foi assim que senti a presença dele novamente.

Seu braço passa pela minha lateral e oferece a bebida de seu próprio copo: Vinho.

Giro o corpo e encontro os insondáveis olhos frios de Quadir Lay, que voltou a erguer o copo e o pego, só para virar o conteúdo para dentro da boca. Ele sorri e limpa uma gota carmim que escorreu de meus lábios e leva ao seu, só para sugar como se fosse a coisa mais valiosa do mundo. Sem nunca deixar de me encarar, era como se fossemos apenas um homem e uma mulher numa festa caótica. Nada de novata ou guerreiro.

– Por onde você andou?! – Tive que gritar minha pergunta.

– Estava o tempo todo atrás de você – Ele responde no meu ouvido e fico arrepiada – Você dança muito bem

PerdoadaOnde histórias criam vida. Descubra agora