"No desespero e no perigo, as pessoas aprendem a acreditar no milagre. De outra forma não sobreviveriam."Erich Remarque
James sentia o rosto dolorido. Mais do que devido ao soco que o Sr. Evans lhe dera, o esforço para manter a expressão calma e neutra o estava matando. As mãos, que agora seguravam o mais firme possível a rédea do cavalo, tremiam desde que o momento que soubera do desaparecimento de Lily, horas atrás.
Logo após deixar a Sra. Evans aos cuidados de sua mãe, foi até o estábulo pegar o melhor cavalo que possuía e lá encontrou o Sr. Evans. Da forma mais pragmática possível, James o explicou todo o ocorrido e não se surpreendeu nem um pouco quando o homem desferiu um soco em seu rosto. Furioso seria um eufemismo diante do estado de espírito daquele homem.
—Tenha consciência de que tudo que está acontecendo é culpa sua! –Acusou-o. –Lily é impulsiva, mas tem um bom coração. Se ela disse que precisava de sua ajuda, provavelmente estava acontecendo algo importante que você poderia ter solucionado, porém escolheu não fazê-lo.
Eles foram até a propriedade de Sirius, afinal precisavam de toda a ajuda possível. Os três foram até o local em que Lily pedira ajuda a James e, por algumas libras, um mendigo lhes disse que um homem apanhara uma garota ruiva por trás e a levara até a pequena igreja ali perto. Com o coração acelerado, o Potter entrou na velha capela e sentiu-se ainda mais desesperado ao encontrar um pequeno pedaço do vestido que Lily usava preso no banco.
Apesar de perguntarem para todos naquela ruela, ninguém vira ou ouvira nada. Não havia notícias do paradeiro de Lily ou de Marlene, a qual eles haviam deduzido que estava junto com a ruiva pelas pegadas no chão empoeirado.
—Precisamos pensar, raciocinar. –Os olhos de James passearam, rápidos, por todo o local. –Ele a trouxe até aqui, o que significa que provavelmente pegou o caminho para fora de Londres. Há diversas opções para seguir a partir daí, maldição!
—Além de saídas para outros países, como Escócia... –Sirius passava a mão pela poeira em cima do banco. –Esse lugar foi escolhido estrategicamente. Olhem bem a sua volta: tudo está tão desleixado que é provável que nem o pároco venha aqui.
Eles adentraram para o interior da capela, onde encontraram um pequeno depósito cheio de madeira velha e uma portinhola para um porão. Sirius desceu até lá e minutos depois já retornava.
—É óbvio que não queriam simplesmente se livrar da Srta. Evans, afinal seria muito fácil deixá-la em um porão qualquer como esse e, ao invés disso, levaram-na. Aparentemente encontraram uma forma mais simples de controlá-la.
—Uma forma que impede que qualquer um que queira ajudá-la realmente consiga ajudá-la. –Concluiu James.
—Podem ter as levados para uma fazenda...
—É isto! –O Sr. Evans já saia em disparada para fora da capela. –Provavelmente estão as levando para Gretna Green para casá-las. É a forma mais rápida de se controlar uma jovem, afinal, elas se veriam a mercê do marido após isso. Lily lhe disse se isso havia algo a ver com você? –Antes mesmo que James respondesse, o homem já continuava: –É óbvio que tem a ver com você, afinal ela pediu a sua ajuda. Todas as garotas querem se casar com você e devem ter pensado que há algum interesse seu pela minha filha. Por isso a levaram para se casar, assim o caminho até você fica livre.
Diante do olhar fulminante que recebia, James se encolheu ainda mais. Se aquele improvável raciocínio estivesse correto, ele se sentiria ainda mais culpado por tudo que estava acontecendo com Lily. Subindo em seus cavalos como uma rapidez surpreendente, os três cavalheiros dirigiram-se até o vilarejo casamenteiro. Durante o percurso, James ocupou sua mente rezando para que tudo ficasse bem com Marlene e Lily.
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Libertinamente Marotos
RomanceLondres. 1830. Temporada Social. Essas três palavras conseguiam causar arrepios, bons ou ruins, em qualquer garota da nobreza inglesa. Especialmente por saberem que mais cedo ou mais tarde os Marotos deveriam escolher uma esposa. Marotos? Sim, os li...