CAPÍTULO XXIV

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Chorar, mamar, arrotar, sujar a fralda e dormir. Chorar, mamar, arrotar, sujar a fralda e dormir. Essa era a rotina de June desde que foi para casa há três meses. Jimin ainda tentava se adaptar a nova vida, mas estava enfrentando dificuldades, principalmente com a privação de sono.

Park amava a filha de todo o coração, estava encantando e ainda assustado com algumas novidades sobre a Paternidade, porém era estressante ficar sem ter uma boa noite de sono. As primeiras semanas foram as mais complicadas, ainda se recuperava da cirurgia e não podia fazer movimentos bruscos, outro problema foi encontrar uma maneira de amamentar a bebê com ela usando o suspensório de pavlik.

Antes de ter alta do hospital, June teve que passar por uma ortopedista. Dra Kang Jihyo fez todos o exames necessários e felizmente descartou a cirurgia. Como o diagnóstico foi feito rapidamente, o tratamento da bebê seria feito através de um aparelho ortopédico para manter a posição adequada do quadril até completar sua maturação. O suspensório deveria ser usado 24 horas durante 12 semanas, sem retirá-lo para banho ou troca de fraldas. Jimin e Jungkook ficaram abalados com a notícia, a médica pediu a colaboração dos pais para o uso correto do aparelho durante o tempo necessário, pois isso garantiria o sucesso do tratamento. Eles concordaram, mas não conseguiram segurar o choro na volta para casa e nos dias que se seguiram.

Park ainda se lembrava no dia em que flagrou o marido chorando enquanto trocava a fralda da filha. Jungkook tentava limpar o umbigo da pequena com uma mão e com a outra secava as lágrimas que insistiam em cair.

— Papai já terminou, minha vida. Não chore mais, sim? — Ele disse antes de pegar a criança e nina-la em seu colo.

Jeon nunca havia se sentido tão fraco e impotente. Ver June chorando atingia diretamente seu coração, lhe provocando também o choro. Ele sabia que era o melhor para ela, porém ficava apreensivo ao ver aquele ser indefeso usando uma "peça" que limitava seus movimento e a deixava irritada. Jungkook colocou a chupeta na boca da filha, a abraçou, deu vários beijos na cabecinha dela e começou a cantar uma canção infantil para acalmá-la. Quando ela finalmente dormiu, ele deu um último beijo em sua bochecha e a colocou no berço.

O geneticista a olhou novamente, June precisava dormir com a barriga para cima, as pernas a 90 graus e os joelhos separados na posição em "M". Ela não podia deixar as perninhas juntas e abaixadas, era o jeito mais eficiente para encaixar o quadril no lugar, a fim de estabilizá-lo. Porém, Jungkook pensava que era desgastante ficar naquela mesma posição 24 horas por dia e por isso voltou a chorar ao olhar sua bebezinha.

— Eu te amo tanto minha filha! Eu daria tudo que tenho pra ver você saudável... — Ele sussurrou e se abaixou para beijar a mãozinha de June.

— Amor... não fique assim....— Jimin entrou no quarto e abraçou o marido por trás. — Dra. Kang disse que ela não está sentindo dor, o uso do suspensório talvez cause um pouco de desconforto, mas a luxação no quadril dela não dói. — Park tentou conforta-lo. Jungkook se virou de frente para o marido e o abraçou.

— Eu sei, meu bem. Mas eu nunca me senti assim, esse sentimento tão grande, tão inexplicável. — Jungkook falou com a voz embargada. — Eu a amo tanto, eu só quero protegê-la. — Ele limpou as lágrimas dos olhos novamente.

— Você é um pai maravilhoso e ela pode sentir todo o seu amor. Você cuida, se preocupa, troca fralda, da colo e só não amamenta porque não tem leite...— Jimin brincou. — Você mudou suas prioridades e rotina para conseguir se dedicar mais a nossa família. Eu te agradeço muito por isso! — Park segurou o rosto do amado e encarou seus olhos. — Nossa menina é tão forte, amor. Ela vai se recuperar logo, você vai ver.

— Vai sim.... — Jungkook o puxou para um beijo apaixonado.

Após esse dia, eles sempre conversavam sobre suas frustrações e preocupações com a filha. Não disfarçavam a dor, já que entendiam que era mais saudável dividi-la com quem sabia exatamente o que estavam sentindo. A cada dia a cumplicidade e o companheirismo entre o casal só aumentava, mas eles ainda presavam sua individualidade.

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Jimin passou o puerpério na casa de Jungkook, pois se recuperar de uma cesariana não foi fácil e ele precisou de ajuda. No mês seguinte quis voltar para seu apartamento, queria se adaptar a sua nova vida com June. Os pais de Park vieram visitar a neta, mas só puderam ficar por 15 dias, então ele precisa seguir por conta própria. Porém na terceira noite sozinho, ligou para Jungkook pedindo para ele ir até sua casa ficar com ele porque precisava de apoio em um momento de cólicas intensas da bebê. Desde esse dia, o casal se revezava na casa um do outro, experimentando a melhor dinâmica de relacionamento e a criação da filha.

Além de Jungkook, outra pessoa bastante fundamental para Jimin e June, foi Romi. A mulher adorava a sobrinha e não cansava de cuidar da criança junto com o irmão e o cunhado. Park não dispensava ajuda, mas as vezes ficava desconcertado em pedir, isso até Jeon lhe garantir que sua irmã mais nova não se importava e ainda tinha ficado chateada por Jimin ter cogitado contratar uma babá noturna para ajudá-lo com a bebê.

O biomédico precisava dormir. Às vezes ele dormia tão pouco que realmente cogitou contratar alguém só para atender June enquanto ele descansava por pelo menos 3 horas interruptas. Romi não gostou da ideia e se colocou a disposição para cuidar da sobrinha, foi assim que Jimin se viu "obrigado" a praticamente se mudar para a casa do marido. Ele gostava de sua independência e de suas responsabilidades com June, mas precisava de ajuda porque tinha que trabalhar em casa. O Engravidol havia sido aprovado para testes clínicos na Europa e Jimin coordenava as análises de casa. Era complicado conciliar o trabalho com os cuidados com a filha, porém ele estava dando o seu melhor. Jungkook passou a trabalhar menos horas no laboratório para cuidar da criança, já que seu trabalho tinha horários flexíveis.

E era assim que estavam vivendo, em meio a novidades, descobertas e muitas adaptações. Algumas mais difíceis do que outras, como o sono constante que Jimin sentia, ele estava tão cansado que precisou pegar um táxi para chegar no apartamento de Jungkook naquela sexta feira. Eram 20 horas, o biomédico passou o dia fora em uma reunião de trabalho no novo laboratório que Lyndon havia conseguido estabelecer na cidade, mas agora ele precisava dormir e June não estava colaborando. Park pegou suas chaves e abriu a porta, encontrou a casa silenciosa, chamou pelo marido, mas ninguém respondeu. Ele foi até o quarto de casal e também não achou Jeon, seguiu até o quarto da cunhada e bateu na porta, na terceira tentativa resolveu abrir.

— Olá! Está vestida, Romi? — Jimin disse ao abrir uma fresta.

— Jimin? — A mulher tirou a atenção da televisão e virou a cabeça em direção a porta. — Pode entrar, cunhado.

— Estava dormindo? Não quero atrapalhar...

— Não, estou assistindo uma série que provavelmente a Netflix vai cancelar na segunda temporada.

— Eles sempre fazem isso... — Jimin comentou ao entrar no quarto carregando o bebê conforto. — Cadê Jungkook, tentei entrar em contato pelo telefone mas está desligado.

— Da última vez que falei com meu irmão, ele me disse que iria ter uma reunião com alguns representantes do Conselho Administrativo do Instituto. — Romi disse olhando e sorrindo para a sobrinha.

— Essas reuniões demoram muito, eles provavelmente estão organizando votações para os próximos representantes e isso leva horas de discussão. — Jimin revirou os olhos.

— O ridículo do Seunghyung estava lá mais cedo, ele andou "urubuzando" o presidente Yang nessas últimas semanas. Provavelmente quer reverter sua situação... — Romi comentou divertida.

— Já se passaram três meses e o cara ainda não saiu do pé? Ele teve sorte em não ser processado. — Jimin falou com uma expressão fechada.

O que esperar de um plano B 🌈 JJK & PJMWhere stories live. Discover now