Alexandria Woods.
Meu indicador e maior eram pousados sobre meus próprios lábios, aqueles que acabará de tocar os de Clarke. E mesmo com a sensação boa de sentir seus lábios nos meus, do privilégio de ter agora um pouco do seu sabor guardado para mim e daquele momento que ficaria para sempre em minha mente e coração, nada tinha valido a pena. Nada.
Era como se algo me prendesse ali, deixando que Clarke partisse sem que eu conseguisse me desculpar por todo aquele inconveniente. Sei que tinha agido por impulso, fazendo o que eu sempre tive vontade, mas uma pontada no peito se fez presente quando seus olhos confusos pousaram sobre os meus, quase que revelando seu medo e tristeza. Sentei-me na cadeira, quase que perplexa pelo o beijo que se repetia várias vezes na minha cabeça, aquilo não me deixaria em paz nem se eu quisesse. Meu peito descia e subia novamente, mas se instalou de forma ruim. Uma euforia tão pesada e carregada de culpa, que sentia tudo cair nos meus ombros novamente. Notei o quanto era fácil a minha capacidade de estragar tudo, toda aquela confiança, tudo que construímos aqueles meses e eu tinha sido uma idiota completa, diria até que egoísta. Egoísta por pensar só em mim, em como me sentiria se aquilo finalmente acontecesse, pensando por um segundo que Clarke iria retribuir ou até mesmo dizer que sentia algo. Mas algumas coisas nunca mudavam, e isso incluía seus sentimentos sobre mim que sempre seriam de uma velha e boa amizade.
Apoiei meus cotovelos na mesa de madeira, levando meus dedos em meus fios, quais eram completamente puxados para trás, em uma tentativa de refletir várias vezes sobre o que havia acabado de acontecer. A curta conversa, a preocupação de Griffin, como incrivelmente sua pele conseguia brilhar levemente diante daquele abaju, e como seu corpo quase se chocava contra o meu, parada ali, sem reação. Afinal, o que ela pensou? Porque não se afastou e me impediu de que cometesse um ato horrível? O meu medo era que Clarke fizesse a questão de nunca mais olhar no meu rosto, ou fingir que eu não existisse. Meu medo era que dessa vez, Clarke realmente deixasse o seu passado para trás, e isso incluía me deixar e esquecer todas as nossas lembranças da adolescência e nesses dois meses em Charleston. Sei que não era difícil, a loira tinha feito isso uma vez e poderia fazer de novo quando bem entendesse.
— Lexa?
Me assustei levemente por ser pega de surpresa, e poderia até considerar estar desnorteada. Não pelas taças de vinho, mas por uma onda de náuseas me invadir, pensar em todas essas possibilidades me deixou enjoada. E quando menos esperei, só tive tempo de inclinar meu rosto para o lado e botar para fora toda aquela bebida. Passos vieram em minha direção, mas não me preocupei porque sabia que era Raven ali, segurando meus fios, que teimavam em cair no meu rosto.
— Eu tô bem, sério. — Foi a única coisa que consegui dizer depois de sujar uma parte do meu tapete preferido.
— Não, não está. Vou pegar um pouco de água. — Raven passou uma de suas mãos pelas minhas costas, afim de fazer um breve carinho e então caminhou até a porta.
— Eu beijei ela, Raven. E ela foi embora. — Falei, ainda com meu corpo virado para o lado.
Sabia que Reyes ainda estava ali, os passos de seus saltos tinham parado de bater contra a madeira do piso e eu tinha certeza que o fato dela — estranhamente — chegar no momento que vomitei, foi por ver Clarke sair apressada da minha casa.
— Como assim? Eu achei que você não sentisse nada por ela, aquele dia que eu...
— Eu menti. — A interrompi, mas permaneci quieta por longos segundos. — Acho que nunca deixei de sentir, mas estraguei tudo.
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In My Head.
FanfictionO medo que existe entre uma amizade de um ensino médio é que tudo acabe. De repente mesmo. Como um clique. E tinha acabado, tão rápido, que quando Lexa se deu conta, haviam se passado dez anos desde à última vez que viu Clarke, sua melhor amiga. Se...