꧁༺༻꧂ Para quem pensa que não escrevo cenas românticas: ꧁༺༻꧂
Bruno abriu a porta do apartamento segurando as chaves da porta com dificuldade, em meio a beijos lascivos com Nora. Vacinados (contra o coronavírus) e usando máscaras, retiraram a proteção já no corredor. Que urgência era aquela? Tinham-se conhecido de manhã e pareciam dois adolescentes, cuja premência da paixão superava qualquer atitude mais racional. Nora falara tanto de conhecimento, sabedoria, razão e caminho rumo à gnose, que parecia deixar agora tudo aquilo em segundo plano, cedendo aos instintos que o corpo solicitava.
— Às favas com o conhecimento — dissera ela, mordendo docemente o lábio inferior do parceiro, enquanto suas línguas se intercruzavam.
— Se a gnose é transmitida pelo beijo — respondeu ele, ofegante —, no final dessa noite eu serei o homem mais culto da face da terra.
Nora afirmou:
— Hoje ainda vou te ensinar tudo, meu bem...
— Mal posso esperar...
Enquanto Bruno fechava a porta, Nora, que era afeita a detalhes, reservou alguns segundos de lucidez para passear os olhos em tudo. E gostou do que viu, da ordem e do bom gosto. Pensou: "Tem muitos atrativos, além da beleza e da inteligência".
— Vem cá... — Puxou-o pela gravata, envolvendo-o num abraço apertado. Mas dada à urgência sanitária, ajuizaram primeiro tomar um banho. Juntos, evidentemente.
O desejo contido pela correria da vida, comum aos dois — e a busca seletiva que faziam de parceiros, transformava cada eventual encontro com o sexo oposto sempre explosivo, porém, nada se comparava ao que envolvia agora a ambos. Uma aura especial os enredava num clima de romance irresistível. Parecia que o mundo havia parado, estampando a fotografia daquele momento único.