***
— Agora que o quarto está arejado o suficiente fecharei as portas.— Lohan anunciou em voz baixa e já ia puxando as duas portas de vidro que davam para a sacada quando ouviu uma advertência cortante.
— Nem se atreva.— Louis quase rosnou a ordem em tom de ameaça.
O Duque soltou uma exclamação quando sentiu uma forte pontada em seu ombro.
— Fique quieto ou terei prazer em te suturar sem anestesia.— Carlota esbravejou terminando de desinfectar o ferimento.— Hum. Isso não é bom.— Ela meneou a cabeça vendo que a pele em volta estava inflamada.
Lohan caminhou até a porta do quarto e quando chegou ao seu limiar olhou em volta. Sem qualquer sinal de movimento ele fechou a porta e retornou.
— O que foi?— Carlota percebeu o que ele tinha feito.
— Não é nada.— Lohan pegou um caderno que estava sobre a poltrona de couro na frente da cama.—Pensei ter visto alguém parado na porta, mas não havia ninguém.
A jovem médica terminou de fazer o curativo e deu dois tapinhas nas costas do Duque.
— Ainda não acredito que você se casou.— ela se virou para organizar seus instrumentos enquanto ele se vestia.— Eu pensei que você fosse egoísta mas você se superou.
— Agora que sou um homem casado deve me tratar com mais seriedade.— Louis alcançou seu casaco de veludo e o vestiu.— Que tal começar me chamando de excelência?— ele provocou.
— Sem chance.— ela zombou dele.— sei que devo tudo à você mas todos aqui sabem que somos próximos o bastante para eu te tratar do jeito que trato.
— Como você disse todos aqui sabem, mas e a Princesa?— Lohan a confrontou.— Acha que ela vai gostar de ver uma mulher grudada no braço de seu marido sob a alegação de ter salvo a vida dele algumas vezes?
— Ela vai entender.— Carlota vestiu seu casaco e já ia pegando suas coisas para partir.
— Fique e jante conosco essa noite.— Louis pediu em tom grave.
A médica se animou voltando para perto dele.
— Você me ama tanto que não quer que eu vá embora, não é?— Ela perguntou forçando a voz de maneira infantil.
Louis caminhou até a porta se abaixou e pegou uma lantejoula dourada que estava no chão aproximando o objeto minúsculo do rosto o observou com cuidado.
— Antes de tudo é preciso haver sinceridade.— O Duque suspirou e nenhum dos que estavam com ele compreendeu o que ele dizia.
A mesa da sala de refeições era menor que a do Palácio de Jaipur mas isso não significava que era menos imponente. Era toda feita de madeira de magno e tinha a tampa e as laterais esculpidas em prata e vidro.
Janna observava os detalhes de desenhos de flores e arabescos quando o Duque entrou no recinto acompanhado da bela dama que ela tinha visto antes. Carlota fez uma reverência diante da princesa e ambos se sentaram. Naquele momento um casal de serviçais já idosos se aproximaram colocando os pratos e talheres nas posições onde os convidados se sentariam.
Ao ver suas mãos trêmulas Janna sentiu um desejo urgente de ajudá-los. Mas ficou muito surpresa ao ver que a senhora deu um tapa rápido e estalado na mão da jovem que estava do lado direito da mesa.
— A minha louça eu mesma coloco.— a senhorinha ralhou e quando percebeu que estava sendo observada colocou um sorriso no rosto e olhou para a princesa como se fosse a criatura mais doce da terra.
YOU ARE READING
Com Amor, Eu Creio.
Spiritual|ROMANCE CRISTÃO| CONCLUÍDO* Jaipur é um reino cercado de guerras e inimigos implacáveis. Em meio à esse cenário Janna uma princesa indiana tem que enfrentar um desafio ainda maior: casar-se com um desconhecido à beira da morte.