16. Bebedeira e Confusão.

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O último shot que eu lembro de ter tomado foi o de número 9. Depois disso, só ladeira a baixo.

Ensopada de suor e com cabelos colados nas costas, eu dançava descalça todas as músicas possíveis das boates do centro de São Paulo. Eu sentia a música tocar dentro do meu corpo, na minha cabeça e acelerando ainda mais meu coração.

Começou uma nova música e gritei jogando as mãos para cima, sendo acompanhada por outras pessoas. Fui arrastada até o palco para dançar alguma música qualquer e mesmo falando que não queria, lá estava eu em pé. O álcool estava me dando coragem até demais!

Me remexi junto com outras pessoas em cima do palco e acabei descendo depois de tanto dançar, extremamente exausta. Não lembro como consegui entrar naquela balada, mas lá estava eu agora encostada em uma das paredes em frente a um ventilador, completamente bêbada.

Estava triste já em imaginar como seria minha ressaca no dia seguinte, mas suspirei e tomei mais um gole da bebida em meu copo. Arrumei minha camiseta e tomei atitude de voltar para pista de dança, mas fui impedida por algumas trancinhas coloridas que eu bem sabia de quem poderia ser.

— Babi?! — ouvi a voz de Louise e abri os olhos com mais força para enxergar melhor. — O que você está fazendo aqui? Está sozinha?

— Lou? Oi!!! Sim, estou sozinha! — respondi tomando mais bebida.

— Não vou nem questionar o que está fazendo aqui sozinha — ela riu chamando alguém, mas não consegui acompanhar o movimento. — Fiquei sabendo sobre a foto que divulgaram sua. Faz ideia de quem pode ter sido?

— Não faço ideia — dei de ombros. — Na verdade não importa, quem não tinha que ver acabou vendo de primeira mão, no caso meus pais.

— Você sumiu da escola depois disso — ela acariciou meu braço, me deixando mais confortável.

Por que estávamos tendo aquela conversa dentro de uma boate? Eu não conseguia nem somar 2+0 se fosse necessário, porque estava bêbada de uma forma estrondosa.

Começou a tocar uma música qualquer que era muito dançante e não demorei a puxar Louise para a pista e deixar de conversa mole. Eu precisava me divertir e esquecer todos os problemas possíveis, mas nem tudo estava ao meu favor.

— Lou, quase não consigo te achar — gritou Maurício por cima da música. Depois olhou em minha direção e sorriu. — Babi? Tudo bem, darling?

— Sim! — gritei de volta para ele. Ainda não tinha decidido se gostei de ser chamada de "darling" e soltei um sorriso amarelo. — Vocês frequentam sempre aqui?

— Não exatamente — respondeu Louise. — Na verdade, gosto muito daqui. É uma balada onde todo mundo pode se beijar sem preconceitos e encheção de saco.

— Vocês dois estão ficando? — perguntei curiosa. Não sabia que eram amigos, nunca os vi junto na escola. Na verdade, eu não tinha muito o que reparar no Maurício e Louise.

— Não! — Maurício riu, segurando meus ombros. — Eu sou gay, darling. Há possibilidades de beijar uma garota tipo a Louise, mas não é muito a minha praia, sabe?

Quis responder que sim, mas eu não sabia qual era a sensação. Todas as bocas que um dia eu beijei, pertenciam a um garoto. Por quê? Será que era algo que eu deveria experimentar?

Sem pensar duas vezes, juntei a minha boca com a de Louise, que surpresa ainda continuou de olhos abertos até eu sentir sua língua entrar na minha boca. Me aproximei mais, sentindo suas mãos rodearem minha cintura.

Subi as mãos para seu pescoço, não lembrava mais onde estava o copo que estava usando. Podia falar que estava gostando muito, mas não parecia a mesma sensação que Gael causava em meu corpo. Com ele eu tinha vontade de tirar a roupa, de expor todos os meus pensamentos, fazer coisas que nunca havia feito, de passar dias em sua companhia, de não sei... dizer coisas que eu nunca disse...

Declínios de Uma Adolescente Rica [COMPLETA]Where stories live. Discover now