18. Novos ares.

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Nunca imaginei que um dia podia chegar no fundo do poço que eu tinha chego dentro da última semana. Nem passava pela minha cabeça que eu podia ter gostado tanto de alguém no auge dos meus quase 18 anos e tudo ter acabado da maneira que havia acabado.

Eu mandava mensagem, tentava ligar, conversar, mas ele nunca estava lá. Ele não via, não recebia e muito menos respondia minhas tentativas de conversar e de manter um contato.

Foi na conclusão de que nós não teríamos mais nenhum contato, que combinei de passar meu aniversário na fazenda da vovó no próximo final de semana apenas com as meninas; ainda não tinha tido tempo — ou saúde mental — para conversar com elas, mas ia fazer isso no final de semana. Precisava de um tempo para respirar e colocar tudo no lugar. Ou quase tudo.

Sobre minha mami, já tínhamos conversado, mas para mim nada resolvido. Eu continuava muito magoada — apesar de ter perdoado —, mas ainda precisava de um tempo dela. Eu não conseguia ficar muito tempo no mesmo ambiente, porque o tempo todo ela tentava me aproximar e forçar algo que eu não queria.

Ângelo eu não suportava olhá-lo e tenho certeza que isso o deixava muito mal, porque fomos criados como pai e filha, mas a forma que ele rejeitou e que tratou Gael durante o tempo que ele esteve aqui, me fez repensar muita coisa sobre as pessoas que eu estava dando meu amor e que não mereciam.

Eles contaram tudo que tinha acontecido para Nico, o que fez ele dormir comigo na noite anterior. Disse que estava com medo que eu fosse embora e queria garantir que eu não iria. Depois que deitou ao meu lado, ele perguntou se eu iria continuar sendo a irmã dele, quase me fazendo chorar.

O clima da casa estava tenso e isso afetava os empregados, como por exemplo Gertrudes. Ela sentia tanta falta de Gael assim como eu sentia; era estranho para ela não preparar o prato favorito dele, poder cuidar de mais um adolescente e tratá-lo como o neto que ela não tinha. Durval também foi afetado, porque vivia dirigindo um carro na qual a passageira só sabia chorar desde a saída da casa de Gael no meio da chuva.

Por outro lado, eu estava um pouco animada para o jantar que teria na casa de Denis e já estava na frente do closet escolhendo alguma coisa para vestir.

Optei por um vestido de tricô preto da Paço Rabanne e coloquei meus Manolos de tiras nos dedos. Será que eu estava exagerando?

Desci as escadas o mais rápido que pude para que ninguém me interrompesse no caminho, mas foi em vão; encontrei mami na sala, ela lia um livro antes de olhar para mim com a mão na maçaneta da porta. Nico correu até a porta, abraçando meu corpo.

— Onde você vai? — mami perguntou.

— Não vai embora, por favor — ele pediu, apertando seus braços ainda mais em mim.

— Eu não vou embora, Nico — passei as mãos pelo seu cabelo liso e dei um beijo em sua bochecha. Ele pareceu mais calmo, até me soltou. — Estou indo jantar com o Denis— avisei já abrindo a porta.

— Babi, não é porque você está com raiva de mim que eu não tenho mais autoridade sobre você — ela disse, andando em minha direção. — Você precisa conversar sobre o que vai fazer, porque se acontecer alguma coisa, saberei onde você está!

— Ok, estou indo para casa do Denis — abri a porta para sair.

— Se divirta — abriu um sorriso que eu teria abraçado ela se estivéssemos em outras situações, mas apenas dei as costas.

Denis estava na Zona Norte de São Paulo, então demorei um pouco para chegar até lá. Ele morava temporariamente em um apartamento com a namorada e o cachorro, pelo que tinha me dito. Não era nada luxuoso, mas era muito bonito do lado de fora.

Declínios de Uma Adolescente Rica [COMPLETA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora