Capítulo 13

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"No sé si es bueno lo que yo siento
Temo asustarte con decírtelo

Joder lo que tenemos
Y es que a tus labios no los entiendo
Cómo quisiera que tu corazón
Viniera con subtítulos

Si solo nos vemos de noche
Por la mañana, no hay reproche
Las reglas siempre fueron claras
Aquí, nadie quiere drama
Cada quien duerme en su cama

De repente, no funciona
De repente, me obsesionas
Ahora lo casual se me pasó de moda
No quiero una hora, yo las quiero todas"
(Subtitulos – Danna Paola  ft. Lasso)

É fato que ninguém espera passar uma data comemorativa doente ou machucado dentro de um hospital. Não importa se é o Natal, Ano Novo, Páscoa ou seu aniversário... O cenário hospitalar nunca faz parte dos planos, o que é um tanto quanto irônico, porque é justamente nas datas comemorativas que os prontos-socorros acabam ficando mais cheios.

Pessoas caem de grandes alturas pendurando luzes de natal nos telhados ou decorando pinheiros natalinos; se queimam nas lareiras; se acidentam guiando seus veículos por sobre a estrada molhada pela precipitação de neve, ou pela neve, propriamente dita... É, sem dúvidas, a época do ano em que nós, profissionais da saúde, mais trabalhamos.

Aceitar os plantões durante esse período é como comprar um passaporte para fora da realidade. Afinal, a correria é tamanha, que por vezes chegamos a esquecer que no mundo lá fora a maioria das pessoas está em festa com seus familiares.

Para aqueles que, por incidente, acabam dentro do hospital e também para os que, devido a um quadro clínico que exige observação próxima, não são autorizados a sair de lá para confraternizar com seus entes queridos; é preciso usar de nosso sentimento de empatia para flexibilizar algumas normas como o limite de visitantes por turno ou restrição do tempo de permanência dessas pessoas ali, o que faz com que o hospital fique cheio não só de pacientes como também de acompanhantes.

– O que temos aqui?

Perguntei, me aproximando da área de desembarque das ambulâncias.

Mal tive tempo de experimentar o café que acabara de pegar na cafeteria do hospital e já tive que deixá-lo em cima do balcão de enfermagem, torcendo para que voltasse a vê-lo em algum momento da madrugada, ainda que já frio e com pouco sabor do creme que eu pedi como acréscimo, justificando a mim mesma que merecia esse "mimo" depois de uma noite agitada na Emergência Pediátrica do hospital.

Mal sabia eu que a madrugada estava caminhando para ser tão movimentada quanto.

– Menino, 2 anos, ingestão de corpo estranho com suspeita de material magnético.

O paramédico disse, enquanto a maca era colocada sobre o chão.

– Ele engoliu um ímã?

Um dos médicos mais jovens, que estava recebendo o paciente comigo, perguntou, parecendo espantado.

– Eu disse que não era para você dar o presente antes da manhã de Natal.

– Isso teria acontecido hoje ou amanhã. A culpa é sua por comprar um presente com peças tão pequenas. Ele é um bebê!

Dois adultos discutiam, descendo da ambulância logo atrás da maca com um bebê que chorava, assustado.

– António, por favor, quero uma radiografia de pescoço, tórax e abdome. Luisa, cheque a disponibilidade das salas cirúrgicas e do cirurgião pediátrico em plantão. Talvez precisaremos deles.

Amigos Con DerechosWhere stories live. Discover now