Capítulo 1 - "Amanda está amando"

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Meu nome é Amanda Rocha, 23 anos, independente, sei o que eu quero para minha vida. Nunca dependi de ninguém para fazer minhas escolhas, e sempre adorei o fato de nunca ter me apaixonado. Sabe... é mais fácil assim! Eu brinco com o coração deles, mas eles nunca brincam com o meu.

Se você está esperando uma história daquelas garotas bobas, que precisam ser salvas, frágeis e indecisas, está no lugar errado! Fragilidade é o que menos vai encontrar por aqui, já vou avisando!

Meu pai é um grande empresário, dono de uma indústria têxtil multinacional, exportador para grandes marcas francesas, alemãs, italianas e inglesas, que adora investir em marcas menores, locais, com alta probabilidade de sucesso. 

Minha mãe... bem... Ela gasta o dinheiro dele, é claro!

Passei toda minha adolescência assistindo-a fazer nada de útil, além de compras. Juro que, talvez, ela não tenha repetido nenhum modelito, um dia sequer, no ano passado, e nunca mais a vi usá-los novamente. Novas roupas, sapatos, acessórios, jóias, sempre apareciam do nada em milhares de sacolas, e desapareciam com a mesma rapidez para dar espaço para tudo novo, em tempo recorde.

Eu não queria ser assim. Por mais que meu pai adorasse vê-la feliz, e comprasse tudo o que ela queria, não via como manteríamos nosso estilo de vida caso algo acontecesse com ele. Alguém tinha que assumir suas responsabilidades quando ele não aguentasse mais, e, sendo filha única, esse "alguém" seria eu! Estava decidida.

Nos últimos anos tenho assumido algumas responsabilidades. Ele confia em mim, e também adora me ver feliz, pois sabe que, o que me faz feliz, não são coisas materiais, mas sim o poder. Vê-lo trabalhar me deu a base que precisava para cumprir com qualquer exigência que meu cargo demandasse de mim, me oferecendo experiência suficiente para subir de posição rapidamente.

E como adoro subir! Haha! Ter mais responsabilidades e mais poder sobre os colaboradores da nossa empresa faz com que me sinta viva. Nossa empresa, sim, pois ele já me vê como uma parceira, uma sócia, mesmo que ainda esteja longe de ser vista pela Diretoria como uma. Na visão deles, ainda tenho muito o que provar.

Minha mais nova responsabilidade é agrupar novas empresas entre as marcas menos conhecidas, mas que vemos muito potencial. Uma dessas marcas - escolhida por mim - é a mais nova loja de roupas elegantes e de festa, chamada "The Sinclair's". Conseguiu muita notoriedade nos últimos meses, depois de vestir a Primeira Dama da cidade, e alguns outros políticos e seus familiares mais exigentes.

Tenho esperanças de que a reunião de hoje, e a incorporação dessa marca à nossa empresa, finalmente, provará à Diretoria da minha capacidade de negociação, depois que outros tentaram, e falharam.

- Bom dia, Senhora Sinclair, é um prazer recebê-los! - sorri para a dona da loja, que entrava acompanhada pela porta de vidro, na sala de reuniões.

- Por favor, querida, me chame de Francis! - ela sorriu, simpática, mostrando todos os dentes, extremamente brancos.

- E este é...? - estiquei a mão para cumprimentar o rapaz que a acompanhava.

- William. - ele sorriu e apertou minha mão com força. - William Sinclair.

- William é meu filho. Tenho certeza que vocês se darão muito bem, senhorita Rocha. - disse Francis, como se quisesse formar um casal.

Do jeito que ele me olhava, talvez fosse esse o objetivo dele também. Confesso que não pude resistir a olhá-lo demoradamente. Os olhos verdes claros, que contrastavam com a pele escura, não podiam passar despercebidos. Eu tentava, sem sucesso, focar em minha conversa com Francis, mas meus olhos eram atraídos para ele, antes que pudesse evitar.

- Acredito que tenha recebido minha proposta de parceria, Francis. - disse, sentindo minhas bochechas ficarem vermelhas.

Por que ele me olhava tão intensamente? Tenho certeza que estava tentando me desconcentrar de propósito!

- Sim, senhorita Rocha, sua proposta é muito melhor do que qualquer outra que recebemos da sua empresa. Foi a senhorita mesmo quem a elaborou?

- Me chame de Amanda, por favor... Não precisamos ser tão formais, não é mesmo? - "afinal posso ser sua futura nora", pensei e sorri, desconcertada.

Credo! Que tipo de pensamento é esse? Eca! Ri de mim mesma, pensando em todo o romance que queria ter com ele, antes - é claro - de o dispensar, como tantos outros. De qualquer forma, ele parecia interessante o suficiente para me fazer querer brincar com ele mais do que uma noite. Talvez até o deixasse ficar comigo por mais tempo... Quem sabe...

- O plano empresarial foi elaborado por mim, e pode ter certeza que vou assegurar que todos os pontos sejam cumpridos. É claro, caso concorde com sua parcela de obrigações junto a nós. - ela também me olhava daquele jeito, me desconcentrando. - Temos vários pontos cruciais, e acredito que o marketing seja importante para firmar nosso comprometimento. A "The Sinclair's" utilizará nossa logomarca em seus produtos, e todas as propagandas devem conter...

- Claro, Amanda, nos comprometemos em cumprir todas as exigências impostas pela sua empresa. - ela me interrompeu, sorrindo.

Eu odiava quando me interrompiam, mas, por algum motivo que não consigo entender, não consegui ficar irritada com ela. O olhar, o sorriso, eram tão penetrantes quanto de seu filho. Eles poderiam passar toda a reunião sem dizer nada, e mesmo assim eu talvez implorasse para eles aceitarem minha proposta.

A presença deles era inebriante, viciante. Quase pedi para que ficassem mais tempo comigo, só para sentir um pouco mais daquilo. Não sabia por que, parecia que havia sido hipnotizada.

- Vamos inaugurar a loja do Centro no final do mês. Você está convidada a comparecer. - ela disse, levantando-se.

Tenho certeza que ela percebeu meu desespero ao notar que já estavam indo embora.

- Gostaria de ser minha acompanhante, senhorita Rocha? - ele me olhou, tão profundamente, que senti minhas pernas amolecerem.

- Sim! - disse com mais vontade do que realmente pretendia. - Er... Gostaria sim, William. - me recompus, estendendo minha mão para despedir-me.

De alguma forma o toque dele sob a minha pele me deu calafrios, borboletas no estômago. Não havia sentido isso quando o cumprimentei ao chegarem. Me deixou ainda mais confusa, não sabia o que estava sentindo.

- Lhe enviaremos o convite, querida, e William irá escolher um vestido deslumbrante para você. Quero que aceite. - ela me olhou tão profundamente que não pude negar. - Ótimo. Terá seu contrato assinado após o evento.

Eles saíram. Eu os observei pelas paredes de vidro da sala de reuniões, até pegarem o elevador, do outro lado do enorme corredor. A única forma de explicar o que senti ao vê-los indo embora é... VAZIO. Um vazio enorme, como se tivessem me tirado algo muito importante. Algo essencial, meu ar, minha vontade de viver.

Eu precisava vê-los de novo, e logo!

O Monstro em VocêDonde viven las historias. Descúbrelo ahora