Winter

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"Eu te vejo em cada canto dessa cidade, até nos lugares em que você nunca esteve. Eu te amo, Seokjin."

O loiro lia e relia a última mensagem enviada por Kim Taehyung, há quatro dias. Seu peito se apertava toda vez que ele o fazia, mesmo assim, era quase impossível não abrir a conversa, olhar a foto mal tirada dos cabelos azuis e as últimas palavras de carinho que havia lhe mandado. Por muitos meses as conversas foram muito bem, o azulado baixou o aplicativo que facilitava tudo, chamadas de vídeo, de voz, fotos, textos e mais textos.

Era bom. Era melhor que nada.

Até poderíamos dizer que era comum que ele ficasse dias sem mandar notícias, mas não era. Taehyung falava com Seokjin o dia todo, aprendeu a usar todos os recursos do aplicativo de mensagens, inclusive os emojis que o mais novo tanto gostava. Se falavam assim que acordavam, mandavam fotos, vídeos, músicas, áudios e mais áudios. A ligação mais longa era sempre a que antecedia o sono de Seokjin, o azulado gostava de proferir suas palavras preferidas em francês, o que deixava o moreno tão apaixonado e relaxado, que sua noite se assemelhava à de anjinhos em nuvens aconchegantes.

Taehyung dizia que de qualquer lugar, garantiria que seu amor pudesse dormir como se estivesse em seus braços, e por mais que a ideia fosse dolorosa aos dois, eles ainda conseguiam transformá-la em um sentimento positivo, que reafirmava o que se iniciou naquelas semanas em Paris.

"Mas era bom demais pra ser verdade", foi o que Seokjin pensou no segundo dia sem mensagens ou notícias. É o que todo mundo pensa quando algo muito bom começa a dar errado ou apenas acaba.

Seokjin se culpou, depois culpou a distância, depois sua falta de coragem, os pais, os amigos, Paris. Mas não foi capaz de proferir uma palavra negativa sobre o Kim mais velho. Jamais conseguiria, Taehyung seria sempre seu sonho bom, não teria coerência culpá-lo ou qualquer coisa meramente parecida. Ele tinha todo o direito de desaparecer, mas ainda assim, doía.

Além disso, foi incapaz de pensar em qualquer motivo racional para o interrupção da comunicação. Afinal, quando estamos perdidamente apaixonados, não somos mais capazes de entender o que é racionalidade.

O cheiro de tinta que o vizinho usava para renovar a sala de estar o incomodava, porque era para ser uma lembrança boa dos dias em que tudo cheirava a perfume francês, tinta e manteiga. Os tons de azul que o encantavam e o levavam de volta às suas melhores lembranças, agora eram nada mais do que o tom melancólico que sempre fora. Talvez sentir raiva do sumiço do Kim fosse mais fácil, "sinta raiva, grite, o xingue, ligue para o Jeongguk e beije muito na boca, vai passar!", Byulyi dizia, com o aval de Heeyeon.

E apesar da boca do Jeon ser muito agradável para gastar algumas horas, ela não era nem de longe como a do mais velho, não tinha a mesma maciez e temperatura dos lábios de Taehyung. Queria as mãos um tanto ásperas lhe tocando o corpo e os sussurros roucos ao pé do ouvido. Daria tudo que tinha para poder passar mais uma hora em Paris com ele, dentro daquele apartamento, com a brisa entrando pela janela, fosse ela quente, fresca ou gélida. Nada importava, desde que fosse com ele.

[...]

— Meu Jinnie, melhora essa carinha — a ruiva disse, se levantando da poltrona da casa de Junghwan.

— Deixa ele, Heeyeon — o dono da casa falou.

— Não! Nosso Jinnie merece muito mais do que isso, se aquele francês falseta teve coragem de ser um...

— Hee, não fale dele assim — Seokjin a interrompeu, com a voz embargada. Mesmo que se sentisse traído, não suportava uma palavra negativa sobre aquele homem.

Ela o olhou pensativa, não entendia como ele deixava aquele tipo de sentimento lhe tomar. Talvez porque seu relacionamento com Byulyi ia muito bem, obrigado. Ela não entendia o que era ter uma guerra de sentimentos dentro do peito, querer amaldiçoar e abençoar ao mesmo tempo. Chorar de raiva e sorrir para os céus agradecendo a oportunidade.

Blue is the warmest color | TAEJINWhere stories live. Discover now