Voltando para casa

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Quando passo a acreditar que a vida tornou-se toda pincelada em pequenos detalhes de dourado, ao longe, uma pequena fenda se abre no horizonte para anunciar a chegada dos maus presságios. Não se pode adquirir o dom de saber viajar por entre os pequenos impulsos, mas uma pequena visão do que se abre ao longe já torna possível captar cada pequeno movimento. E assim eu permaneço nos dias ensolarados, esperando pela tempestade que vem de longe e consumindo um hábito imperceptível de conseguir cultivar toda sobra de luz. Eu tento continuar na lógica que me fora designada, porém, a febre me tira toda a consciência e me vejo esperando pela próxima avalanche de indignidade, paixão, falta de resiliência e humanidade. É como se eu descesse os degraus rápido demais ou como se um carro estivesse em uma velocidade não permitida me levando para uma paisagem que não conheço, me levando para um mundo onde os sentimentos mudam de cor e a sanidade se esvai com a ventania. Com a minha falta de responsabilidade jamais poderei ter a chance ou crença o suficiente para acreditar que sou digna de procurar por uma mão amiga, assim, me obrigo a voltar a pé na espera de achar o caminho de volta para casa em algum momento, não faço a menor ideia da hora, do dia, do mês, mas piso com os pés no chão na esperança de sair dessa espiral tão profunda e poder clarear o dia novamente com um pouco de coragem que me resta.

Éramos nós, o breu e as estrelas (textos e outras ladainhas)Where stories live. Discover now