Running: Moonlight

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Como todos os dias, Heeseung esperava Kuna em frente à casa de Jungwon para irem à escola. Era um pouco longe, então os dois pegavam carona com o Yang e a sua mãe. Kuna poderia muito bem pedir para seu pai levá-la, contudo, ela não se sentia confortável pedindo as coisas para ele. Sim, mesmo sendo pai dela, ela não se sente no direito de pedir as coisas pelo fato dele jogar tudo na cara dela quando a mesma não fazia suas vontades. A mãe de Kuna era menos problemática, mas na maioria das vezes fazia as vontades do marido. Se a Xiao pudesse se mudar para bem longe, ela com certeza o faria sem pensar duas vezes. Sua avó chegou a oferecer moradia para ela, contudo, era muito longe de seus amigos e até mesmo da escola. Kuna não queria se afastar deles, muito menos de Heeseung.

Kuna era obrigada a fazer aulas complementares nos fins de semana. Isso acabava atrapalhando os ensaios da banda, pois eram os únicos dias em que eles poderiam ensaiar em paz, já que a mãe de Jungwon não está em casa e eles podem ensaiar a vontade. Entretanto, Kuna por vezes dava um jeito de fugir das aulas, mesmo sabendo que se o seu pai descobrisse, iria ficar uma fera. Em relação à personalidade, o pai de Heeseung e da Kuna não são diferentes. Mais um motivo para os dois se manterem firmes cuidando um do outro. Juntos.

— Cheguei! — Kuna disse dando um soco na costela de Heeseung. Ele colocou a mão no local por conta da dor.

— Já não basta o pulmão e a saúde mental fudida, agora não tenho costela também — reclamou — garota, você tá com cheiro de cigarro às sete da manhã.

— Meu pai ficou me enchendo ontem porque cheguei tarde. E já acordei com ele me xingando sem motivo — cruzou os braços.

— Só por isso? — questionou.

Heeseung sabia que o senhor Xiao o viu em frente à casa dele, caso contrário, ele não teria enchido tanto a Kuna por chegar tarde.

— Ele me viu, não é?

— Sim, mas não importa. Se ele não gostou, o problema é dele — riu.

(...)

A manhã na escola foi monótona como sempre. Os professores trabalhavam de mal gosto, os alunos faziam a baderna de sempre e Heeseung e Kuna discutiam sobre qual era a melhor música de My Chemical Romance, mesmo isso sendo quase impossível. Sendo assim, no fim das contas, eles entraram em um consenso e concordaram que I am not okay era uma das melhores.

Kuna por vezes socava Heeseung quando ele fazia piadas de duplo sentido, ou quando ele zoava a garota por ela não ser o exemplo de ser humano alto. O Lee dava petelecos na testa dela quando ela se recusava a aceitar que Aeri estava a deixando de lado por conta do Jungwon, mesmo sendo sem intenção alguma de fazer isso. No fim das contas, eles sorriam como nunca quando estavam juntos, estavam presos em seu próprio mundo. E mais uma vez, Heeseung se via controlando o desejo de tê-la mais perto.

— Galera, odeio as segundas. Sempre demora mil anos pra chegar sábado e ficamos sem tocar a semana inteira — reclamou Jake se sentando na calçada da casa de Aeri — parece castigo de Deus.

— Ou dívida de jogo — completou Heeseung — cadê o Jungwon e a Aeri, hein? Os dois entraram pra pegar bebida e ficaram por lá mesmo.

— E você é o besta que cai nesse papinho — Sunghoon disse cruzando os braços — é por isso que sou contra relacionamentos dentro da banda.

— Diz isso só depois que pegou o Jake, não é? — Kuna arqueou uma sobrancelha — e você deveria conseguir mais shows pra gente, né? Um por mês não paga nem a metade de um cigarro — revirou os olhos.

— É só pedir pro seu papaizinho. Ele é dono de uma das maiores empresas da cidade, uma carteira de cigarros não deve ser nada — Sunghoon riu com sarcasmo. Kuna quis voar no pescoço do Park — vocês só tocam músicas do Chase Atlantic! Deveriam inovar mais…

— Essa é a nossa marca registrada. E de vez em quando tocamos algumas do Artic Monkeys também — Heeseung colocou o braço em torno dos ombros de Jake — enfim Sunghoon, consiga mais shows pra gente. Do resto a gente cuida.

— Vou ver se o Jay me ajuda com isso. A banda dele anda fazendo uns shows por aí, mesmo sendo em lugares medíocres.

— Coisas medíocres são a cara dele — Heeseung sentiu seu sangue ferver só de ouvir aquele nome.

— Voltamos, galerinha! — Jungwon apareceu com algumas latas de cerveja em mãos — e trouxemos as bebidas.

— A geladeira da sua casa fica aonde? Em Nárnia? — Jake perguntou.

— Minha mãe viu a Aeri e começou a falar e falar…

— É por isso que não gosto de mulher — Sunghoon pegou uma cerveja.

— Nós sabemos, Sunghoon! Nós sabemos.

— Senti um pouco de homofobia na sua fala, Heeseung — Sunghoon o encarou.

— E você não está errado.

Sunghoon revirou os olhos.

— Brincadeira, eu amo você.

No dia seguinte eles teriam aula bem cedo. E provavelmente a ressaca iria vir com tudo, mas são momentos como esse que fazem a Radiohead aguentar até o fim da semana. Kuna e Heeseung tinham que aturar os pais de merda, Jake e Sunghoon tinham que aturar a presença um do outro e Aeri e Jungwon estavam apenas aproveitando o que não aproveitaram quando estavam separados.

Heeseung encarou Kuna e não pode evitar o sorriso espontâneo. A luz do luar refletia em seu rosto e suas bochechas estavam vermelhas, seus olhos estavam quase se fechando e vale dizer ser por conta da baixa tolerância alcoólica da garota. Ela estava bela como sempre e o coração de Heeseung estava acelerado como sempre. Todavia, ele não poderia fazer nada, não poderia abraçá-la mesmo sendo coisa de amigos. Porque para ele, ela não era apenas uma amiga, mesmo que se negasse a aceitar isso, ele tinha problemas mais sérios para se preocupar. Kuna o encarou de volta e sorriu. Por agora, eles eram obrigados a se contentar com aqueles sorrisos e risadas sob o luar.

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⏰ Última atualização: Feb 09, 2023 ⏰

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Cold nights (Heeseung - ENHYPEN)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora