A banda toca os acordes finais de "Carless Whispers" e Christian aperta a minha cintura, os dedos acariciando delicadamente a pele exposta graças as costas abertas do meu vestido de baile.
Olho para ele com expectativa, o sorriso que surgiu desde o momento que ele bateu à porta dos meus pais ainda puxando os meus lábios.
— Vem comigo, baby. Quero te mostrar uma coisa.
Ele entrelaça os nossos dedos e me puxa pelo salão. Esbarramos em algumas pessoas pelo caminho e eu murmuro pedidos de desculpas enquanto tento acompanhá-lo sobre saltos de doze centímetros.
Suspiro aliviada quando conseguimos finalmente chegar ao lado de fora. Christian se vira para mim e pressiona um beijo casto nos meus lábios.
— Quero te levar a um lugar especial.
Meu sorriso cresce mais e deixo ele me puxar até o Porsche 911 parado no estacionamento da escola.
É a nossa festa de formatura do ensino médio e queremos fazer todas as loucuras que pudermos nessa noite.
Estamos finalmente saindo do colégio, cheios de expectativas para um verão dos sonhos já que a realidade da vida adulta espera por nós em setembro.
Christian abre a porta do carona para mim e me dá mais um beijo antes de me ajudar com o vestido pomposo.
Ele tem me tratado como uma princesa a noite toda — não muito diferente da forma como tem acontecido desde que nos conhecemos no início do ano letivo — e tê-lo como par no baile me deixou além de feliz.
As garotas olharam para nós o tempo todo com expressões incrédulas e eu me senti como a Beyoncé, uma deusa entre os reles mortais.
— Pronta, baby? — Christian me fita e eu tombo a cabeça para a esquerda, estreitando meus olhos para ele.
— Podemos fugir da nossa própria festa de formatura? — ele dá de ombros e gira a chave na ignição, os motores do carro rugindo alto.
— Nós podemos fazer a porra que quisermos, Ana.
A animação dele desperta a minha e eu dou um tapinha no painel. O teto retrátil se abre, revelando as estrelas no céu enquanto a brisa fresca do verão balança o meu cabelo.
— Então me surpreenda.
O sorriso que Christian me dá é o suficiente para confirmar o que eu já sabia desde o início da noite; vou aceitar o que ele quiser me dar.
Nós nos aventuramos pelas ruas agitadas de Nova York, passando entre os carros e avançando alguns sinais vermelhos.
Eu rio e canto as músicas que tocam no rádio, jogando as mãos para cima.
A paisagem pacata do Chelsea vai sumindo aos poucos, dando lugar aos arranha-céus de Manhattan.
Passamos pela 5th Avenue e observo com prazer o Metropolitan Museum, a Catedral de St. Patrick e o Empire State Building.
Nova York é o sonho de muitas pessoas ao redor do mundo mas quando se vive aqui as coisas parecem tão comuns que nem damos atenção.
Só que essa noite é diferente.
Essa noite eu tenho uma pessoa do lado para olhar tudo isso comigo.
Christian segue até o final da rua e vira á direita, as luzes espalhafatosas sendo substitutas pelas mais etéreas dos prédios ostentosos de Wall Street.
Paramos aos fundos de um prédio que deve ter pelo menos trinta andares. Christian salta do carro e dá a volta, abrindo a minha porta e me ajudando a sair.