Em Direção ao Vazio

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Os barulhos ensurdecedores dos animais, o som delicado da água se rebatendo nas rochas e a doçura do cheiro do mar salgado levavam a jovem dos olhos de diamante para um tipo de dimensão paralela da sua. A sua real e terrível dimensão da qual faria de tudo para desaparecer como pó do mundo, assim se livrando dos horrores de sua vida apenas com um truque místico-suicida barato de última categoria ( qualquer mago fatia isso melhor! ), mesmo parecendo loucura aquilo, a inútil e inapropriada ideia infantil de desaparecer do mundo caía bem na mente daquela garotinha insatisfeita com a realidade que tinha ao seu redor.
Estava reclamando mais uma vez! Receberia sermões da mãe se a mesma estivesse lá sendo mais uma vez alvo do "cargo" de "ouvimente das birras da princesa" porém por escolher querer ficar sozinha com suas reclamações mentais estridentes estava só sentada na areia. Mesmo com aquela linda paisagem do amanhecer digna de um bom retrato, seus problemas continuavam o tormento de sua mente. Estava presa aos seus próprios pensamentos negativos e injustos.

" Desaparecer me parece mil vezes melhor do que dar meia-volta e retornar pra lá."

Pensou com a decisão de permanecer sentada na areia fofa e quente. Se esticou no chão em posição fetal e fechou os olhos, os descansando-os depois de tanto olhar para o sol avermelhado e o céu rosado.

" Tenho tudo pra ser feliz, mas insisto em olhar com desdém tudo isso... droga, por que ainda me importo com algo tão pequeno? Sou uma idiota mesmo..."

Culpou-se assim reconhecendo o exagero da sua preocupação, mudando dramaticamente sua postura, se levantou e encarou de longe as casinhas pequeninas do horizonte, com desprezo fez uma careta para o palácio.

- Não importa! Vou embora de qualquer jeito. Não vou me casar com um riquinho escroto!- se contrariou ao pensar mais sobre o tal " problema " que seria seu casamento arranjado. - Tomara que estejam dormindo ainda.- disse se referindo aos seus pais no castelo.

Lágrimas deeslizavam sobre seu rostinho pálido sempre, assim esvaziando seu peito da tal amargura maldita. Poderia muito bem tentar suportar a tristeza de seu destino mas não conseguiu e agora teria que encarar o fato de que era fraca demais para suportar aquele fardo e seguir em frente, esta fraqueza assim fez a donzela tomar aquela decisão em meio ao desespero absoluto ( a Âncora de Van).
O apelido para esses sentimentos era Âncora de Van por algum motivo, mas a moça adorou o nome que criou.

A melancolia é desespero são pesadas como rochas e te levam para baixo, mais fundo a cada segundo como uma Âncora pesada feita de muita tristeza como uma verdadeira silhueta dos rancores do "Autor da Estrelas Lúcidas", por isso o nome: Âncora de Van.

Depois de muito choro observação do céu, fome, sono e de mais choro, já colocava em sua cabeça que a decisão de fugir do desafio feito um animal covarde teria sido a pior coisa que fez em sua existência tão medíocre. Se arrepender do erro significava deixar o orgulho e voltar aos braços dos pais, mas ela definitivamente queria seguir naquilo, sem querer lutar contra os ventos que traziam a má sorte e enfim sofrer, como um tipo de castigo para si mesma feita uma boa masoquista que persistia tomar para si a dor para se castigar ela mesma e seu coração. Não faria esforços para evitar a dor. Ela merecia.

Ao resplandecer total do sol, os pais estranharam o silêncio no quarto da filha que possivelmente já estaria acordada. Chamaram seu nome perto da porta mas nenhum sinal de "vida", impaciente, o rei entrou e se deparou com o local vazio.

- Onde Kiyo está? - desesperou-se revirando o quarto na procura pela filha. - Ela... fugiu.

A expressão facial do soberano se tornou dolorosa e chorou amargamente e a rainha se enfureceu já ciente da razão da fuga.

- Idiota... você é culpado disso!- berrou com um olhar monstruoso para o marido.-Não deveria colocar tanta pressão nela por causa do casamento!

Assim, as autoridades da Vila iniciaram uma briga ilógica que não levaria ao nada ( o troco pela briga seria machucados roxos ), sem contar o enorme vazio que ambos tinham no peito.
Eles talvez agora se culpem por toda sua vida por isso, mas por qual razão alem do casamento fez isso? Era tão amada, seus pais a mimavam de todas as formas até mesmo quando a mesma não queria. (Parei aq na tradução pra inglês, faz a próxima estufe)

A pequena aldeia logo ficou sabendo rapidamente da suposta fuga da princesa por meio de fofoqueiros e de súbitos reais ( fofoqueiros da burguesia).

A Anãzinha da Vila Hokkaiko Where stories live. Discover now