Capítulo 01- Pietro De Rivier

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Eu não tenho um final

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Eu não tenho um final.
Mas assim como tudo, eu tive um começo.

Sim, Samy, você foi o grande amor da minha vida. Mas essa não é uma história sobre você, porque não é uma história de amor. É uma história de loucura. Uma carta aberta para todos aqueles que sempre quiseram saber como o jovem, bondoso e promissor Pietro se transformou no grande Lord Dos Delírios.

Pablo Foster.

Para começo de conversa, eu não acho que as pessoas se transformam. Elas apenas se revelam. Eu sempre fui o Lord Dos Delírios, eu apenas não sabia.

Meu grande começo foi na França, ironicamente no ano de 1666. Pietro, porque meu pai era italiano, De Rivier, porque minha mãe era francesa. O único filho homem de um casal com 7 filhas. Existe um certo teor místico que eu carregava por isso. Alguns diziam que na lua cheia, eu me transformaria numa fera, ou que teria poderes diabólicos sob as pessoas — essas acertaram na verdade. Entretanto, meus pais tinham certeza que eu era um enviado de Deus— de certa forma, nós fomos até bem amigos por um tempo—, e como tal, deveria servi-lo para pagar uma promessa.

Meu pai era um devoto fiel. E também era um ladrão, um ladrão muito bom. Me lembro como ele piscava para mim quando criança toda vez que conseguia roubar o dízimo da igreja sem ser pego — e ele nunca era. Ele dizia " Se Deus ama seus filhos, jamais se irritaria por ver um miserável pegando umas moedas".

Enquanto a igreja gastava em luxos desnecessários, seus fiéis morriam de fome.

Foi por isso que meu pai me ensinou a ser um ladrão. Porque Deus é justo. E roubar deles...era justo.

— Nós ganhamos!— as gêmeas comemoraram.

Todas as noites minhas irmãs se reuniam para juntar o que conseguiam no dia.

Um dia de roubos bem sucedidos, como toda boa família tradicional e religiosa de ladrões fazia.

Minha mãe, Genevive, era a mulher da minha vida — a primeira delas.

Tudo na minha aparência lembrava ela. O cabelo loiro esbranquiçado, a pele empalidecida e os olhos de um azul Safira muito vivo e profundo. Olhos diabólicos no rosto de um anjo.

Naquela época eu ainda não entendia o poder que a beleza podia dar para aqueles que sabiam usar. Mas uma coisa eu digo a vocês: eu aprendo rapidinho tudo aquilo que me beneficia.

Se existia uma certeza que eu tinha desde o começo, era que eu não nasci para conquistas pequenas. Não entenda errado, eu amava minha família, mais do que qualquer coisa nesse mundo. Mas eu odiava a realidade em que estávamos inseridos.

Creio que comecei a ser o Lord Dos Delírios quando normalizei sonhar acordado. O mundo da minha cabeça sempre foi muito mais divertido que o mundo real. Eu era quem eu queria ser, um grande aristocrata, sempre convidado para todas as grandes festas luxuosas e todos me admiravam...

Lord Dos Delírios Where stories live. Discover now