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Chorei nos braços da minha mãe por alguém que ela nunca soube o nome.
Nunca contei. Não contei por vergonha mesmo. Por medo também.
Tinha a impressão que mencionar o seu nome te tornaria mais real, te faria aparecer na minha frente.
Pensando nisso, quase gritei teu nome a plenos pulmões.
Mas lembrei que nunca fiquei muito bem chorando.
A boca trêmula e os olhos inchados não eram o meu melhor momento.
Minha mãe continuou acariciando meus cabelos.
Continuei molhando sua saia.
Ela dizia que ia passar, mesmo sem saber sobre o que se tratava.
Ela tinha mesmo que estar certa.
Ia passar, tudo passa.
Né?
Tinha que ser verdade porque não dá pra viver assim.
Minha mãe sempre teve conselhos muito sábios, mas não prolongou dessa vez.
Disse que eu não ia morrer por isso, mas pareceu muito uma morte pra mim.
A morte é o fim, né?
Pois é, aquele foi o fim pra mim.
O nosso fim.

ARRITMIAWhere stories live. Discover now