Introdução: O Assassinato em Oxford

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"Existem acontecimentos que vêm para o bem.

Em outros casos, eles fazem exatamente o contrário.

Eles fodem. "


Frio.

Era o que ela sentia dentro e fora de seu corpo.

Um frio cortante como se sua alma estivesse condenada a um destino cruel. Um destino que ela nunca imaginou para si mesma.

Os preparativos que ocorriam para a grande festa ao seu redor não eram animadores o suficiente para que ela se sentisse tentada. Sua cabeça explodia de modo intenso enquanto a frieza sempre aumentava, trazendo para si um pressentimento sobrenatural de que nada daria certo aquela noite.

Ela tinha essa impressão.

Era como se uma articulação maldosa fizesse questão de estar bem em frente ao seu nariz enquanto ela não tinha a capacidade mental e moral para reconhecer e impedir o que poderia ser concretizado. Momentos em que sua mente era forçada à lembrança faziam com que ela tivesse a dor de cabeça costumeira de sempre junto à confusão que lhe era curada apenas com os remédios que estavam bem guardados por dentro de sua bolsa. Estava longe de sua pretensão tomar um comprimido que fosse. Apenas buscava respirar fundo, tentando organizar sua mente e colocar toda a atenção necessária ao momento em que estava sujeita.

Eveline Davies poderia se considerar uma moça de sorte, ou era isso que as pessoas afora lhe falavam. Sua presença era reconhecida onde quer que fosse, sendo como uma atração principal ou simplesmente a menor presença do recinto. Seus anos de estudo dobrado e excelente graduação em Matemática Avançada mesclado ao reconhecimento nacional e exterior trouxeram à moça um prestígio ao qual ela ainda não se acostumara, mesmo vivendo anos da mesma forma. Por mais que, de um lado, ficassem seus problemas pessoais envolvendo um relacionamento do qual sua satisfação nunca se veria por completa, o outro lado era completamente agraciado por sua magnitude de ensino, o único motivo pelo qual ela marcava presença no acontecimento célebre ocorrente aquela noite.

A formatura dos alunos da Universidade de Oxford era um evento marcante para muitos, porém, para Eveline, chegava ao patamar de uma glória intensa. Uma sensação diferente tomava conta de seu coração fazendo com que a frieza, por algumas vezes, desse lugar ao aquecimento proveitoso da situação, não demorando muito a fazer morada. Sua memória vagava ao ano em que lecionara aos alunos do local e o quanto cada experiência se tornava única e cada momento se apresentava como um dos melhores já vividos por ela.

Pelo futuro dos jovens valia muito a pena lutar. Era somente por isso que o sorriso de lado estava postado em seu rosto enquanto o reflexo de sua imagem lhe era devolvido pelo espelho em sua frente.

Seus cabelos eram constantemente mexidos pelas mãos delicadas de Eugene Duvall, a moça confiada na missão de lhe arrumar o mais elegantemente possível. Eveline, como sendo uma das educadoras homenageadas na cerimônia, teria de se manter perfeitamente apresentável. A imprensa, obviamente, estaria a postos para eternizar o momento da tão sonhada formação dos alunos cujo mérito era compartilhado entre eles e seus educadores. Seria uma noite memorável e era indispensável que pudessem prolongá-lo o máximo que pudessem ao longo dos anos.

— Deve ser magnífico ver esses jovens se formando. — a voz miúda de Eugene tomou conta de sua audição e, através do reflexo do espelho, Eveline a encarou com interesse. — Posso imaginar a alegria que deve tomar o coração. — ela sorriu para a figura exuberante da professora.

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