Uma questão de honra

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A batalha estava quase em seu fim. A tropa do norte estava condenada a cair perante os White Walkers e não havia nada que eu pudesse fazer. Olho em volta e vejo os corpos dos meus amigos derrubados sobre a fria neve do inverno, e percebo que logo chegará minha hora. Mas a guerra não poderia acabar assim, pois se perdermos eles avançarão para o sul todos os sete reinos estarão condenados.
Alguns anos atrás fiz uma promessa ao Rei Robert que, se o dia dessa guerra viesse a chegar, eu não permitiria que eles passassem pela nossa muralha. Em todos meus 42 anos de vida nunca deixei de cumprir uma promessa, não importa a quem fosse, e vou falhar logo na única promessa que fiz ao Rei? Que tipo de homem eu seria?
_ Eddaaaard! Seu miserável, vai ficar aí choramingando enquanto ganhamos essa guerra por você? Nada disso está acabado! Você é nosso líder e deve nos guiar para a batalha homem!
_ Maldito Tormount, não é a primeira vez que você faz isso. Obrigado velho amigo. - digo enquanto preparo os pulmões para assobiar. No momento em que o fiz, o campo de batalha parou. Ouve-se de longe um rugido, mas não um rugido qualquer. Balerion, o último dos dragões e guardião do norte.
Ordeno a meus homens que corram para dentro do castelo o mais rápido possível, o que não foi uma tarefa fácil pois os White Walkers também tentaram entrar. Nossa sorte é que o castelo era guardado pelos melhores arqueiros que o mundo já viu, então assim que entraram no alcance das flechas a maioria deles foram atingidos.
Vendo que não conseguiriam passar por nosso arqueiros, as duas únicas soluções para eles era ir embora ou atravessar o grande Rio Westeros, que estava congelado. A segunda opção com certeza nos deixaria em apuros, pois é lá, nas outras margens do rio, dentro de uma caverna, que estão escondidas as mulheres e crianças. E pela caverna eles conseguiriam ter acesso ao castelo pelos túneis. White Walkers são conhecidos pelas suas fortes investidas, e por não fugir em batalha, então logo se dirigiam ao rio.
Dragões não demonstram todo seu potencial sem alguém para comandá-los em batalha, e essa pessoa não existia ali no norte. O último foi meu avô, Leônidas. Balerion pousou no castelo a espera de alguém. Ninguém se atreveu, e quando levantaram a voz foi para me encorajar a montar. Confesso que sempre quis fazer isso, e desde criança admirava meu avô pelos seus feitos. Porém a única coisa que eu sabia fazer era ordenar ele a cuspir fogo. O Norte e todo os sete reinos dependiam daquilo, e era uma questão de honra manter minha palavra ao Rei Robert.
Após uma escalada de 5 metros até suas costas, ele encolheu suas escamas para que eu pudesse sentar. Não perdeu tempo e decolou em direção ao rio. Chegando lá eles estavam cruzando o rio, e quando perceberam Balerion, pararam e começaram a atirar flechas e lanças. Eram muitas, e ficou impossível para ele desviar. Ele não ia aguentar por muito tempo e eu tinha que fazer alguma coisa. Foi quando eu percebi uma falha no gelo um pouco longe dali, uma parte que ainda estava pouco congelada. Do jeito que pude eu ordenei Balerion para voar até essa área, e lá, com todo fôlego que me sobrava, gritei: DRACARYS ( que significa fogo de dragão, na língua Dotraki).
Fechei meus olhos e abracei Balerion com toda minha força para evitar ser atingido pelo intenso calor de sua chama. Eu pude sentir o óleo de dragão correndo em seu corpo com uma intensidade absurda. Após cerca de 30 segundos o barulho provocado pelas chamas parou e foi substituído pelo barulho do gelo se quebrando. Nesse momento me atrevi a levantar o corpo e observar. O estrago provocado por ele foi colossal, e o gelo do local onde ele mirou virou vapor.
O gelo foi rachando até onde estavam os White Walkers, que não conseguiram atravessar o rio a tempo e caíram na água. Se tem uma coisa que aquele povo não sabe fazer é nadar, então não demorou muito para que todos morressem afogados. Balerion pousou na margem do rio e eu desci. Retirei as lanças fincadas nele, e o sangue começou a sair mais intensamente, mas ele mesmo assim se levantou e voou em rumo às montanhas. Voltei para o castelo andando pela nevasca, e quando enfim cheguei lá as perguntas eram muitas, mas eu não tinha fôlego nem mesmo para me manter em pé então só fechei a mão e levantei o polegar enquanto o mundo rodava e tudo escurecia.

A ascensão da MuralhaWhere stories live. Discover now