Noora

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Minha cabeça doía, assim como cada parte dos meus 1,56. Céus, eu me sentia horrível e isso só pareceu piorar ainda mais quando lembrei do beijo. Ah Mateo, por que você havia voltado?

Mateo Kovačić era a parte boa da minha história que era cheia de erros.

Eu tinha conhecido Mateo quando meu irmão chegou em casa eufórico dizendo que tínhamos convidado para o almoço. Minha mãe colocou um prato a mais na mesa e quando vi, um menino branco, com sorriso aberto, olhos verdes e cabelo estilo militar, entrou na cozinha dando boa tarde para todos. Minha mãe o achou um bom rapaz, meu pai engatou uma conversa com ele e Luka sobre futebol, e eu apenas o olhei durante toda a refeição. Aquele menino tinha conseguido ganhar minha atenção em menos de duas horas.

A presença de Mateo em minha casa foi ficando cada vez mais frequente, só que nós dois nunca tínhamos tido muito contato. Eu, no auge dos meus 12 anos era só mais uma pré-adolescente cheia das incertezas com minha aparência e por conta disso achava que nunca ia agradar ninguém, e muito menos achava possível o mais novo amigo do meu irmão mais velho, vindo diretamente da Áustria, vir prestar atenção em mim. Os anos passaram e bem quando entrei na adolescência, Luka chegou com uma bomba em casa: ele iria para o Tottenham.

Minha família já estava acostumada com as mudanças de time de Luka, tanto que mudamos de Zadar para Zagreb mas nada disso chegava aos pés daquela mudança, meu irmão iria para a Inglaterra. Outro país, outra cidade, e ele teria que ir sozinho. Aquilo acabou comigo. Meu irmão mais velho, aquele que sempre tinha estado ao meu lado, estava me deixando. Eu fiquei desolada no dia que tivemos que deixá-lo no aeroporto e foi Mateo quem me ajudou a não me sentir tão sozinha.

Mateo começou a me buscar no colégio todos os dias e sempre me mandava mensagens perguntando se tinha passado o dia bem. Ele ainda almoçava na minha casa, já que tinha conquistado o carinho dos meus pais e era tratado como se fosse filho. Eu também ia em vários jogos dele, e torcia quase que da mesma forma quando Luka jogava pelo Dínamo. Só que tudo isso pareceu errado quando comecei a sentir coisas a mais por Mateo. Eu não podia, ele era praticamente meu irmão. Luka o amava muito, mas no momento em que soubesse ia querer acabar com o menino. Era errado. Mateo era a linha que eu não poderia cruzar.

Só que Mateo Kovačić cruzou.

Era uma sexta-feira e Mateo tinha ido me buscar no colégio, como já era de costume. Só que ele disse que deveríamos ir pelo caminho mais longo e acabamos parando numa pequena praça que ficava a duas quadras de casa. Assim que sentamos no pequeno banco, Mateo disse que estava apaixonado por mim. Antes que pudéssemos nos beijar ou que eu tivesse tido qualquer reação, o telefone de Mateo tocou e ele só disse que precisávamos ir para minha casa urgente. Assim que chegamos, dei de cara com meu irmão e um homem que eu não conhecia, não liguei para o que provavelmente ia acontecer ali, eu só corri e abracei Luka o mais forte que eu podia. Eu não o via tinha um ano, abraçá-lo era como se minha vida estivesse voltando ao normal. Só que nada era perfeito. Meu irmão não iria passar nem 24 horas conosco e aquele desconhecido era o novo agente dele e naquele momento, virou o de Mateo.

Luka tinha vindo trazer a notícia que Mateo tinha sido convidado para jogar pelo Inter de Milão e só bastava ele assinar o contrato que a transferência estaria concluída. Kovačić não pensou duas vezes e assinou quase em segundos. Meu menino, que não era meu, estava tão feliz; eu podia perceber no tom da sua risada e nas lágrimas que lhe enchiam os olhos. Ver ele sorrindo daquele jeito era a minha cena preferida em todo o mundo, eu daria tudo para ver Mateo feliz daquele jeito todos os dias. Ele ficava maravilhoso sorrindo.

Eu estava extremamente feliz por Kovačić, mas ao mesmo tempo estava destruída. No dia seguinte meu irmão estava indo embora, só que agora levava Mateo.

Moja Katastrofa • MATEO KOVAČIĆ Onde as histórias ganham vida. Descobre agora