O que há entre nós?

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Uma semana após o reencontro, Pérola permaneceu sem ligar para o rapaz de olhos apertados. Em sua mente, ela acreditava que a moça ao lado dele era a mulher por quem ele pareceu desesperado por terminarem o relacionamento. Passou as mãos nos cabelos castanho-escuros e disse:

—Não vou ligar e destruir o relacionamento de um casal tão lindo e feliz. E ele foi um descarado ao vir falar comigo daquele jeito na frente dela. Mas o que estou pensando, ele só veio me agradecer com ela por reatarem depois do que eu disse. É melhor deixar para lá. –soltou o ar dos pulmões enfiando a cabeça no travesseiro e segurando o cartão em uma mão e o smartphone na outra.

Na igreja dela, após o culto, sentia uma grande alegria e paz por sentir seu AMIGO ESPÍRITO SANTO, que a aconselhava a esperar, pois no momento certo, seu príncipe escolhido por ELE iria aparecer em sua vida. Naquele momento, além de trabalhar como voluntária numa casa de idosos, servia sopas na madrugada de um determinado dia da semana para moradores de rua. Estava se formando em letras, pois amava escrever, ainda que não mostrasse seus escritos para alguém.

— Hoje não a deixarei escapar. Não sem antes saber qual o seu número! –uma voz grave soou perto dos ouvidos da menina. Após ficar de frente para ela, continuou:

— Por que não me ligou? 

— Ah... eu não quis que...

— Que?

— Que a sua namorada pensasse que estava dando em cima de você por te ligar e...

Ele soltou uma gargalhada gostosa e retrucou:

— Aquela garota que viu é minha irmã. Eu não tenho namorada.

A respiração de Pérola parou por alguns segundos. Ele continuou:

—Eu não sei você, mas eu não consegui te tirar da minha mente, eu... Pérola, será que não está acontecendo nada entre a gente?

—Eu...

—Bom, não te contei naquele dia, por estar envergonhado. Descobri da maneira mais dura que ela estava me traindo e então, decidi aceitar um emprego na Coréia do Sul e passei um ano lá. E aqui estou de volta.

— Uau, achei que fosse um crápula.

— Não acha mais?

— Não. –disse ela ao rir.

— Será que podemos comer uma pizza?

— Deixe eu ver minha agenda... –brincou ela.

— A não ser que seu namorado não queira que isso aconteça. –disse ele cruzando os braços e arqueando a sobrancelha esquerda.

— Vou perguntar para ele... –disse se virando.

O rapaz baixou a cabeça e se sentiu um idiota por ter pensado e até se apaixonado por uma mulher que já estava comprometida.

— Brincadeira... –ela riu e ficou surpresa novamente pela tristeza estampada no rosto do rapaz.

— Joong, também não tenho namorado.

Ele pareceu acordar de um pesadelo e sorriu. Saíram para a pizza, conversaram sobre coisas comuns e sobre a cultura na Coréia do Sul e das dificuldades de vir de lá aos onze anos com os pais e morar no Brasil, um país totalmente diferente do seu. O rapaz falou sobre os desafios do trabalho dela e ela do seu segredo de ser uma escritora que nunca mostrava para ninguém o que criava por medo da opinião alheia.

Após um mês como amigos, os dois irremediavelmente apaixonados, decidiram orar a DEUS para saber se seu relacionamento seria da vontade DELE. Após receberem DELE o sim, com o apoio de suas famílias, chegou o dia de seu primeiro beijo.

A noite estrelada e romântica, onde tudo exalava amor, e os sorrisos eram fartos, fizeram um piquenique aconchegante num jardim com flores, árvores robustas e grama verdinha. Ele a tirou para dançar e começou a cantar em seu ouvido uma canção de amor. Beijou sua mão, depois, seu rosto e por fim, beijou a boca dela com a charmosa pintinha no lábio inferior. Aquele beijo tinha doçura e gosto de hortelã. Tinha amor e tirava o fôlego. Ele a abraçava e ela a ele, sentindo aqueles perfumes que inebriavam seus sentidos e enchiam seus dias de paixão. Pérola e Joong se sentiam amados, ele totalmente curado de suas feridas do passado, queria viver um lindo romance preparado por DEUS e que começou, através de apenas um abraço.

Fim.

Apenas um AbraçoWhere stories live. Discover now