Hold me

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855 palavras | doctor!louis | fluffy

Louis sabia que se dedicar à medicina de emergência não seria nem um pouco fácil. Quando ele decidiu sua especialização, ele tinha ideia que suas horas de sono seriam muito limitadas, e a responsabilidade multiplicaria num valor correspondente a quantidade de pacientes que iriam atravessar as portas do Pronto Socorro todos os dias nos horários do seu turno.

Olheiras profundas marcavam o rosto bonito do profissional, que havia acabado de concluir as quase quarenta e duas horas de plantão - algumas delas sendo extras, apenas para acompanhar o caso de seu último paciente, cuja melhora ainda era incerta.

Carregando a mochila com seus pertences e se dirigindo até o carro no estacionamento do edifício moderno que dava espaço à médicos, equipes de enfermeiros e pacientes, tudo o que o homem desejava era dormir por pelo menos doze horas das quarenta e oito disponíveis de sua folga tão aguardada.

O apartamento que morava contrastava com as casas que seus colegas de trabalho tinham prazer em exibir, sem os enormes cômodos acomodando mobílias caras e eletrodomésticos desnecessários. Era um lugar modesto, que Tomlinson sequer cogitou a possibilidade de abrir mão mesmo depois que concluiu os intermináveis anos de residência no mesmo hospital que havia sido contratado efetivamente.

Com o Sol que nascia no céu limpo de outono naquele fim de madrugada, Louis sentia as consequências de passar tanto tempo sem se preocupar com ele próprio para dar toda atenção às pessoas que buscavam ajuda no PS. A fome, no entanto, podia ser resolvida depois do sono que ele acreditou ser prioridade, indo, portanto, direto ao quarto que dividia com seu noivo.

Arrancou o blazer que usava por cima do jaleco e o pendurou sobre a poltrona ao lado da cama, deixando um carinho seguido de um beijo tímido nos cabelos curtos e ondulados de Harry antes de caminhar até o lugar que poderia pegar roupas confortáveis para usar depois do banho que tomaria.

Lavando toda tensão acumulada em seus ombros durante o longo plantão, Louis achou que poderia se permitir descansar devidamente, se secando e vestindo rapidamente as roupas selecionadas, para então poder se deitar no lugar vago da cama, sendo imediatamente abraçado por Styles, que mesmo inconsciente, buscava pelo amante sempre que sentia sua presença.

Apesar do corpo relaxado pela água morna que caía da cascata do chuveiro direto em seus ombros, o cansaço imensurável, somado com o calor do corpo de Harry nas suas costas, a adrenalina que havia sentido nas últimas horas não o permitia fechar os olhos.

Brian era uma criança de seis anos que havia sido atropelado por uma caminhonete. Segundo os socorristas, ele tinha acabado de pular do carro de sua mãe, com a intenção de ir para o quintal de casa, quando o automóvel desgovernado o atingiu em cheio, arrancando um de seus braços tamanha foi a força da pancada. O menino havia sofrido algumas fraturas, e órgãos importantes foram danificados. Ainda que toda equipe médica - sendo Louis o líder do caso - tenha se dedicado completamente, sua recuperação ainda era incerta, e mesmo que o quadro fosse estável, ele ainda corria risco de morrer.

- Doce, é seu dia de folga. Você precisa descansar - o dono do abraço murmurou sonolento, sem abrir os olhos, quase incoerente. Louis suspirou frustrado, o corpo cansado e a mente trabalhando sem parar. - Eu sei que você deve estar preocupado com aquele garotinho, mas foi você mesmo que disse que ele era forte. Ele vai sair dessa.

- Ele sofreu duas paradas, Harry, e o reimplante pode ser rejeitado. Brian-... ele só é tão novo. Eu odeio precisar tratar de crianças, elas não deveriam sofrer. Ou morrer.

- Mas Brian não vai morrer, meu amor - o mais novo abriu os olhos para procurar o rosto de seu noivo, que ostentava uma leve carranca de sobrancelhas franzidas e um pequeno bico teimoso nos lábios. Passou o dedo polegar sobre o vinco formado na testa pela expressão, suavizando a careta preocupada. - Você fez tudo o que podia, e eu não duvido que foi o melhor. Agora ele está em boas mãos. Steve saberá como mantê-lo vivo até que o risco acabe.

- Yeah, yeah, yeah... Você... tem razão - concordou entre bocejos, cedendo ao cansaço e se aconchegando contra o corpo maior, o rosto livre das preocupações que antes o marcavam. Recebeu um beijo na bochecha, na pele exposta do pescoço e na nuca, onde os lábios ficaram jogando o ar da respiração alheia, provando a vida que circulava nas veias do homem que decidiu dividir sua alma. - Obrigado, Sol.

O silêncio, ao invés de alguma resposta, entregou o sono pelo qual Harry foi arrastado mais uma vez, arrancando o primeiro sorriso de Louis depois de mais de doze horas, o fazendo entrelaçar os dedos jogados desleixadamente em sua barriga com os seus e sussurrar impressionado, mesmo sem ninguém para ouvir, que ele é o homem mais sortudo do mundo.

Harry Styles não faz a menor ideia, mas mesmo com uma profissão muito diferente da medicina que Louis pratica há tantos anos, ele salva a mesma vida todos os dias.

...

Oi, gente! Nunca me pronunciei nesse livro, mas oi! Primeiramente, estão gostando das ficlets? 🙈 Andei com um bloqueio nesses últimos meses que me fez acreditar que eu nunca mais escreveria uma palavra. Essa oneshot pode não estar muito boa, mas é muito importante, porque ela significa que eu ainda *posso* escrever alguma coisa. 😄✊ Enfim! Agradeçam, primeiramente, à série de documentários da Discovery (Pronto Socorro: Histórias de emergência) pela ideia é história do Brian. Sim! É real! E ele conseguiu sair dessa vivo e sem sequela nenhuma!!!! Belezinha, né? Até o reimplante do braço foi um sucesso. :) Pretendo escrever mais algumas historinhas envolvendo centros médicos, estou com algumas ideias. Mas e vocês? Tem alguma sugestão ou pedido de plot, trope ou au? Se tiverem, é só mandar aqui 🌸

Bjsssssss

Drabbles, droubbles and moreWhere stories live. Discover now