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"Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe. "

Oscar Wilde.


Tudo começou quando a avó de Louis Tomlinson resolveu celebrar seu aniversário de setenta anos com uma festa de gala em uma mansão de pisos de mármore. Era um plano exagerado e irritante para todos os envolvidos, principalmente para ele, que vinha mentindo por alguns meses sobre estar namorando um rapaz misterioso para toda a família. Talvez fosse o destino, rindo da cara dele, ou o diabo, se entretendo com o teatrinho. De qualquer forma, no exato momento em que recebeu o convite soube que estava monumentalmente fodido.

Niall Horan ‒ um irlandês sorridente grande entusiasta de cerveja e cachorros ‒ havia, então, assumido o papel de conselheiro oficial de Louis. Juntos eles analisaram todas as opções possíveis, ou seja: falar a verdade, mentir sobre um término ou continuar a mentira. Das três opções, apenas uma era viável.

Era fato que Tomlinson trabalhava demais. Ser um advogado empresarial para a Gucci consumia grande parte do seu tempo, deixando pouco espaço para folgas e oportunidades de relacionamento com outros. Fora isso, não era nenhum segredo como seu status de solteiro (e gay) o classificava como um desapontamento na família. Então, o namorado havia sido a ferramenta perfeita. Fazia com que ele parecesse um ser humano funcional com uma vida saudável e também satisfazia sua necessidade de provocar todos com sua sexualidade. Desistir daquela historinha seria abrir mão do seu orgulho e dignidade.

Por isso, em uma fatídica tarde chuvosa, Louis tivera a ajuda de Niall para criar uma conta em um aplicativo de namoro para achar o candidato a príncipe encantado.

Obviamente não havia dado certo.

Quer dizer, até que um mês e sete encontros desastrosos depois, Harry Styles (segundo o perfil: 21 anos, estudante de filosofia, pansexual e grande fã de música alternativa) correspondeu seu match e sugeriu que saíssem para comer com uma quantidade excessiva de memes. E Louis, motivado pelo desespero (agora faltava uma semana para a festa, afinal) e pela foto que sugeria que o rapaz era ridiculamente atraente, aceitou.

Era por essa razão que agora ele estava sentado em uma lanchonete inspirada pelos anos sessenta decorada com milhares de recortes de revistas antigas, passando o celular de uma mão para outra e transpirando de ansiedade.

Assim que a porta foi aberta e revelou Harry Styles, o queixo de Louis quase (literalmente) tocou no chão. Ele era a porra de um modelo. Com pernas longas e torneadas, ombros largos, uma mandíbula proeminente e lábios em formato de coração ele era a definição de uma obra de arte contemporânea. Vestia uma camisa floral azul e vermelha, calças skinny pretas e Vans surrados. E, quando escorregou no assento de frente para Tomlinson, o cheiro intoxicante de sua colônia impregnou os sentidos do outro.

Ele sorriu, todo covinhas e dentes perfeitamente retos.

— Oi, eu sou o Harry.

— Louis Tomlinson. — Ele tentou se recompor, porém o seu tom de voz ainda soou algumas oitavas acima do normal. Era agora ou nunca.

— Está tudo bem com você? — O rapaz continuou a conversa da maneira esperada, passando os dedos cheios de anéis pelos cabelos castanhos e curtos em uma tentativa de controlar os fios rebeldes.

— Oh, sim. E você? — A situação era desconfortável. Realmente desconfortável. Harry não parecia minimamente afetado por nada e Louis tinha certeza de que se levantasse suas pernas iriam ceder. Ou seja, nada bom mesmo.

— Tudo ótimo. — Uma risadinha baixa escapou pelos lábios cheios do rapaz.

Louis se sentia constipado.

Faux (l.s)حيث تعيش القصص. اكتشف الآن