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"A essência do romance é a incerteza. "

Oscar Wilde.


Louis William Tomlinson sabia que sua avó era impiedosamente exagerada, mas aquilo era demais. Ter uma merda de uma fonte de champanhe em uma festa de aniversário era uma linha que não deveria ser ultrapassada.  Em especial se a fonte em questão possuísse estátuas de querubins seminus a decorando e também homens musculosos igualmente vestidos servindo a bebida em taças e sorrindo sedutoramente para os convidados.

— Meu bom, doce e amado Deus. — Ele piscou algumas vezes só para se certificar de que não estava sonhando. A sua avó, Daisy Clementine Tomlinson, parecia deleitada com a reação que arrancara, alisando o vestido justíssimo e decotadíssimo enquanto soltava risinhos.

— Não vamos fingir ser religiosos agora, meu filho.

— Por que não? Parece-me a perfeita oportunidade. — Harry Styles se enfiou na conversa e indicou os Adônis da fonte com o queixo. — Eu diria que está na hora de uma conversão ao cristianismo. — Pausou subitamente e então sorriu: — Aliás, feliz aniversário, Sra. Tomlinson.

Daisy gargalhou.

— E quem é esse adorável rapaz, Louis?

— O namorado. — Ele respondeu com um sorriso falsamente orgulhoso. A expressão de "olhe só meu incrível namorado" tinha sido praticada centenas de vezes mais cedo em preparo para essa ocasião. — Esse é Harry Styles, vovó. 

— É um prazer finalmente conhecê-lo, meu filho. — Ela lhe beijou em ambas bochechas com graciosidade. — Com todo o segredo que Louis estava fazendo, estava quase começando a suspeitar que era mentira.

— Não, não, eu sou bem real. — Ele passou o braço ao redor da cintura de Louis e o puxou para perto, fazendo o outro revirar os olhos. — Vou pegar champanhe, quer uma taça, querido?

— Não, divirta-se.

E assim Harry Styles assentiu e se distanciou.

— Ele parece ser incrível, meu filho. Tudo o que você precisa: divertido, confiante, extrovertido. Sem contar que ele poderia facilmente se misturar com os meus querubins.

— Vou fingir que você não chamou meu namorado de gostoso, vovó. — Ele balançou a cabeça para os lados, porém um sorriso apareceu em seus lábios. — Mudando de assunto antes que a situação piore, a mamãe está por aqui?

— Oh, meu filho, ela não te disse? — Daisy franziu a testa em uma mistura de surpresa e pena. — Ela está nas Bahamas com o novo namorado, não irá vir a festa. — Louis sentiu o lábio inferior tremer, porém assentiu. Sua avó se aproximou e apertou suas mãos. — Pensei que ela tivesse te avisado. Sinto muito.

— Está tudo bem, eu tenho você. — Ele a abraçou desajeitadamente. Aquela pequenina e extravagante mulher que havia o criado, que havia o protegido de pessoas preconceituosas e cruéis da família, que havia segurado sua mão no enterro de seu pai, que havia enxugado suas lágrimas. — Feliz aniversário, vovó. Se você quiser, te mando o Harry anexado ao seu presente.

— Obrigada, meu filho. — Ela se afastou e acariciou o rosto dele. — E, sim, eu adoraria. Ele ficaria lindo com o conversível que você me deu.

Louis riu e então se afastou dela, deixando-a conversar com os demais convidados igualmente chocados pela decoração conspícua vermelha e dourada e pelos pseudo-strippers.

Ele sentia os olhos de suas tias o seguindo, assim como os sussurros. Conseguia escutar os comentários maldosos sobre sua sexualidade, sobre sua aparência, sobre o abandono de sua mãe — tia Prudence ressaltou que se até mesmo sua genitora tinha o deixado, era óbvio que aquele rapaz também iria. Aquele rapaz, elas murmuravam entre si com outros membros da família, era bonito demais para Louis, bonito demais para ser gay. Tia Aubrey perguntava como é que veados são tão sortudos.

Faux (l.s)Where stories live. Discover now