Capítulo 2

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Enquanto isso César estava no altar esperando a mãe da noiva e tentando ao máximo parecer pertencer ao local. Não era fácil. Nunca se sentira tão estrangeiro na vida. Era uma pessoa urbana. Passara a vida toda em apartamentos nos Estados Unidos, agora estava ali em uma igrejinha no meio de Deus sabe onde.

Nessa hora ele observa sua Ex esposa saindo do banheiro com Maribel.

C: Olá Victoria (fala com sarcasmo).

Ela se vira e da de cara com o ex, Victoria não consegue disfarçar o nervosismos ao revelo.

V: César, o que você está fazendo aqui ?

C: Ora bolas é o casamento da minha filha ou você se esqueceu?

V: Nossa filha, e não eu não esqueci.

Respondendo já nervosa com aquela situação.

C: Então essa é a igreja que você escolheram?

V: Não estou para suas gracinhas hoje, agora se me der licença.

C: Espera, eu preciso falar com você.

V: Eu não tenho nada para lhe falar.

Victoria se vira e ele a pega pelo braço.

C: Por favor, me escute.

V: Seja breve, o casamento já vai começar.

C: Como vocês estão?

E: É sério? estamos ótimas! Era só isso ?

C: Não precisa ser estúpida.

V: Não estou sendo estúpida, agora me larga.

C: Seu pedido é uma ordem.

Victoria fulminou César com os olhos.

V: Pensei que você estava nos EUA, onde está morando?

C: Sim, eu moro em Boston precisamente.

E: Boston, hum interessante, onde fica isso? Nem achei no mapa.

Victoria falou sarcástica com a voz precariamente controlada.

C: Tente um desses atlas grandes dos quais você gosta tanto, talvez descubra.

Victoria queria mata-lo com as próprias mão, mais se controlou.

V: Há eu coloquei aquele nosso apartamento a venda, só pra você saber.

C: Há você não fez isso.

V: Claro que fiz.

C: Porque você é tão cabeça-dura? Raios Victoria você não pode vender o apartamento.

V: Posso fazer o que quiser, o apartamento é meu, foi parte do acordo quando nos divorciamos.

C: Mas já foi o nosso lar!

Cesar fala quase gritando, chamando atenção para eles.

V: Não se atreva a gritar comigo, e você disse muito bem, já foi o nosso lar, não é mais. É só um monte de quartos separados por paredes de tijolos, e eu odeio aquele apartamento.

C: Odeia? odeia o lar que construí com minhas próprias mãos?

V: Você construiu um prédio de vinte e quatro andares que por acaso, abriga o apartamento que foi nosso e com o qual você ganhou muito dinheiro. E se quer saber, sim, eu odeio aquele apartamento. Desprezo-o e mal posso esperar para me livrar dele.

Victoria pretendia vender o apartamento por que ela detestava as lembranças de que um dia foi casada com aquele homem que estava ali na sua frente. Os olhos de Victoria tão lindos estavam marejados novamente, ao passar pela sua cabeça os velhos tempos compartilhados com César.

C: Por que você esta chorando Victoria.

César fala e se aproxima mais de Victoria tentando colocar a mão no rosto da ex mulher, mais ela se afasta.

V: Não estou chorando, e a verdade é que isso tudo é sua culpa!

C: O que foi que fiz dessa vez?

V: Cínico!

C: Para de ser infantil Vitoria, me fale o que está acontecendo?

V: Você está apoiando o casamento da nossa filha ela só tem 18 anos, poxa César.

C: Se você parasse de se preocupar só com sua própria vida e pensasse na sua filha ela te escutaria e não se casaria, e eu não estaria aqui agora com essa roupa desconfortável, esperando para entregar nossa garotinha a um rapaz que mal sabe se barbear.

V: A sim claro pensar só em mim, é fácil para você falar, o paizão que vive do outro lado do mundo, você é ridículo sabia?

C: E você é uma histérica.

Victoria vira as costas para César tentando sair dali, mais infelizmente a tão esperada cerimonia iria começar.

Mariana estava linda, uma princesa de contos defadas. Nicolas estava bonito o bastante para provocar lágrimas nos poucos queainda não estavam emocionados. Embora os familiares do noivo, parados ao lado,parecessem muito controlados. César tinha a mesma expressão controlada, mantinha os olhos secos, enquanto Victoria estava a ponto de se debulhar em lágrimas.

V: Espero que ela saiba o que está fazendo.

Murmurou para si mesma, olhando para sua filha e escutando os dizeres do padre.

C: A culpa é sua, só sua querida.

Sussurrou César.

Victoria sentiu cada músculo do corpo enrijecer, era bem dele falar daquele jeito naquele exato momento. E culpá-la de quê? pelo fato da cerimônia não estar acontecendo em uma catedral? pelo fato de não haver espaço para convidar todos os clientes importantes e transformar o evento em uma oportunidade de negócios? ou por ele só pensar que Victoria não liga pra ninguém a não ser para ela mesma. Talvez ele achasse que o vestido de Mariana estava fora de moda, ou que o arranjo floral de autoria dela, era estranho demais. Nada a surpreendia. Para César, ela nunca fazia nada certo. Podia vê-lo com o canto do olho, parado a seu lado: ereto, alto e inequivocamente masculino.

M: Papai não fica um charme com roupa de gala?

Nesse momento tirando sua mãe dos seus devaneios, Mariana comenta entusiasmada, Victoria sentiu um músculo do rosto se contrair.

Para quem gostava de homens daquele tipo, supunha que ele estivesse mesmo charmoso. Mas ela não era adolescente e não ficava com o coração acelerado ao ver um homem atraente, bonito, com corpo de atleta. Houve um tempo em que se perturbava com isso, entretanto também houve um tempo em que apenas ficar perto dele, sentindo o braço forte roçando em seu ombro, em que o leve perfume masculino seria suficiente para, para.. Bang! Victoria sobressaltou-se, a porta dos fundos da igreja abriu-se. O padre fez uma pausa, e olhou para o fim do corredor, assim como todo mundo, incluindo Mariana e Nicolas. Enquanto Victoria soltava um suspiro aliviado.

V: É Gabriela, minha irmã, estou tão aliviada por ela ter chegado.

C: É típico da sua família fazer isso.

Resmungou com o canto da boca.

Victoria ruborizou de raiva.

C: Perdão? Você escutou?

V: Com certeza, seu, seu imbecil.

O padre pigarreou e retomou a cerimônia.

P: Se alguém aqui sabe de algum motivo que impeça a realização desse matrimônio, entre Nicolas e Mariana, que fale agora ou cale-se para sempre.

A igreja ficou em absoluto silencio.

P: Então meu jovem, pode beijar a noiva.

A cerimônia estava encerrada.

Você não me ensinou a te esquecer.Where stories live. Discover now