Capítulo 3

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A festa estava bombando, Mariana insistiu para que os pais sentassem juntos, na mesa principal ao seu lado.

M: Vai fazer isso por mim, não vai papai? Você não se importaria em ficar sentado ao lado da mamãe só por algumas horas, certo?

C: Tudo bem querida, hoje é seu dia e eu faço tudo o que minha garotinha pedir.

Ele estava falando sério, sentaria ao lado de Victoria pois antes de tudo era o casamento da sua filha e ele era um homem civilizado. Estavam divorciados a dez anos, as feridas já estavam cicatrizadas, com certeza ele seria capaz de sorrir e conversar com Vicky por algumas horas.

Mas a realidade era bem diferente. Não calculava como se sentiria excitado ao sentar-se ao lado de Victoria, ela estava mais linda do que nunca naquele vestido vermelho vinho. Seus cabelos negros como a noite emolduravam um rosto ainda sem marcas, com aquele narizinho rosado que ele sempre adorou. Ela fungava depois de todo aquele choro na igreja, claro que ele também sentira um nó na garganta, uma ou duas vezes. Na verdade, quando o padre começou a falar de amor para sempre, sentira vontade de abraçá-la e consolá-la, dizer-lhe que não estavam perdendo uma filha, mas sim ganhando um filho. Mas era mentira. Estavam perdendo uma filha e era tudo culpa de Victoria.

M: Vocês dois, sorriam!

Falou Mariana olhando para os dois sentados um ao lado do outro, obedeceram, embora o sorriso de Vicky fosse tão forçado quanto o dele.

M: Certo, vocês sabem como conversar amenidades com estranhos? Com certeza sabem, então formulem uma conversa entre vocês e fingem que se suportam, pelo menos hoje.

César olhou para Victoria e pigarreou.

C: Então, como está?

Victoria voltou o rosto e encarou-o.

V: Desculpa, você está falando comigo?

César estreitou os olhos. Com quem mais ele estaria falando? Com o garçom que se inclinava para servir-lhe champanhe? Mantenha-se calmo, reforçou, e abriu um sorriso.

C: Perguntei como está você?

V: Muito bem, obrigada. E você?

C: Muito bem, obrigado!

César forçou outro sorriso e aguardou que Victoria prolongasse a conversa. Como ela não se manifestou, teve que tentar mais uma vez.

C: Para dizer a verdade, não sei se Mariana comentou, mas estamos acertando um grande contrato.

V: Nós quem?

Falou em um tom que congelaria até um esquimó.

C: Bem, eu e a construtora, nós nos empenhamos muito nesse negócio.

V: Que ótimo!

César sentiu a pressão arterial escapar do controle, essa era a praga que recebia por tentar ser educado. Victoria não apenas tratava-o como um ser desprezível, como mantinha-se ereta, esticando o pescoço, olhando para todos, menos para ele. De repente, um sorriso verdadeiro surgiu no rosto dela.

V: Ei?

Chamando um desconhecido para ele e acenando. César viu o sujeito em uma mesa próxima, acenar de volta.

C: Quem é o imbecil?

César questionou, sem pensar. E Victoria nem olhou para ele, estava ocupada demais com o imbecil sorridente.

Era Omar um professor de inglês e um grande amigo de Vicky. Victoria levantou-se da mesa e foi driblando os demais convidados até chegar onde ele estava. Alto e magro, Omar estava de azul com uma gravata Borboleta. César achou-o sem graça como um cadáver.

Você não me ensinou a te esquecer.Where stories live. Discover now