A CORTE DAS CORUJAS

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Um homem havia entrado no quarto.  Sem nenhuma arma, os únicos dois ali armados estavam de joelhos.  "A presença desse cara é tão assustadora quanto... esperar a nota de uma prova que você sabe que foi mal" pensava Apollo.  O homem soltava uma breve risada do último comentário de Apollo - uma gargalhada suficientemente assustadora para arremessar calafrios na espinha do artista.

   — De onde vem meu dinheiro, senhor Marshall?...  É uma ótima pergunta na verdade.  Eu não havia me perguntado isso faz um bom tempo...  Não que a resposta tenha mudado.  

   — Aparentemente, você tira o seu dinheiro de eventos de cosplay?... Se você tem tanto dinheiro assim, poderia ter feito uma máscara de coruja melhor.

   
Caos.  Eu lucro do caos.  – O homem caminhava até uma mesa, ainda mascarado, sua presença não se resumia apenas ao medo inspirado.  Era também uma elegância escura - sua postura, a serenidade em sua voz, a confiança.  Era como uma viela vazia e escura de noite - silenciosa, mas é possível sentir seu perigo.  — De todo o tipo.  Sabe, essa é uma das belezas do caos.  A sua diversidade.  Guerras bélicas, conflitos civis ou até mesmo disputas da mídia contra o governo.  Está em todo lugar.  Mas você... você é um algo como um Arauto da Paz.

   — ... Eu não sei o que é um Arauto.

   
Um arauto era um tipo de emissário, um tipo de porta-voz do rei.  Ele declarava paz ou guerra.  Você conquistou bastante coisa, eu tenho que admitir.  Todas as premiações, as honrarias e tudo mais.  O suficiente para se tornar um problema pra mim.  Esse conflito das 6 tribos foi o estopim pra mim.  Percebi que era a hora de parar de te ignorar.

   
Quase dormi no meio do seu discursinho.

   — Você gosta de poesia, não gosta?... Aqui vai um para você; 

  "Eis a corte das corujas,

sempre a observar, governando Gotham de um parlamento sombrio, atrás de pedra e mar.  Eles veem seu coração, eles veem você deitar, não fale deles nem em sussurros, ou uma garra sua cabeça irá tirar."  

   — Eu cresci em Los Angeles, mas meus pais são de Gotham.  A corte das corujas não é nada além de uma lenda.

   — Isso parece uma lenda pra você?  

   — Tsc. E o que rola agora? E cadê as pessoas que estavam comigo?

   
Eu não mantenho coisas que não tem valor pra mim.  Eles foram liberados alguns minutos atrás, não completamente inteiros, é claro, mas ainda sim, livres.  E sobre o que acontece agora, nós solicitamos um valor de 15 bilhões de dólares pela sua vida para o governo dos Estados Unidos.  Numa época de tantos vigilantes e violência, você é um tesouro nacional para eles. 

   
Eles nunca vão dar 15 bilhões para um terrorista como você.  Pare de sonhar acordado.

   
Não vão? Hah, que engraçado.  Eles já pagaram, senhor Marshall. 

   — ...ENTÃO POR QUÊ DIABOS EU AINDA ESTOU AQUI?

   
—  Oh, você achou que nós realmente iriamos te liberar?... Não, não, senhor Marshall.  Isso é o que você entendeu errado.  Eu não sou um terrorista, não, eu sou um mentiroso.  Eu só quis passar aqui pra ver a última expressão de pânico de alguém que almejou muito e perdeu tudo.  Você voou perto demais do sol e acabou se queimando.  Assim que eu acabar com você, meus homens te levarão para um penhasco e te jogarão de lá.  E em alguns meses, ninguém mais se lembrará da mensagem que você tanto pregou.

A respiração ofegante.  O batimento cardíaco absurdamente acelerado.  A relutância com as mãos algemadas na cadeira.  O gaguejar na fala.  Apollo nunca havia estado tão nervoso assim.  Era o fim mesmo?  Seu senso de humor havia sido desintegrado pela falta de esperança de sair por cima daquela situação.  A única coisa que restava era seu idealismo firme.

 — Você acha que vai parar com a minha morte?... É tarde demais, as pessoas já conhecem a paz.  Me matar só vai me transformar em um mártir!  Muitos virão depois de mim!

 — E eu matarei todos eles.  Está na hora, deem um fim a este emissário fracassado.

Os guardas se aproximavam dele enquanto Apollo desferia as últimas palavras antes de ter sua fala impedida por um pano.  Seguravam-o, ainda algemado, e levavam o para fora da casa.  Sua cabeça era mantida para baixo, então ele só podia ver seus joelhos sangrantes sendo arrastados no chão quente, do sol mormaço de um dia tão quente como aquele.  Lágrimas de choro caiam.  Lágrimas de sangue caiam.  A desesperança e a dor se entrelaçavam em um último ato, se colocando em frente ao penhasco.  E dali, era jogado.  Sua vida inteira passava diante dos seus olhos.  Cada segundo.  Cada momento.  Cada vitória.  E esta derrota.  O único pensamento em sua mente era uma simples palavra trissilábica;
  

"ACABOU."


// A  ARTE  E  A  GUERRA //Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ